Conheça Duca Caraíva, a pintora gaúcha que é ícone de um povoado baiano
No alto de seus 86 anos, Duca é a avó que a gente quer ser quando crescer
Deliciosos são os caminhos pelos quais as histórias de matriarcas guerreiras chegam até mim, a da Duca Caraíva (Maria do Carmo) veio com a ajuda de uma amiga de olhar belo e curioso, a stylist e fotógrafa Fabiana Nunes (@fabiananunes.ch).
A vida dessa bela gaúcha de Herval, que virou uma espécie de ícone de Caraíva, na Bahia, tem daqueles turning points que toda boa história deve ter. Recém-formada em veterinária, ela se juntou a uma amiga e resolveram fazer uma viagem pelo litoral do Nordeste.
Eram os loucos e livres anos 1970 e foi no pequeno povoado baiano que sentiu o coração bater e o corpo se aninhar, depois de tantos anos morando no frio. Com um diploma debaixo do braço e garra, Duca se fixou no povoado, em 1976, e de lá nunca mais saiu. Foi ali que descobriu uma habilidade que nem sonhava, a de pintar. “Você vem morar aqui e descobre talentos”, disse.
Disciplinada e dona de uma rotina de muito trabalho, prazer e pausas meditativas, ela pratica yoga e forró diariamente, e não come nada de origem animal, o que a habilitou a comandar o Canto da Duca (@cantodaduca), uma casa vegetariana e vegana reconhecida pela qualidade.
As obras de Duca são onipresentes no povoado. São mais de 75 espalhadas em muros, orelhões, lixeiras e outras tantas que realiza no ateliê, cujo ícone é um jegue alforriado que vem todos os dias “pegar sua quentinha”.
E, como nossa pauta aqui é a “avosidade”, foi a única neta da Duca, a Paola, quem me contou um pouco dessa avó que parece fora da caixa, mas é plena de afeto como a maioria das mães dos nossos pais. Apesar da distância física entre elas, pois uma estava em Pelotas e a outra em Caraíva, Paola e Duca sempre se falavam por carta, quando os tempos eram analógicos, e hoje, por WhatsApp, o que fazem diuturnamente.
Duca teve um filho, o Raul, que passou por uma transição de gênero e hoje se chama Luana, uma história longa e bonita que daria outras tantas colunas. “Só sei que ela é uma mãe incrível e que aceita, a hoje filha, com todo amor”, disse Paola. O sonhos delas é, claro, que possam se encontrar e se abraçar tão logo os mais de 2 mil quilômetros e a Covid-19 permitam.
*Para ver mais histórias com esta e acompanhar minha “curadoria de avós e avós”, acesse nataliadornellas.com.br ou @nataliadornellas, no Instagram. Ah, e se conhecer personagens que mereçam ter suas histórias contadas a plenos pulmões, me deixe saber.