Meu combustível é o medo
Resolvi listar os meus fracassos e enfileirar os sonhos perdidos pelo caminho
Forte né? Li essa frase recentemente e fiquei pensando nas muitas vezes em que a raiva, o medo, a vergonha – me moveram. Sou dada a pensamentos fora da casinha, e como tenho refletido sobre os obstáculos como alavanca, sobre tormentas como unguentos, mergulhei na potência da fraqueza.
É tanto coach, mentor e líder cagando regra na nossa cabeça – sobre como produzir mais e melhor; como ter um corpo sarado; um sexo gostoso; a casa dos sonhos; a família perfeita que, hoje, no meio desse blábláblá que me enerva, eu tenho tirado lições de onde menos espero. Então eu resolvi listar os meus fracassos e enfileirar os sonhos perdidos pelo caminho. Dói. Não é nada legal, mas é como ir àquela festa mara vestida com trapos. A gente se sente uma merda, todavia, com o passar do tempo, achamos até legal sermos invisíveis e podermos – com a nossa inviabilidade – olhar melhor os pedregulhos do caminhar.
Se a minha lista é grande? Nem te conto. Fui gulosa em desejos. Hoje, quase sessentona, acho até ingênuo tudo o que eu já quis. Atualmente, ter um plano de saúde, um chuveiro quente e uma comida fresca já é Réveillon. Fiquei humilde em excessos e acho que entendi que a gente inventa muitas vidas para si, mas o que vale mesmo é o “vamuver” de cada dia. Por isso querida (o) leitora (or), lamba os beiços e injete certeza naquele diminuto pacote que você se deu de presente. Vai que o laço de fitas é bonito ou o bônus agrada. Ninguém sabe, essa imprevisibilidade é o que nos leva a entender que precisamos ser flexíveis e seguir. Até quando o medo virar pó. E nós também.