A gente se prepara, sobretudo quando a pessoa já está doente, mas mesmo assim é um laço cortado. Essas teias de amizade que sustentam nossas melhores memórias são como um suporte ao longo da vida.
Aquela pessoa viu tudo seu. Estava lá quando você deu o primeiro beijo, o emprego conquistado, o rolo que deu errado, a primeira gravidez, a segunda, seu apogeu e sua derrota. Falou mil vezes com você pelo telefone, te abraçou, chorou contigo e sobretudo te amou. A maneira dela, mas te amou.
E você, nessa régua do tempo, observou também aquela trajetória. E dói porque muitas vezes a sua amiga tomou um outro caminho. O do isolamento, da autopunição, da falta de comunicação. Eu tentei.
Quem me conhece sabe que sou gregária, gosto de gente e, mesmo tendo o desdém momentâneo de quem eu gosto, eu volto. Volto a procurar, apago ressentimentos, anulo críticas, sou de perdões. E com ela sempre foi assim. Entreguei o meu bem maior para também lhe pertencer: a minha filha para ser sua afilhada.
Teríamos assim uma função conjunta de mãe e madrinha. Ela seria minha pra sempre nesse arranjo parental por afinidade. E funcionou! Ainda que com soluços. Fomos próximas a vida toda, mesmo ela tendo decidido se mudar para longe, amar mais os bichos do que aos humanos, engordar toneladas para preencher algum vazio existencial.
Não foi bonito de assistir. Era bomba relógio na certa. Mas com aquele traquejo próprio das famílias nordestinas, aquela fleuma de quem cresceu no jet-setter carioca, aquela naturalidade de quem carrega um sobrenome importante, ela viveu simples.
Podia ter sido gigante não na silhueta, mas na vida. Porém, na falta dela, vejo o imenso vazio que deixará naqueles que a conheceram. Aquele sorriso, aquelas mãos que falavam; o jeitinho sestrosa, a sinceridade dilacerante, as festas inesquecíveis. Alexa, faz contato quando der.