Azulejos estão em extinção? Conheça as tendências de revestimentos
Com uma rica história cultural no Brasil, o revestimento parece cair em desuso, mas seria apenas mais um ciclo de tendências ou deve sair de cena de vez?
Nos últimos anos, os revestimentos de interiores passaram por uma verdadeira revolução, com a introdução de materiais cada vez mais tecnológicos e sofisticados. Com isso, os tradicionais azulejos têm sido menos utilizados em projetos modernos de arquitetura e decoração. Mas será que eles estão realmente em extinção?
Conversamos com as arquitetas Heidy Briotto e Nathalia Boriola, sócias do Studio B11, e o arquiteto Bruno Reis, sócio de Helena Kallas na Mandril Arquitetura, para entender mais sobre o futuro dos azulejos e os materiais que têm ganhado destaque no mercado.
Afinal, os azulejos estão realmente em extinção?
Embora muitas pessoas acreditem que o uso dos azulejos esteja em queda, as arquitetas do Studio B11 são categóricas ao afirmar que não é bem assim.
“Não acreditamos que os azulejos estejam em extinção, mas, sim, distantes de ser a preferência de uso atualmente. O mercado de revestimentos conta com grande variedade de opções que trazem mais aprimoramentos do que os azulejos possuíam, como durabilidade, praticidade de limpeza e produtos de fácil aplicação”, explica Heidy Briotto. A evolução dos materiais trouxe alternativas mais versáteis e funcionais, mas os azulejos continuam se reinventando, adaptando-se às novas tendências.
Já para Bruno Reis, o desuso dos azulejos pode estar mais relacionado à saturação visual e a uma mudança de estética. “Acho que tudo que é usado repetidamente por um tempo acaba cansando um pouco. Os azulejos, principalmente os decorativos e mais desenhados, tiveram seu auge e cada vez temos usado menos porque os clientes estão cansados e querem outras soluções”, observa. Para ele, a busca por materiais mais naturais, que remetem a texturas e tons da natureza, também contribuiu para essa mudança.
Novos materiais em cena
Com o surgimento de novas tecnologias de fabricação, materiais como porcelanatos têm ocupado o espaço que antes era dominado pelos azulejos. Nathalia Boriola destaca que “revestimentos produzidos em larga escala com tecnologias mais eficientes, como impressões HD, maior nível de compactação e baixo nível de absorção de umidade, têm ganhado mais espaço no mercado”. Segundo ela, esses produtos oferecem maior durabilidade e estabilidade, tornando-se a escolha preferida em muitos projetos contemporâneos.
Bruno concorda e reforça que a tendência atual está focada em materiais mais rústicos e naturais. “As pedras naturais e os porcelanatos que simulam essas pedras estão sendo preferidos aos azulejos”, afirma o arquiteto. Esses materiais trazem um toque de natureza e autenticidade para os ambientes, de acordo com o espírito do nosso tempo.
Onde os azulejos ainda têm relevância?
Apesar do avanço de outros revestimentos, os azulejos ainda possuem um lugar de destaque, especialmente em ambientes molhados, como cozinhas, lavanderias e banheiros. “É cada vez mais comum ver esses revestimentos empregados também no mobiliário, como em racks, bancos e tampos de mesa, onde ganham protagonismo”, compartilha Heidy. Esses novos usos reforçam o potencial criativo do material, que pode ser customizado e dar um toque único aos projetos.
O sócio da Mandril observa que, em decorações mais urbanas, os azulejos ainda podem ser uma boa escolha. “Em alguns banheiros e até mesmo em paredes de cozinha ainda conseguimos emplacar vez ou outra, dependendo da linguagem do projeto”, comenta.
A tradição e o futuro dos azulejos
Além das questões estéticas e funcionais, há também o valor cultural dos azulejos. O Brasil tem uma rica história ligada a esse material, desde a época colonial, quando os portugueses trouxeram a técnica de azulejaria pintada à mão.
Para Nathalia, alguns artistas contemporâneos continuam a explorar o azulejo como uma forma de arte, como o Coletivo Muda, que desenha murais com grafismos abstratos. “Isso mostra que o azulejo pode ultrapassar gerações sem perder sua relevância”, afirma a arquiteta.
Bruno acredita que, apesar de estarem temporariamente fora dos holofotes, os azulejos voltarão em algum momento. “Acho que em algum momento os azulejos serão revisitados e incluídos novamente nos projetos e na estética como um todo. É uma questão de ciclo… já já ele volta!”, conclui.
Embora os azulejos possam não ser mais a escolha predominante nos projetos modernos, sua capacidade de se reinventar, aliada ao valor histórico e artístico que carrega, garante que eles ainda terão um papel significativo na decoração por muito tempo.
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