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A última mensagem do maestro Ennio Morricone

O papa das trilhas sonoras faleceu hoje (6), em Roma, aos 91 anos, e deixou uma carta para os fãs

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 21 set 2020, 14h11 - Publicado em 6 jul 2020, 09h25

Ennio Morricone faleceu hoje (6), em Roma, aos 91 anos. O compositor estava internado em uma clínica desde que fraturou o fêmur há alguns dias e morreu durante o sono. Ele estava acompanhado de sua mulher, Maria. “Ele preservou a lucidez e grande dignidade até o final”, disse o advogado Giorgio Assumma, que representa a família. “Ele deu adeus à sua amada esposa, Maria, que o acompanhou com dedicação por todos os momentos de sua vida profissional e pessoal, e estava próxima dele até seu último suspiro. Ele agradeceu aos filhos e netos pelo amor e carinho que o deram”, disse o advogado. Morricone fez menção aos fãs também. “Ele fez uma emocionante lembrança de seu público, cujo amor e apoio sempre o permitiram tirar forças para sua criatividade”, acrescentou.

Morricone compôs alguns dos temas mais clássicos da história do cinema. Autor de mais de 500 trilhas sonoras, ele só venceu o Oscar em 2016 por Os Oito Odiados, de Quentin Tarantino. Naquele ano o diretor estava exultante com a vitória do maestro, apesar de ter perdido na sua própria categoria e ter passado por saia justa de críticas (mal traduzidas, segundo Morricone) do compositor ao seu trabalho. Tarantino estava orgulhoso de ter feito história. Afinal, Morricone e cinema são quase sinônimos e o maestro italiano já tinha perdido em cinco indicações anteriores, incluindo quando foi indicado por A Missão, Cinema Paradiso e Os Intocáveis. Ele já tinha recebido um Oscar honorário em 2007, mas não era a mesma coisa. Morricone é um dos maiores compositores de todos os tempos. O reconhecimento era mais do que justo. 

Nascido em 1928, Morricone tocava trompete e escreveu sua primeira partitura aos seis anos de idade. Estudou música clássica e, assim que se formou na Escola de Música, passou a compor para cinema, teatro e rádio. Escrevia música pop também e chegou a tocar até com os Pet Shop Boys.

Suas trilhas ganharam destaque nas telas do cinema desde os anos 1950s. Suas melodias ajudaram a definir o gênero do Western e a parceria com Sergio Leone foi icônica. Apesar dos vários convites, Morricone se manteve distante de Hollywood e nunca aprendeu a falar inglês. Seu idioma era a música.

O maestro esteve no Brasil em 2007 para uma série de concertos. Sua última apresentação ao vivo foi em janeiro de 2020, em Roma. Ele deixou uma nota escrita pessoalmente e que pede privacidade para o seu funeral. “Não quero dar trabalho”, ele escreveu. Abaixo o texto na íntegra:

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Ennio Morricone está morto. Anuncio assim a todos os amigos que estiveram próximos e àqueles um pouco distantes, a quem saúdo com grande afeto. É impossível nomear todos, mas uma recordação particular vai para Peppuccio e Roberta, amigos fraternos muito presentes nos últimos anos de nossa vida.

Há apenas uma razão que me faz cumprimentar todos dessa maneira e ter um funeral de forma privada: não quero dar trabalho. Saúdo com tanto afeto Ines, Laura, Sara, Enzo, Norbert, por terem compartilhado comigo e com minha família grande parte da minha vida. Quero recordar com amor minhas irmãs Adriana, Maria, Franca e seus parentes e dizer o quanto as quis bem.

Uma saudação plena, intensa e profunda a meus filhos Marco, Alessandra, Andrea, Giovanni, a minha nora Monica e a meus netos Francesca, Valentina, Francesco e Luca. Espero que saibam o quanto os amei.

Por último, Maria (mas não a última). A ela, renovo o amor extraordinário que nos manteve juntos e o qual lamento abandonar. A ela, o mais doloroso adeus”

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