Outubro Rosa: Revista em casa por 9,90
Imagem Blog

Crônicas de Mãe

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Por Ana Carolina Coelho. Feminista, mãe, escritora, poeta, dançarina, plantadora de árvores, pesquisadora e professora universitária
Continua após publicidade

“Tempo rei” ou “vida que segue”

"O imediato é a medida do nosso possível e o passar do tempo a costura do que nos faz humanos, ao refletirmos, mudarmos e crescermos", reflete Ana Carolina

Por Ana Carolina Coelho
31 jan 2022, 18h58
Mãe e filha
 (|Foto: Oliver Rossi/Getty Images)
Continua após publicidade

“O tempo passou, pode ir pegar, papai!”, gritou minha filha mais nova pela casa ao ouvir o alarme do celular tocando. Eu ouvi a frase e consegui imaginar a cena: um imenso relógio com pernas sendo perseguido por milhares de pessoas gritando “PEGA!”, SEGUREM ELE!”.

Precisamos de tempo nesses dias de fardos tão pesados. Precisamos de tempo para sentir nossos ombros doerem, nossas lágrimas escorrerem e nossos gritos ecoarem. Em vez disso, continuamos a seguir adiante, aos tropeços e despedaçadas. Somos uma horda de pessoas traumatizadas por um tempo roubado pelo isolamento, pelas demoras nas decisões que custaram vidas e encontros nunca realizados; por todos os pequenos e grandes danos que ainda não tivemos tempo para processar.

Veja também: As escolhas que não são escolhas da maternidade

Dias atrás, estava conversando com minha filha mais velha sobre o mito do Titã Kronos e de sua força inexorável, fonte de medo constante da humanidade, que inevitavelmente será “devorada”. Eu disse a ela que o tempo é, também, um grande curador: precisamos essencialmente dele para que nossas vidas ganhem novos sentidos, espaços e experiências. O imediato é a medida do nosso possível e o passar do tempo a costura do que nos faz humanos, ao refletirmos, mudarmos e crescermos.

Minha filha mais velha está em uma nova escola e a professora de História dela é uma das minhas queridas ex-alunas, sempre dedicada e muito inteligente: um excelente exemplo de como o tempo conta com tecelãs hábeis para montar bons bordados.

Continua após a publicidade

Aliás, “tempo” foi o tema de muitas conversas que tive esse mês, que já acabou, escorrendo de nossos dedos como uma nascente de apreensões: as festas de final de ano sinalizavam um 2022 melhor e a esperança vibrava no ar, lançando fios de alegria para nossas almas. Um mês depois, estamos lidando com variantes, aumento de casos de COVID, lotação de leitos, novos sintomas e muitas mensagens novamente dizendo “por favor, se cuida!” Esperança encolheu para dar espaço a novos pontos de dor.

Olho as crianças e temo por tudo que elas estão perdendo agora. Fico imaginando o que vai acontecer até que esse horror tenha fim e pudermos dizer definitivamente: “acabou”. Hoje, vivemos uma infância de máscaras e medos. Uma infância que sorri, apesar de tudo, mesmo lidando com a morte, o distanciamento e a impossibilidade dos abraços.

Eu adoro abraços. Eu era uma criança que abraçava todas as pessoas de quem eu gostava, e eu tenho grande facilidade de gostar das pessoas. Minha filha mais velha nasceu com essa mesma característica: somos “abracentas”. E ela, agora, não pode deixar seu corpo expressar sua imensa ternura e carinho. Eu odiei ter que ensinar isso a ela. Sentia cada célula do meu corpo se contorcendo e gritando “isso é errado!”, mas o eu racional continuava dizendo “precisamos do distanciamento, por favor não abrace as pessoas na rua.”

Estamos no segundo mês do terceiro ano da pandemia. Essa agora tem sido a nefasta contagem do tempo em nossos dias. Estamos cansadas, muitas pessoas estão doentes e precisamos de tempo para olhar com calma todos os estilhaços que essa guerra está promovendo. Continuamos a dizer: só mais um pouco e voltaremos ao “normal”. O “normal” é o que nos trouxe até aqui. O que precisamos é tecer uma boa colcha de retalhos costurada com escutas e abraços. Só assim encontraremos, não a cura, mas o acolhimento necessário para tecermos bons bordados de conexão. É possível sermos melhores, sempre!

Continua após a publicidade

Dias Mulheres virão!

Vamos conversar?

O “Crônicas de Mãe” vai virar livro e quero pedir o seu apoio para esse projeto se tornar realidade e termos uma publicação inédita sobre maternidades na literatura nacional brasileira. Posso contar contigo nessa? Entra no site do Catarse e garanta além do livro, recompensas e brindes exclusivos!

Se quiser entrar em contato comigo, Ana Carolina Coelho, mande um e-mail para: ana.cronicasdemae@gmail.com ou mensagem pelo Instagram: (@anacarolinacoelho79). Será uma honra te conhecer! Quer conhecer as “Crônicas de Mãe”? Leia as anteriores aqui e acompanhe as próximas!

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!

Receba mensalmente Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições
digitais e acervos nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.

a partir de 9,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.