Como cuidar das emoções de crianças e adolescentes
Rose Oliveira explica como contribuir para que elas respeitem pontos de vista distintos e tomem consciência de suas potencialidades e limites
Quanto mais nos conhecemos, mais somos movidos a reconhecer as emoções de outras pessoas, mantendo assim relacionamentos positivos que nos tornam capazes de lidar com o próximo. Esta não é uma tarefa fácil, ainda mais quando o foco está em reconhecer as nossas próprias emoções e descobrir que existe um espaço de tempo entre uma situação e uma reação. É importante parar, respirar lenta e profundamente para, depois, pensar e agir. Somente ouvindo as nossas próprias emoções é que aprendemos a lidar com elas.
Crianças e adolescentes que tem a oportunidade de aprender, o quanto antes, a conhecer e a identificar suas emoções tendem a se relacionar de forma mais saudável, evitando situações de agressividade no presente e no futuro. O vínculo fortalecido com as pessoas que estão à sua volta e o ambiente acolhedor são ferramentas importantes para que elas se tornem capazes de administrar os obstáculos que a vida impõe – inclusive as frustrações quando algo não sai como o esperado.
Na Associação Beneficente dos Funcionários do Grupo Allianz (ABA), desenvolvemos esse trabalho com crianças e adolescentes da comunidade Santa Rita, zona leste de São Paulo, que vivem em situação de vulnerabilidade social. Com o Programa de Desenvolvimento Socioemocional (PRODESE), lançado há 12 anos, buscamos fortalecer as competências sociais e emocionais por meio da técnica de mindfulness – que inclui a prática da respiração consciente, roda de conversas, jogos e brincadeiras direcionados a cada faixa etária.
Desta forma, permitimos que elas não só façam uma autoavaliação de suas atitudes como damos a oportunidade de expressarem todo o seu sentimento.
As crianças aprendem que podem reconhecer sentimentos em si e nos outros, avaliar comportamentos e situações e, com base nessas informações, solucionar problemas de ordem interpessoal. O grande incentivo é que elas observem o seu corpo, a forma e o tom que respondem e, principalmente, que exercitem a empatia e a calma. Os profissionais que conduzem o programa também participam de atividades para gerenciar suas emoções, pois, antes de cuidar do outro, é importante cuidar de si.
Os benefícios são perceptíveis. Há uma melhora na consciência dos pensamentos e das emoções. A capacidade de prestar atenção em si e no outro aumenta. O controle dos impulsos melhora e ensina cada uma delas a lidar com os pensamentos negativos que podem surgir no caminho. Junto com outras atividades de cunho socioeducativo, também promovidas pela instituição em horário complementar à educação regular, as conquistas do desenvolvimento socioemocional possibilitam que as crianças e os adolescentes tomem consciência de suas potencialidades e seus limites. Ao colocar os sentimentos para fora, as crianças conseguem pensar em diversas possibilidades e avaliar se elas fazem bem (ou não) para o que procuram.
O processo é gradual, mas, sem dúvidas, vale todo esforço e energia investidos. As próprias crianças e adolescentes afirmam que passaram a entender seus momentos de raiva ou tristeza e a agir com uma nova postura, respirando fundo, avaliando a situação e o cenário, escolhendo as melhores respostas e, então, tomando uma atitude. Muitas delas levam esses aprendizados para dentro de casa e, também, para a escola, permitindo que a educação socioemocional seja replicada por seus familiares e colegas e, assim, se espalhe cada vez mais.
A educação socioemocional traz consigo a capacidade de respeitar pontos de vista distintos e a valorização do trabalho cooperativo e do diálogo para resolver conflitos. Essas características são essenciais no mundo tão volátil e complexo que vivemos hoje.
Rose Oliveira é diretora da Associação Beneficente dos Funcionários do Grupo Allianz (ABA).
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