O que será do amanhã?
Na edição de julho, CLAUDIA reflete sobre o ano de 2020 e como ele será visto no futuro. Um ano perdido ou um ano de pausas e recomeços?
Um dia acordamos e nos assustamos. Já era 1o de julho. Em anos bissextos, como este que vivemos, significa ter cruzado o último dia da metade do ano, faltando rigorosamente o mesmo número de dias para ele chegar ao fim. As redes sociais foram logo inundadas por memes, sempre capazes de nos fazer abrir um sorriso ao amalgamar, em uma imagem e poucas palavras, reflexões complexas.
O ano que marca a chegada da mitológica e tão sonhada Era de Aquário, com seus valores de compartilhamento e coletividade, é histórico. Somos a geração que o atravessa, todos juntos, em fractais, mas que lembrará dele com sentimentos distintos. Para alguns, o tempo se arrasta, pois estão aprisionados na rotina dos confinamentos, enquanto outros não entendem como dias tão iguais podem ter corrido com tamanha velocidade. Para muitos, paira a sensação de imobilidade diante do caos, de suspensão do tempo ou de interrupção, uma grande pausa. Para outros, pulsa o sentimento de ruptura e avanço, de quebra de paradigmas, de início de novos ciclos e novas vidas.
A pandemia expôs de maneira brutal o modo como existimos. Nosso desejo nesta edição é refletir como chegamos até aqui, a este caldeirão de fatos distópicos, e o que levaremos para o futuro.
Quem estuda o tempo afirma que um dos seus conceitos, para muitas culturas antigas e filosofias ancestrais, é ser compreendido como a medida da mudança. Seria a forma como a gente mede, percebe e sente o que está se alterando ao nosso redor. Como diz a neurocientista Claudia Santana-Feitosa, entrevistada na reportagem sobre nossas responsabilidades individuais, a chave está na maneira como escolhemos olhar para este tempo. Somos nós que vamos determinar como ele será incrustado em nossas lembranças.
Que a leitura da CLAUDIA de julho ajude você, de alguma forma, a entender e construir a sua memória de 2020.
Um grande abraço, daqueles que a pandemia nos roubou, mas que um dia vamos recuperar,
Guta Nascimento (@gutanascimento)
Conversando sobre notícias ruins com as crianças