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Renata Brosina é jornalista, host de podcast e editora de moda com foco em luxo e sustentabilidade. Com 15 anos de carreira e alguns títulos internacionais no currículo, ela é curiosa, gosta de entrevistar e vestir pessoas, e analisar as transformações que vêm acontecendo no mercado.
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Será o Brazilcore uma tendência?

Nascida no Tik Tok , a ode às cores da bandeira do Brasil se espalhou rapidamente pela rede social. É o suficiente para ganhar relevância na moda?

Por Renata Brosina
17 out 2022, 08h00

Há alguns meses estava conversando com uma amiga, por longas horas, sobre o tal “Brazilcore”, um movimento estético que estourou no Tik Tok. A nossa discussão era basicamente: é tendência ou não? Antes mesmo de chegar à resposta final, é importante trazer algumas informações sobre o que é tendência de moda e o que é, de fato, uma viralização, que costuma ser local.

Afinal, o nascimento de uma tendência off internet costuma derivar de uma macrotendência relacionada, basicamente, a fatores fora da moda. Uma guerra, por exemplo, pode reacender elementos utilitários, shapes mais estruturados, alguns sugerindo armaduras e até tonalidades sóbrias/terrosas, com direito a estampas camufladas.

Na temporada de inverno 2022 da Balenciaga, Demna Gvasalia criou uma coleção e uma cenografia que refletiam os conflitos que aconteciam entre Ucrânia e Rússia. Por isso, é preciso saber separar o que é considerado tendência de moda do que nasce em redes sociais, principalmente, no Tik Tok, que é conhecido por armazenar conteúdos de fast trends que nascem em um dia e cansam logo em seguida.

No caso da Brazilcore, além das cores, há a presença da camiseta da seleção brasileira de futebol como elemento de destaque e presente na maioria das marcações. Neste caso, entendendo o movimento político e tais manifestações dos grupos de direita que vêm acontecendo, é simbólico compreender que trata-se de um ponto de vista nacional e local, mas não internacional. “Ah, mas a tendência não pode nascer no Brasil?”.

Pode, dependendo da relevância que isso pode ter mundo afora. Ainda mais, considerando que, nos últimos tempos, existem alguns fatores que podem, talvez, justificar aparições deste fenômeno. O primeiro deles é a forma como Anitta tem alavancado sua carreira fora do país e se tornou um grande ícone pop. Ela, que anda lado a lado com a moda e se comporta como consumidora ávida de looks fashion, vestiu um verde e amarelo, com direito a recortes, no seu show no Coachella em abril deste ano. A cantora é conhecida por valorizar seu país e mostrar ao mundo a alegria e ousadia genuína made in Brazil.

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Em Milão, na Itália, modelo desfila para Bottega Veneta: cores seriam coincidência?
Em Milão, na Itália, modelo desfila para Bottega Veneta: cores seriam coincidência? (Victor VIRGILE/Gamma-Rapho via Getty Images/Getty Images)

Ainda neste caminho da música, existe, e sempre existirá, uma nostalgia do Brasil dos anos 1960 e 1970, que remete muito ao clima carioca, à bossa nova e à tropicália – a última é altamente atraente em solo europeu. E, essa ode ao passado brasileiro, traz muito sobre a sensualidade despretensiosa e refrescante do território nacional. E essa leveza da cartela de cores composta pela bandeira brasileiro, com aspecto retrô, em tons lavados foi vista em alguns visuais, mas não sustenta uma tendência.

Em Paris, desfile da Miu Miu: verde e amarelo em tons mais lavados
Em Paris, desfile da Miu Miu: verde e amarelo em tons mais lavados (Victor VIRGILE/Gamma-Rapho via Getty Images/Getty Images)

A combinação “verde e amarela” que conquistou a rede social vizinha do Instagram não é uma exclusividade brasileira, assim como o vermelho, azul e branco não é uma menção à bandeira francesa ou norte-americana. Coincidência ou não, algumas passarelas internacionais trouxeram as cores em suas coleções, como nas passarelas da Miu Miu e Bottega Veneta, sem relação direta, mas indicando formas de usar. Assim como no Tik Tok, que é composto na maioria das postagens, mostrando maneiras de trazer a combinação para visuais casuais. O famoso tutorial. Até aí, nada de novo.

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Fora da internet, como comentei acima, as ruas trazem a camiseta da seleção brasileira de futebol como reflexo de movimento político, com uma simbologia que exclui parte da população insatisfeita com posições dos partidos que capturaram a peça esportiva como elemento ultranacionalista. Por sua vez, como sabemos, a moda é uma forma de expressão política e os acontecimentos também influenciam a vestimenta, mas, neste caso, o que acontece no Brasil não é nada carismático.

Desfile da Misci na Sao Paulo Fashion; Matria Livre no boné
Desfile da Misci na Sao Paulo Fashion; Matria Brasil no boné (Gamma-Rapho via Getty Images/Getty Images)

Na sua mais recente apresentação no SPFW, Airon Martin, da marca Misci, desfilou um boné com o escrito “Mátria Brasil” na faixa branca da bandeira onde estão registradas as palavras “Ordem e Progresso”. Após o final das eleições para presidência, entendermos exatamente o que acontecerá com a camiseta da Confederação Brasileira de Futebol e se ela voltará a ser tão celebrada na Copa do Qatar em novembro deste ano.

E há muito chão pela frente para o Brazilcore se consolidar. Afinal, mais uma vez é preciso lembrar que “quantidade não significa qualidade” e, mesmo com tantos brasileiros adeptos ao Tik Tok e investindo na criação de conteúdos marcando o termo na hashtag, não é o suficiente para sinalizar um boom de influências do Brasil na moda. Após a Copa do Qatar, e se a seleção brasileira ganhar, quem sabe.

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