Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Super Black Friday: Assine a partir de 5,99

Helena Nader, a primeira presidente da Academia Brasileira de Ciências

Depois de 105 de história, a biomédica foi eleita a primeira mulher à frente da instituição e pretende fomentar a igualdade de gênero na ciência

Por Joana Oliveira
1 abr 2022, 08h42
A bióloga Helena Nader, primeira mulher eleita para presidir a Academia Brasileira de Ciências.
A bióloga Helena Nader, primeira mulher eleita para presidir a Academia Brasileira de Ciências.  (ABC/Divulgação)
Continua após publicidade

Foram precisos 105 anos para que uma mulher chegasse à presidência da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Helena Nader, de 74 anos, biomédica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foi eleita na Assembleia Geral da última terça-feira, 29 de março, e tomará posse entre 3 e 5 de maio deste ano, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Ela ficará no cargo até 2025. “Esta é uma realização para meninas e mulheres e uma mensagem de que temos que continuar lutando e não podemos aceitar nãosNada de ‘você não tem competência’ ou ‘você não está preparada'”, diz Helena, com firmeza, em conversa com CLAUDIA. Vice-presidente da ABC desde 2019, Helena se destacou, desde o início da carreira, pelo posicionamento ativo em defesa da ciência, tecnologia e inovação na educação brasileira, além da igualdade de gênero na sua e em outras áreas. “Espero que meu lugar na presidência incentive não apenas mulheres, mas também homens a reconhecer e respeitar nossa trajetória e nosso espaço”, acrescenta. 

Apesar de representar 57% do total de matriculados em instituições de ensino superior no Brasil e 53% do total de bolsistas de pós-graduação, de acordo com o Ministério da Educação, as mulheres sofrem um afunilamento de suas carreiras na ciência. O relatório Education at Glance 2019, feito pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), indicou que as brasileiras têm 34% mais probabilidade de se formar no ensino superior, mas menos chances de conseguir emprego na área. Essa brecha de gênero, no entanto, não é exclusividade da realidade nacional. Helena lembra que, nos Estados Unidos, Marcia McNutt, eleita em 2016, foi, até agora, a única mulher a presidir a Academia Nacional de Ciências (NAS, nas siglas em inglês). A Royal Society Britânica, fundada em 1660, nunca teve uma presidente em toda a sua história.

“Meus pais tiveram duas filhas e ensinaram ambas a lutar para chegar onde quiséssemos. É uma pena que essa luta continue tão árdua ainda hoje”, comenta Helena, que se orgulha de ser uma pesquisadora, educadora, mãe e avó. A biomédica explica que a pandemia de covid-19 teve um impacto direto nas carreiras dessas profissionais. “Dados mostram que a produção científica de mulheres caiu nesse período, enquanto a dos homens cresceu. Isso significa que, ao ficar mais tempo em casa, as mulheres passaram a lidar com uma carga maior de tarefas domésticas e cuidado familiar”, diz. De acordo com um levantamento realizado pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro, a média de manuscritos científicos com as primeiras autoras mulheres foi de 37% entre 2016 e 2020, mas caiu para 13%. 

Outros desafios

Helena diz que “nunca foi fácil fazer ciência e educação no Brasil”, mas critica abertamente os cortes de investimento realizados pelo Governo de Jair Bolsonaro só em 2021, a União cortou cerca de 92% no orçamento da ciência. “O que o Governo vê como gasto é, na verdade, investimento no desenvolvimento do país. Análises internacionais mostram que o retorno do investimento em ciência e educação é de 5% a 15%, a médio e longo prazo”, argumenta.

Ao falar sobre a “fuga de cérberos” para o exterior —de acordo com o Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), há atualmente de dois a três mil pesquisadores brasileiros em outros países, Helena é taxativa: “Estamos perdendo pessoas dentro do próprio país, basta olhar as taxas de evasão escolar e acadêmica.” A biomédica cita como exemplo o número de inscritos para realizar o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) em 2021: com 3,1 milhões de participantes, esse foi o menor contingente de aplicantes desde 2005. “É um retrocesso muito grande, principalmente porque é difícil, senão impossível, recuperar o que se perde em ciência e educação. Por isso, meu objetivo principal é contribuir para reverter esse cenário”, diz. 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

SUPER BLACK FRIDAY

Digital Completo

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 3,99/mês
SUPER BLACK FRIDAY

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$47,88, equivalente a R$3,99/mês.