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Flavia Viana

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Bailarina e jornalista, ou jornalista e bailarina. Tanto faz. A coluna fala sobre métodos, histórias, entrevista pessoas, mostra tendências, espetáculos, entre outros assuntos relacionados, mas colocando em tudo isso o mais importante: seu grande amor pela dança

Ana Botafogo e Lars Van abrem temporada com remontagens de grandes balés

A São Paulo Companhia de Dança dá início às apresentações nesta quinta-feira (17). Saiba como assistir

Por Flavia Viana
Atualizado em 17 jun 2021, 21h58 - Publicado em 17 jun 2021, 19h11
cia da dança
 (Nanah D'Luize/Divulgação)
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Ao longo de duas semanas, a temporada Tempo de Travessia, da São Paulo Companhia de Dança, será apresentada no Teatro Sérgio Cardoso. Serão quatro obras, sendo que duas delas são inéditas em programas que revelam novos acentos para grandes balés clássicos de repertório e destacam também a inventividade da dança contemporânea brasileira.

“Minha reação ao receber este belo convite da Inês foi de total alegria, porque tudo o que precisávamos nesse momento era ter o contato com bailarinos profissionais. Fazer uma remontagem criando uma concepção para a São Paulo Companhia de Dança foi uma surpresa”, explica a bailarina Ana Botafogo sobre a missão de assumir as remontagens.

SPCD
(Nanah D'Luize/Reprodução)

Entre os dias 17 e 20 de junho, o público poderá conferir a estreia de Les Sylphides (Chopiniana) com remontagem assinada por Ana, além de Só Tinha de Ser com Você, de Henrique Rodovallho. Entre 24 e 27, teremos a estreia de outro clássico, Giselle – Ato II, com remontagem de Lars Van Cauwenbergh, acompanhado de Agora, de Cassi Abranches.

“Foi desafiador trabalhar com a tecnologia para superar o trabalho à distância, já que é tudo novo para a gente, mas eu acho que conseguimos. Eu acredito que seja um pouquinho do que teremos no futuro. Dancei muitas vezes Giselle em minha vida e acho que, nos últimos 15 ou 20 anos, tudo mudou”, afirma Lars, que considera que a velocidade da tecnologia não tirou essência do balé, mas sim agregou com novas dinâmicas.

“Na minha versão de Giselle – Ato II, temos o cenário com imagens de florestas brasileiras – com Cássio Vasconcellos, Jean Baptiste Debret, Charles Othon Frederic Jean-Baptiste de Clarac e Friedrich Philipp von Martius – um corpo de baile brasileiro que está trabalhando com muito empenho e dedicação. Temos agora uma Giselle com uma nova visão”, ilustra Lars.

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SPCD
(Nanah D'Luize/Reprodução)

Em tempos de pandemia

Estamos em época de pandemia e, de acordo com as diretrizes governamentais de enfrentamento à Covid-19, os espetáculos terão duração aproximada de 1 hora, sem intervalo e com público presencial reduzido.

“Vivemos um tempo desafiador que nos solicita flexibilidade, adaptabilidade e energia positiva para continuarmos engajados nos nossos propósitos de vivenciar intensamente a arte da dança com o mais diverso público. É um aprendizado constante que tem sido possível pelo engajamento de toda a equipe”, garante Inês Bogéa, diretora da SPCD.

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(Nanah D'Luize/Reprodução)
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“Não há como renunciar a experiência da troca, das fragilidades e das potencialidades deste momento. Descobrimos juntos as possibilidades e procuramos encontrar soluções diante das dificuldades. Trabalhamos de maneira coletiva, seja à distância seja presencialmente, e assim encontramos novos modos para expressar nossa arte. Os processos criativos também ocorrem neste modelo híbrido, ou seja, parte no virtual, parte no presencial. Cada dia aprendemos mais as ferramentas que podem nos auxiliar neste processo”, explica a diretora.

Uma nova inspiração

A inspiração para a temporada 2021 partiu do poema Tempo da Travessia, do escritor Fernando de Andrade, falecido em 2008.“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.

Para a diretora da Cia Inês Bogéa, essas palavras espelham o momento atual da SPDC. “A Temporada 2021 reflete justamente esse movimento de resistência da dança”, desabafa.

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(Nanah D'Luize/Reprodução)
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Sobre a oportunidade de trabalhar com obras clássicas como Le Sylphides, uma das bailarinas mais conhecidas do país divide essa emoção e desafio. “Tínhamos sim outros planos, de criações inéditas, mas não falamos sobre remontagem de um clássico. Foi um desafio porque eu nunca tinha feito uma remontagem antes, foi a primeira vez que estudei e relembrei a montagem para remontar para a São Paulo Cia. Está sendo uma emoção poder trabalhar com uma obra clássica tão icônica do início do século 20”, explica Ana Botafogo.

A Companhia desde a sua criação está acostumada a se apresentar para “casa cheia”, de forma presencial e recebendo os aplausos calorosos e incentivadores do público. Devido ao momento isso não tem acontecido com nenhuma frequência. Inclusive, após quase um ano, a Cia retornou em dezembro de 2020 aos palcos, porém no mesmo formato dessa nova estreia devido à Covid-19.

“Sim, a presença do público no teatro é como um grande abraço, pois dividimos o mesmo espaço, sentimos a emoção e a energia de todos mais perto. O público que está online também é fundamental neste momento, pois ampliamos os encontros com pessoas das mais diversas partes do mundo e essa conexão humana faz parte do nosso tempo. Dançar é viver, nos sentimos em casa nos mais diversos palcos, encontrando de maneira presencial ou virtual o nosso querido público”, incentiva Inês.

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(Nanah D'Luize/Reprodução)
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As oito apresentações também contarão com transmissão simultânea ao vivo e gratuita pelo canal da SPCD no YouTube e pela plataforma Cultura em Casa. A partir desta quinta-feira (17), a SPCD pisa novamente no palco do Teatro Sérgio Cardoso com o objetivo de encantar sua plateia presencial (mesmo que limitada) e virtual (do mundo todo), levando a arte da dança com a emoção de remontagens tão importantes e significativas dançadas em todo o mundo assinadas por profissionais da dança tão importantes do nosso país.

“A partir desses clássicos, podemos sentir a potência da presença feminina no palco, revelando as individualidades e, ao mesmo tempo, a força do coletivo. Eles evocam uma imagem de um mundo no qual vários sentimentos contrastantes estão presentes e onde a leveza remete também à nossa finitude. Já as danças contemporâneas desta temporada revelam linguagens específicas de cada um dos criadores e se conectam entre si a partir da capacidade de transmutação dos gestos singulares de cada um. Neste Tempo da Travessia, queremos o público ao nosso lado para juntos celebrarmos a vida e a arte”, finaliza Inês Bogéa.

Para garantir seu ingresso para apresentações presenciais ou garantir seu lugar na transmissão ao vivo, clique aqui.

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