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Renata Brosina é jornalista, host de podcast e editora de moda com foco em luxo e sustentabilidade. Com 15 anos de carreira e alguns títulos internacionais no currículo, ela é curiosa, gosta de entrevistar e vestir pessoas, e analisar as transformações que vêm acontecendo no mercado.
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Semana de Moda de Nova York: atemporal, simples e minimalista?

Seguindo um movimento já iniciado na temporada masculina de Inverno 2023, os desfiles de NY focam em um guarda-roupa elegante e com menos prazo de validade

Por Renata Brosina
Atualizado em 22 fev 2023, 21h07 - Publicado em 22 fev 2023, 21h06

Quando a Semana de Moda de Nova York acabou, fiquei com a sensação de, talvez, ser a época certa de Raf Simons estar na Calvin Klein 205W39NYC (nova identidade dada por ele à Calvin Klein). Na época em que esteve na marca, parecia um casamento que não dava muito certo, não por parte de Simons, mas pela exigência de adequar seu estilo minimalista e simples dentro de um cenário ultra comercial.

Fato é que, para o Inverno 2023, surpreendentemente, a capital da moda norte-americana parece ter optado por seguir este ritmo, da simplicidade elegante. Mesmo que ainda com foco absoluto nas vendas, há nomes que entenderam a bola cantada na mais recente temporada masculina, que aconteceu no mês de janeiro, e dava foco para a alfaiataria, a construção impecável e a cartela neutra, com variações que se limitavam, muitas vezes, aos terrosos.

Esperar a temporada de Londres começar para falar sobre Nova York foi uma das decisões que tive para entender se este movimento era tão esperado, mas a simplicidade teve uma forte experimentação entre as marcas norte-americanas – os britânicos parecem não ter dado tanta bola – preferiram trabalhar o lado mais obscuro.

Ainda que os Estados Unidos não tenha as heranças do artesanato que são celebrados na Itália e na França, alguns diretores criativos abraçaram a ideia de chamar menos a atenção para enfeites e destacar a peça em si. A começar por Gabriela Hearst. Na sua marca homônima (vale lembrar que ela também comanda a Chloé), a forma como ela trabalha o visual limpo, com linhas simples e sofisticadas é o que reforça a atemporalidade desta temporada.

Se seus clássicos vestidos de comprimento mídi, com mangas longas e decote careca já criam uma proposta discreta, pense que, agora, ela trouxe há uma série de conjuntos de alfaiataria, alguns neutros, outros vibrantes, que ainda poderiam ser acompanhados de outras peças na mesma cor – na versão amarela, a blusa turtle neck ainda vem com certa transparência.

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Já entre as grifes que surpreenderam na decisão de retirar os excessos (assim como foi a Dolce & Gabbana durante o Inverno 2023 masculino), Brandon Maxwell deixou os paetês, o metalizado e a cartela açucarada para a estação de Verão passada. Desta vez, ele arquitetou uma construção de guarda-roupa clássico, com itens sem data de validade – indo contra ao movimento de tendências que morrem a cada seis meses.

Por isso, a composição de visuais em preto, branco, cinza e nas diversas tonalidades de terrosos. Para não dizer que a cartela era limitada, ele trouxe um full look verde e um shorts jeans. Proenza Schouler e Michael Kors também fizeram parte da turma que prefere dar vida longa às peças na vida da sua cliente.

Além dos poucos pontos de vibração por conta das cores, há a preocupação em apresentar uma alfaiataria atraente, que mistura silhueta ampla e detalhes que dão certa sensualidade – seja pelos decotes ou pela marcação da cintura.

Por último e não menos importante, Tory Burch também fez suas contribuições à atemporalidade, simples e elegante nova iorquina. Em uma espécie de desafio sobre o conceito de perfeição feminina, a estilista preferiu prender sua saia de lã plissada com um alfinete de segurança ou manter suas bolsas abertas com um dos Ts, do seu logo, caído.

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Além da desconstrução da mulher engomadinha, a coleção parece um conjunto de itens essenciais, em formatos não tão óbvios, e que fogem da predominância de cores neutras. Tem preto, branco e cinza, mas a simplicidade de Tory vem em vermelho, azul e verde também.

O que há de tão especial em comprovar uma ideia de simplicidade e atemporalidade em um mercado loucamente comercial? A resposta é simples. Em meio a tanta informação e excessos, lembrar que a moda, principalmente de luxo, é construída a partir de pilares que envolvem o respeito por técnicas que atravessam gerações e materiais que, pela sua pura natureza, seriam duráveis e poderiam atravessar décadas.

Mas, por tempos, o sistema efêmero, que garante a vida curta de um produto em prol de uma nova tendência, fez com que pequenos valores ficassem perdidos. E é interessante ver que, até em um mercado que mira maioritariamente em vendas, a mensagem chegou. Se a surpresa já foi grande nesta mudança acontecer em uma capital com tanto peso maximalista, como Milão durante a Semana de Moda Masculina, imagina o que isso pode representar em Nova York?

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