Empatia é participar afetivamente da vida
A colunista Ana Carolina Coelho reflete sobre o real sentido do termo "empatia" e propõe uma reflexão sobre esse sentimento na maternidade
Ouvi esses dias que a palavra “empatia” foi esvaziada e virou sinônimo para tudo que significa “respeitar a outra pessoa, mas ela nunca respeita a mim”. Devo dizer que em tempos de individualismo exacerbado, isso até faz algum sentido. Eu, que sou uma grande amante das palavras, penso que os sentidos da empatia precisam ser seriamente revistos, pois estamos vivendo em uma época cheia de belos discursos, poucas ações e, em pouco tempo, nossa sociedade estará fadada a uma autodestruição acelerada.
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Empatia vem da ideia de que todas as pessoas possuem pathos – me perdoem os especialistas, traduzirei aqui pathos por “todos os sentimentos possíveis” – e o prefixo en pressupõe a ideia de ser capaz de participar afetivamente da vida de outra pessoa, se colocando em seu “lugar” ou “dentro” para entender o quê e como ela está se sentindo.
Isso é fundamental para as maternidades: entender os medos, as formas de sentir, a maneira de amar das crianças é uma habilidade fundamental de maternar com respeito, pois muitas vezes, o modo como nossas crianças sentem é completamente diferente do nosso jeito de sentir.
No entanto, empatia serve para tudo no viver: ela é a grande chave para um mundo em que preconceitos e injustiças sejam considerados criminosas e rechaçados com protestos veementes. Participar afetivamente da vida é o que cria laços comunitários, o que permite amizades entre pessoas diferentes, debates de ideias e discordâncias de escolhas. É o que impede as intolerâncias e fortalece o senso de indignação contra as violências e desumanidade.
Empatia é maternar a vida e “amaternar” o mundo entendendo que todas as pessoas são filhas de alguém e os cuidados humanitários são basicamente as garantias dignas de vida.
Há alguns dias atrás, eu tive um dia particularmente cansativo, cheio de notícias terríveis, lutos à distância, atividades de trabalho e tarefas domésticas. Quando eu me sentei no sofá, minha flor mais nova me olhou e disse: “mamãe precisa de carinho” e me abraçou.
Eu a vejo florescer e me encanto com suas pétalas de empatia. Ficamos abraçadas vendo desenho e nenhuma das duas estava prestando atenção à televisão. Eu era o seu colo e ela era o meu. Exausta, pensei em um mundo verdadeiramente mais empático e justo. Mesmo sabendo que essa é uma jornada cheia de batalhas, continuo firme em acreditar na construção de uma comunidade baseada na ideia de participar afetivamente da vida: é possível sermos melhores, sempre! Dias Mulheres virão!
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