Overparenting? Eu?
Pergunta incômoda: qual é a linha que delimita a necessidade de proteção da criança e a nossa necessidade de estar no papel de protetor? Ui!
Quanta maternagem é “maternagem demais” pra você? Atenção para a pergunta: termina com pra você. Sim, porque a quantidade de energia que sua irmã, sua amiga ou sua colega de trabalho colocam nessa função diz respeito a elas, a família e aos filhos delas, certo? Só pra ter certeza que estamos todos na mesma página (piscadinha).
Mas pra você, de verdade verdadeira, bate aquela dúvida se está indo longe demais em uma preocupação? Se a dificuldade do seu filho em se enturmar com os alunos da classe nova (na primeira semana de aula) deveria mesmo tomar 98% dos pensamentos do seu dia? Mais do que isso, seria você a responsável por fazer dele a criança mais querida, a mais solicitada da sala? É mesmo necessário que ele seja o mais querido e o mais solicitado? Ele quer ser assim?
Você para pra pensar se o prato do almoço deixado ainda cheio, meia hora depois de almoço começar, é caso de nutricionista? De pediatra? De psiquiatra? Ou de uma mãe um tantinho formiga na hora das escolhas do supermercado? É caso de dar colher por colher na boca da criança de uma vez e garantir a nutrição antes de qualquer outra coisa?
Foi culpa sua (certeza mesmo?) a nota baixa de matemática? Deveria ter lembrado da lição? Ter comprado uma calculadora? Pensado em aulas extras? Seria preciso pedir revisão de notas?
Lisa Firestone em artigo do Psychology Today nos lembra que quando assumimos que uma criança precisa de mais controle/atenção do que ela precisa, subestimamos as suas habilidades e comprometemos sua segurança no ‘próprio taco’.
Sim, cuidar da saúde, da educação e do bem-estar de nossos filhos é nossa responsabilidade. Nenhuma dúvida quanto a isso. A questão aqui é: até que ponto a nossa dificuldade de deixar a criança livre para explorar o mundo a sua volta, errar, acertar, entender as consequências de suas escolhas, atrapalha o seu desenvolvimento?
No mesmo artigo Firestone lança a pergunta incômoda: qual é a linha que delimita a necessidade de proteção da criança e a nossa necessidade de estar no papel de protetor? Ui!
Só para continuar pensando, atenção ao questionário publicado pelo The Telegraph:
- Você se pega dizendo ‘nós’ quando se refere a alguma realização de seu filho?
- Quando escuta a criança conversando com outro adulto, responde por ela antes que ela o faça?
- Faz por seu filho, coisas que ele já sabe fazer? Como amarrar o sapato ou escovar os dentes?
- Se responsabiliza por atitudes dele (como derrubar o suco na mesa, por exemplo) para que ele não se sinta culpado?
Pois é… Tentar, errar, explorar possibilidades ainda são caminhos eficientes para aprender, certo? Para nós e para eles. Quanta maternagem é “maternagem demais” pra você?