Pinguça velha
Acostumados a um uisquinho no fim do dia ou a uma taça de vinho na cena social, essa birita dobrou de tamanho dentro de casa
Há uma inibição, ou melhor, um silêncio, quando o tema é alcoolismo entre os maduros. Para os jovens, muitas campanhas associadas ao consumo desenfreado de bebidas alcóolicas, gatilho natural para o uso de drogas, são veiculadas na mídia. Para os 50+, quase nenhuma.
Estima-se que na pandemia o nível etílico entre os mais velhos subiu demais. Acostumados a um uisquinho no fim do dia ou a uma taça de vinho na cena social, essa birita dobrou de tamanho dentro de casa. Melancolia, medo, saúde mental escangalhada, as borbulhas lotaram os copos dos mais velhos. E o que é pior, neste retorno ao novo normal, elas continuam potentes.
Os balzacos quase nunca são repreendidos. Imagina-se que tenham atingido os 10 mil pés da sabedoria humana e o controle de taças, flutes, copos, doses, shots, inexiste. Na família tem um bordão “ah, deixa ele tomar sua dosezinha”; com os amigos a vibe é “um copo a mais não fará mal” e, sozinhos em bares, frente a frente com o bartender, aí ninguém segura esse bebum.
Mulheres maduras também viraram a mesa e, afogando suas mágoas, perdas, faltas, elas encheram bem suas taças. O dano já foi feito. O perigo já está instalado. Ao ler essa coluna faça a sua mea culpa. Você está entornando bem? Tá sacando seus pares jacando no gin? Fiquem atentos. O álcool piora tudo. Labirintite, depressão, engorda, brocha, gera enxaqueca e ativa mil doenças.
Se já estamos baqueados de outras mazelas, pra que piorar com os aguardentes da vida? Foco no copo e olho na saúde. Se beber, não ultrapasse a dose de sensatez. Vai por mim.