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Ndeye Amy Kebe: a decifradora de TIC do Senegal

Senegalesa criou ferramentas de comunicação interativa para ajudar população a obter melhores práticas na agricultura, nutrição e bem-estar animal

Por Malika Souyah
Atualizado em 8 mar 2018, 03h44 - Publicado em 8 mar 2018, 00h01
 (Jason florio/Amina/Reprodução)
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Aos 33 anos, Ndeye Amy Kebe Sylla encarna perfeitamente o espírito de sua geração de jovens empreendedoras africanas. Apaixonada por Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), em 2015 ela lançou a Jokalante (que significa diálogo, em wolof): uma empresa que está desenvolvendo ferramentas de comunicação interativa destinadas a fomentar e disseminar as melhores práticas nos campos da agricultura, da nutrição e do bem-estar animal.

Ndeye Amy Kebe Sylla fala rápido. Muito rápido. E ela também se mexe com velocidade. Em 2013, depois de completar sua formação em ciências e em finanças e contabilidade, em Dakar, ela decidiu mudar de ramo ao fazer um curso de mestrado à distância na área de ciência da educação e do ensino para adultos.

“Na época, eu trabalhava para a Agência Universitária da Francofonia (AUF), em Dakar. A contabilidade não me interessava, mas eu amava o ambiente na AUF e comecei a desenvolver uma paixão pelas tecnologias de informação e comunicação. Os dias passados naquele tipo de ambiente alimentaram meu interesse; tanto que decidi que queria trabalhar na área. Fiz mais cursos a distância. E o curso de mestrado que escolhi me permitiu incluir a ciência por trás da educação e, ao mesmo tempo, aumentar minha consciência sobre as modalidades particulares de ensino à distância, uma abordagem que é nova na África, particularmente no Senegal”.

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A senegalesa Ndeye Amy Kebe
A senegalesa Ndeye Amy Kebe (Jason florio/Amina/Reprodução)

“Viagens a campo”

De acordo com a Agência Nacional de Estatística e Demografia do país, em 2013 o número de famílias agrícolas no Senegal era de 755.559. Além disso, a agricultura emprega 69% da população ativa no Senegal e apoia quase dois terços da população do país (ainda hoje majoritariamente rural).

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Portanto, não se trata de uma coincidência que, em 2015, dois anos depois de obter seu mestrado, Ndeye Amy Kebe Sylla tenha tido a ideia da Jokalante; uma empresa de comunicação atípica que desenvolve estratégias de comunicação inovadoras, visando principalmente incentivar mudanças e desenvolvimento comportamentais nos campos da agricultura, nutrição e bem-estar animal. “A Jokalante é uma plataforma criada por um consórcio de organizações internacionais no âmbito do projeto TIC Mbay (TIC refere-se à agricultura, em wolof). Promovemos soluções inovadoras para os desafios na agricultura através de spots de rádio e mensagens telefônicas”, explicou a fundadora.

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(Jason florio/Amina/Reprodução)

As características diferenciais da plataforma? A boa nova é transmitida em uma das cinco línguas mais faladas no Senegal e a interatividade é a regra de ouro da Jokalante. Os ouvintes são convidados a compartilhar suas opiniões e a discutir suas experiências com o maior público possível. As atividades atuais da empresa chegam a 11 regiões do Senegal através de estações de rádio comunitárias, mais de 50 mil pessoas por telefone e pouco mais de 1 milhão de ouvintes graças às transmissões de rádio. A Jokalante também está colaborando com a USAID Senegal no prestigiado programa Nova Aliança em Extensão de TIC.

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Entre novembro do ano passado e janeiro desse ano, após a colheita e antes da invernada, a Jokalante usou spots de telefone e de rádio para promover os benefícios do khétakh, ou bolas de painço, que os agricultores tendem a deixar de lado após a colheita, quando na verdade elas podem ser usadas ​​como fertilizantes nos pastos.

“Quando espalhada pelo solo e deixada lá até a invernada, esta matéria orgânica aumenta significativamente a fertilidade do solo, e os agricultores não precisam pagar nem uma centavo por isso. Certos anciãos sabem dessa prática tradicional, mas ela foi esquecida. E uma vez que o camponês só adota aquilo que pode comprovar por si próprio ou que aprende com seus pares, decidimos organizar entrevistas e spots de rádio na língua local, bem como “viagens a campo” em colaboração com organizações de agricultores parceiras, através das quais visitamos fazendas que usavam a técnica. Nós transmitimos essas visitas na rádio local, é claro!”

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Um centro de informações emergente

Juntamente com seus cinco funcionários, é certo que Ndeye Amy Kebe Sylla não tem um instante sequer de ócio! Aos 33 anos, ela já está pensando em ampliar o alcance da Jokalante para a vizinha Gâmbia através de um programa de promoção de bons hábitos nutricionais entre crianças pequenas.

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“A agricultura é o cerne das nossas atividades: é a chave para o desenvolvimento no Senegal e em todos os países africanos. Mas a autonomia dos agricultores é uma questão importante, e é por isso que estamos trabalhando no desenvolvimento de uma tecnologia de fácil implementação para eles e também no estabelecimento de um diálogo com eles. Estamos trabalhando com a ideia de lançar uma transmissão de rádio na web e uma plataforma de informação em larga escala para compartilhar nossa experiência. Gostaríamos de expandir nossas atividades para a sub-região, marcar presença lá.”

Para botar a boca no trombone, a Jokalante aloca mulheres no centro de sua rede de informações e as encoraja a liderarem os debates. Como prova de seu dinamismo, a empresa participou recentemente de uma campanha de bem-estar animal em parceria com uma ONG britânica e atualmente está organizando campanhas de conscientização sobre o clima entre agricultores e pescadores em todo o Senegal. Que a equipe tenha todo o sucesso!

*Por Malika Souyah para Amina

Ndeye Amy Kebe
Ndeye Amy Kebe (Jason florio/Amina/Reprodução)

*Neste Dia da Mulher, CLAUDIA participa da ação internacional Women in Businesses For Good, da iniciativa social Sparknews, que visa
revelar inovações impactantes criadas por mulheres e seu potencial de ampliação ou replicação em outros países. #WB4G

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