Monique Evelle: conheça o lar da empresária e mais nova ‘shark’
Natural de Salvador, a empresária, comunicadora e mais novo rosto do 'Shark Tank Brasil' mostra seu lar soteropolitano: um espaço de aconchego e amor
É repousando na sua poltrona favorita da sala, ouvindo música, que Monique Evelle consegue esvaziar a mente. Quando chega em casa depois um compromisso ou viagem — o que ocorre o tempo todo —, a empresária tem um ritual. Abrir o notebook para responder e-mails? Jamais. “Eu preciso me lembrar que estou em casa. O tempo aqui é outro, não preciso correr”, diz ela, com firmeza.
Se fora de seu refúgio a correria, a interação e os gatilhos fazem sua mente estar sempre transbordando, em casa ela busca se conectar com outro ritmo. “Estou cansada de ser ligeira”, cita sobre sua rotina, em referência à música Carta Para Mim Mesma, da cantora Duquesa.
As características favoritas da casa, localizada em Salvador (BA), sua terra natal, incluem o azul da piscina, as plantas e os objetos de decoração cheios de memórias… Mas em grande parte de sua vida não sobrou muito para esse descanso.
“Dinheiro é energia. Quando a galera tem medo de falar de grana, tem a questão da culpa cristã. Para mim é muito importante ver essas cédulas.”
Monique Evelle
Não que o dia a dia agora não seja corrido, longe disso, mas, desde muito cedo, ela esteve envolvida em lutas, projetos e acontecimentos. Seus pais a definiam como uma criança madura e observadora (até demais).
A jornada no empreendedorismo começou aos 16 anos. O projeto Desabafo Social, laboratório de tecnologias sociais aplicadas à geração de renda, educação e comunicação, surgiu da vontade pungente de transformar seu meio.
“Mesmo nascendo na periferia, meus pais me deram uma coisa que hoje traduzo como direito à cidade. Sempre circulei por Salvador e conheci os pontos turísticos, tive acesso à cultura, teatro, cinema… Esse circular fez com que eu pudesse sonhar e criar a realidade que gostaria de viver, mas sabemos que essa não é o caso de uma galera no Brasil.”
Nessa idade, Monique passou a se questionar principalmente sobre questões que vivenciava na escola. “Você começa a se perguntar se o que está passando no colégio é outra coisa além de bullying — na época, nem usavam esse termo. Ali eu entendi que o nome era racismo mesmo, e foi um impulso maior para eu conseguir criar o Desabafo Social. Poderia ter me paralisado, porque o racismo paralisa muita gente, não é simples. Porém, no meu caso, me movimentou.”
O projeto acabou tomando outros rumos e Monique o acompanha como espectadora, mas foi uma porta para tantas outras empreitadas alavancadas por ela e também a descoberta da paixão por mentoria e comunicação. Convites para palestrar, mediar rodas de conversas, criar conteúdo, liderar talks e produzir podcasts não pararam de surgir. Aos 22 anos foi reconhecida pela Forbes Under 30, premiação que destaca talentos de até 30 anos que revolucionam os negócios e o mundo.
A postura cativante e oratória impecável também chamaram a atenção de Caco Barcellos, numa situação um tanto imprevisível. Convidada para uma reunião na TV Globo para assuntos institucionais, Monique sentou-se à mesa de uma padaria por ali, para tomar um café e contar sobre seus projetos para um amigo.
“Caco estava na mesa ao lado e, como ótimo jornalista, ouviu um pouco da conversa. Ele se apresentou e me perguntou se eu teria interesse em trabalhar na televisão”, recorda. E adivinhem? A resposta foi não. “Achei que era pegadinha, depois dei a resposta sincera: nunca pensei sobre isso, afinal, não é porque tínhamos a majestosa Glória Maria que significava que isso era possível.”
Por sorte, o amigo que estava com Monique tratou de salvar a situação: “Ela está nervosa”, disse ele, explicando mais sobre as ideias da amiga. Foi assim que, em 2017, Monique Evelle passou a integrar a equipe do Profissão Repórter, produzindo pautas sobre causas que acreditava, desde feminicídio até o cenário sertanejo. “Ele me deu a possibilidade de usar a minha voz como caixa de ressonância.” Foi no programa jornalístico que Monique entendeu que sua paixão, além dos negócios, estava no entretenimento.
Anos depois, saiu do Profissão Repórter e, em 2022, participou do Self-Made Brasil (Sony Channel), competição com empreendedores do mercado alimentício. Todos esses caminhos funcionaram como preparo para a conquista de um sonho antigo: tornar-se uma “shark”.
Lançada em outubro, a oitava temporada do Shark Tank Brasil conta com Monique no time de “tubarões”, como são chamados os investidores do programa. Ela, que acompanhava o reality há anos, ficava se perguntando quando chegaria sua vez de sentar em uma daquelas cadeiras de jurados, que estão ali para dar apoio financeiro a ideias atrativas de negócios.
Primeiro, veio o convite para ser apresentadora: “Eu já estava num estágio de fazer investimentos e poderia ser uma shark convidada, e assim sugeri, modéstia à parte”. Não rolou. Mais tarde, a sua empresa, a plataforma Inventivos, foi convidada a se inscrever como participante — mas ainda não era o que Monique almejava. Por fim, chegou o tão sonhado e-mail.
“Eu estava na fila para um brinquedo de Star Wars [na Disney], quando a resposta positiva chegou. Eu gritava de felicidade, de adrenalina, de tudo. Minha energia estava lá em cima e ainda tive que segurar a notícia comigo, não podia contar para ninguém (risos).”
Retornos
Há alguns anos vivendo em São Paulo, Monique colocou para si a meta de voltar a morar na sua cidade natal quando completasse 30 anos. “Quero realizar coisas a partir de Salvador. Prefiro voltar e fazer tudo o que gostaria e sempre quis na cidade, porque agora eu tenho uma possibilidade chamada rede.” Antes mesmo da meta se completar, aos 27, decidiu que era hora — e isso já faz dois anos.
A casa que vive hoje é, segundo ela, o seu lar dos sonhos. “Eu sonhei com essa casa em novembro de 2021”, revela. Monique e o namorado, Lucas Santana, estavam em Nova York quando ela teve vislumbres recorrentes deste exato espaço.
“Tem gente que contrata arquiteto, tem gente que contrata mãe de santo. Quando eu vim para cá, fiz uma limpeza.”
Monique Evelle
Ela, que ficou sem entender que lugar era aquele, só foi assimilar a imagem quando uma corretora mostrou as fotos da moradia. A compra foi realizada à distância, com ajuda de uma chamada de vídeo de seus pais.
Quando o casal entrou no espaço pela primeira vez, tudo fez sentido. “Contam que onde eu moro foi um grande quilombo. Meu terreiro é próximo da minha casa. Parecia que estava me chamando, não sei explicar. O sentimento é de alívio.”
Com uma história que começa com um chamado de tantas boas energias, não tem como esperar uma jornada senão como a de Monique, abastada pela força e pela fé.