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Kika Gama Lobo

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Focada na maturidade como plataforma pessoal, a jornalista Kika Gama Lobo escreve sobre as sensações e barreiras que as mulheres 50+ vivenciam
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Larica, mas de viver!

Se alguém tiver que me comer, que seja eu mesma - e com muita fome

Por Kika Gama Lobo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
31 jan 2024, 11h30
tempo
Comecei a refletir sobre como tenho usado o meu tempo.  (Who’s Denilo ?/Unsplash)
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“E por falar em sexo, quem anda me comendo é o tempo”. Frase das melhores, atribuída à filósofa e palestrante Viviane Mosé. Latejou feito mantra na minha cabeça. Zero conotação sexual, mas sim o Pac Man da ampulheta, o tempo, ele, mestre de todas as vidas. Quanto ainda terei de sobra? Estou honrando o meu dia a dia? As horas estão sendo bem consumidas?

Faço uma reflexão noturna sobre como foi a minha jornada. E são tantas as perguntas… E eu, que já gosto de um inventário das emoções, fico meio apatetada com a forma de consumi-las. Está valendo? Estou dando pleno gás aos meus desejos? Estou correndo atrás dos meus quereres? Ou apenas abro os olhos, respiro, transpiro, inspiro e durmo?

Com quase sessenta anos, estou nessa de mitigar minhas falhas. Não dou brecha para qualquer deslize. E é claro que isso me gera um certo incômodo. Parece Olimpíadas do porvir. E deixo de lado a minha capacidade de fazer direito, de sentir direito, de viver da forma mais naturalmente gostosa.

Me deu uma certa pressa para usar o tempo de maneira assertiva. E peco. Pelo excesso de zelo por algo que deveria vir fácil. E, o pior! Como tenho vontade de marcar a data da minha entrada como sexagenária, vivo ainda mais aflita. Bahia, Marrocos, festa? Será que terei aqué e permissão para organizar e vivenciar tudo isso?

Também me impressionei assistindo ao Netflix sobre a vida da JLo [Jennifer Lopez], artista porto-riquenha que fez fortuna na América atrás de seu sonho pessoal. Fez de um tudo para atingir o seu Olimpo como cantora, dançarina e atriz.

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E eu? Estou fazendo o que? Vida banal diante dos meus sonhos de outrora. Suavizei o rosa na pintura da minha existência, e de fúcsia virou quase bege. Não sou mais a heroína do meu futuro. Virei uma aposentada classe média tacanha.

Cadê a Anitta que morava em mim? Sei lá, mas prometo ter mais garra e mais coragem. Se alguém tiver que me comer, que seja eu mesma – e com muita fome. Fome de viver. 

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