Entenda por que suas resoluções de Ano Novo sempre se repetem
O ‘x’ da questão é que a gente sempre quer fazer mudanças radicais e imediatas. De uma vez!
Elas começam a rondar nossos pensamentos e aparecer nas conversas com as amigas ali pela metade do mês de dezembro.
– Ano que vem aprendo a falar inglês!
– Ah, menina… Pois eu vou emagrecer. Vou fazer exercícios três vezes por semana e mudar de vez a alimentação.
– Eu vou passar mais tempo de qualidade com meus filhos.
– E eu vou sair pra dançar to-do mês
Tudo combinado.
Aí chega janeiro e a gente pisa no acelerador! Uma vai a academia todos os dias. Passa fome. A amiga do inglês baixa todos os apps para aprender idiomas e vai atrás de métodos de aprendizado com hipnose e outras esquisitices. A mãe executiva compra as obras completas de todos os autores que já escreveram sobre educação de crianças.
PARECE QUE VAI…. SÓ QUE NÃO….
E em fevereiro….. Bom, em fevereiro, ninguém mais aguenta viver de alface ou suco verde. Faltou memória no celular, tempo no dia e adeus apps de idiomas. E os livros trocaram a prateleira da livraria pela da sala de casa e vida que segue.
Você já viu (ou viveu) esse filme, certo? E sabe bem que antes de março chegar as tais resoluções já estão no esquecimento. Saem da gaveta novamente em dezembro para mais uma rodada de “agora vai”. As mes-mas resoluções. Por quê?
Qual é a razão que faz a maior parte das pessoas viver num ciclo de muita repetição e pouca realização quando o assunto é compromisso consigo mesma? Parto de estudo, da observação e conversas com milhares e milhares de mulheres, com quem trabalho na Escola de Você, para sugerir uma resposta.
O PROBLEMA
O ‘x’ da questão é que a gente sempre quer fazer mudanças radicais e imediatas. De uma vez! Emagrecer 5 quilos este mês. Aprender a-go-ra o que foi deixado pra lá ao longo das últimas décadas.
Não funcionou no ano passado e nunca vai funcionar de novo. Sabe por quê? Porque o corpo não está preparado. A mente não está preparada. Assim, no susto, a frustração é certa. As repetidas resoluções a cada início de ano comprovam: a estratégia de forçar o motor e encarar transformações na lógica do “tudo ou nada” simplesmente não se sustenta.
A SAÍDA
“Ok, moça da coluna nova. Faço o quê, então?” A sugestão é observar para entrar em sintonia com a lógica da natureza. Uma semente plantada agora vai dar frutos imediatamente? Claro que não. Mal brotou da terra um fio de vida em um mês! A gente esquece, mas gente é natureza também. Temos nossas estações, nos ciclos. Por isso, entrar na dinâmica do melhoramento contínuo, um passo por vez, com constância, aumenta muito nossas chances de êxito.
MÃO NA MASSA
Como aplicar essa lógica para que suas resoluções se tornem resultados? A primeira mudança deve acontecer na cabeça da gente. Vamos sair desse modo de operação “mágico”? Sempre de olho em algo mirabolante que resolve sem esforço? Está na lógica da natureza, o esforço é parte do caminho. Não dá para dar uma “roubadinha”.
Portanto, fracione suas metas. A alegria de ter alcançado uma meta dá ânimo para encarar o próximo desafio. Em vez de passar fome e pagar a anuidade na academia da moda, experimente reduzir o volume de sobremesa na primeira semana e incluir uma caminhada de 10 minutos no seu quarteirão. Na próxima você aumenta a meta. O ponto é ir ganhando a confiança de que você consegue sim. Você vai ganhando impulso, se construindo num novo modelo.
TRAÇADO DO HÁBITO
Imagine que cada comportamento passa por um traçado, por um caminho dentro do seu cérebro. Seja para comer além da conta ou comprar um monte de livros que jamais lerá, seus neurônios estão repetindo um modo conhecido de interação uns com os outros. A rota tá pronta. Já para estabelecer um novo hábito, é preciso abrir novos caminhos e se acostumar com eles. Leva tempo.
Por isso, cara leitora, mais vale dar adeus a 500 gramas de gordura por mês, do que 5 quilos de água e músculo que, no rebote, voltam. Mais vale ler um artigo na internet sobre o assunto e, se gostar mesmo, comprar um livro, do que fazer o arrastão nas prateleiras pra nada.
Por favor, trate sua mente e seu corpo com carinho. Dê aos seus novos hábitos o tempo e a constância necessários para florescerem. Meu desejo é que cada ano novo seja razão de celebrar a paz com quem você realmente é. Mais próxima da sua natureza, menos preocupada com o que esperam de você. Conte com “Mentoria para o Dia a Dia” na sua jornada!
Ah! E se você quiser se aprofundar no assunto desta coluna, uma dica de leitura é “O Poder do Hábito”, de Charles Duhigg.
E você? Indica um livro sobre o assunto? Pode contribuir com esta discussão? Use os comentários para participar da coluna. Acredito com toda minha alma que a sororidade (aliança entre mulheres) e a mentoria (decisão de compartilhar o que se aprende e se colocar ao dispor da outra) são forças transformadoras e ao alcance de todas nós.
A cada semana, sempre às segundas-feiras, a gente se encontra aqui para compartilhar experiências e crescer juntas.