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Juliana Borges é escritora, pisciana, antipunitivista, fã de Beyoncé, Miles Davis, Nina Simone e Rolling Stones. Quer ser antropóloga um dia. É autora do livro “Encarceramento em massa”, da Coleção Feminismos Plurais.
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Eu estou fazendo do meu jeito, Frank

Aos 16 anos, Frank Sinatra largou a escola para se dedicar à música e foi expulso de casa pelo pai

Por Juliana Borges
14 Maio 2020, 20h21

Como boa pisciana, eu sou um mar de incertezas. Essa dificuldade de se tomar posicionamentos e a porosidade sobre opiniões faz com que muitos a compreendam como volubilidade. Sim, somos inconstantes, sim somos mutáveis. Mas isso não quer dizer que não sejamos perseverantes. Essa característica, que já é astrológica, que comigo ganha outras dimensões mais perturbadoras até, acabou me fazendo por muito tempo influenciável. Dos meus 16 aos meus 22, 23 anos, isso era catastrófico. Uma série de decisões tomadas no calor do momento, ouvindo muita gente e decidindo pouco por mim mesma. Talvez, isso tenha durado um pouco mais, a bem da verdade.

Isso também pode ser lido como uma questão da fase das descobertas na vida. A gente quer experimentar tudo e o ímpeto é o guia. E, ao passo que vamos nos conhecendo, essas questões vão ficando mais de lado. A incerteza se torna cautela. A mutabilidade se torna uma característica importante em tempos tão inseguros e podem denotar um melhor desenvolvimento da capacidade de escuta e absorção do que se ouve. E, com isso, acabei sendo mais certa do que quero. Acho que os 30 foram os melhores para amadurecer o que sou, o que quero e o que não quero. E sigo aprendendo. E passei à busca de poder chegar ao final da vida e cantar I did it my way (eu fiz do meu jeito), sem arrependimentos, incorporando tudo, erros e acertos com a certeza de viver.

Há histórias por aí de que, talvez, Frank Sinatra não gostasse tanto de My way, uma de suas músicas célebres e gravada em 1968. A história de quem está ao final da vida, enfrentando a “final curtain” (cortina final) e relembrando que o importante é que riu, chorou, compartilhou derrotas e fez tudo do próprio jeito. Li em um tweet que há relatos de pacientes no Reino Unido que pediram My way para tocar quando perceberam que poderiam estar perto da despedida diante da luta contra a Covid-19.

Não me lembro exatamente quando Francis Albert Sinatra entrou em minha vida, só sei que desde que me conheço por gente que escuto sua a voz, “A voz”. Há 22 anos, ele nos deixava vítima de um ataque cardíaco e apenas 3 anos após deixar os palcos, já com problemas de saúde. Sinatra tem cerca de 150 milhões de discos vendidos, é conhecido como The voice (a voz) ou Blue Eyes (olhos azuis), duas de suas características marcantes. Aos 16 anos, ele largou a escola para se dedicar à música e foi expulso de casa pelo pai. Chegou a ser preso, em 1938, por ser galanteador demais e cotejar uma mulher com promessas de casamento. Uma de suas músicas mais aclamadas foi gravada em 1946, I’ve got you under my skin, de Cole Porter, e que é uma das primeiras memórias que tenho do contato com sua voz.

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Ao achar que sua carreira estava acabada, no início dos anos de 1950, seus biografistas apontam que tentou se matar, mas foi impedido por um dos seus produtores. Em 1953, já estava dando a virada na carreira e ganhou um Oscar, como melhor ator coadjuvante no filme A um passo da eternidade. Em 1967, se encantava pela música brasileira e gravava com Tom Jobim, levando ao mundo Garota de Ipanema em disco que gravaram juntas. Sinatra também foi importante figura no apoio da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, quando cantou para levantar fundos para a campanha e mobilizações lideradas por Martin Luther King.

Fly me to the moon, com arranjo de Quincy Jones, além de ser a música que a humanidade levou à lua, na missão Apolo 11, é uma das canções que embalou minhas histórias de amor. That’s life, para além da retomada brilhante na última montagem do filme Coringa, é música que já foi trilha de muitos dos meus maus momentos. Ou das vezes que fui dormir escutando Dream away. E dos tempos que fiquei sem escutar Goodbye (she quietly says), porque um ex me enviou quando terminamos. E a boa lembrança de cantar a plenos pulmões My way com amigos.

Frank Sinatra é marcante em muitas vidas, de diversas maneiras. E sua voz inconfundível é sempre uma companhia agradável para muitos momentos.

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Tenho tentado, há alguns anos, fazer as coisas do meu jeito, não remoendo arrependimentos, absorvendo erros e “quedas” como parte dos aprendizados, me levantando e persistindo, mudando quando necessário, menos inconstante, mas ainda bem imprevisível. E, nessa caminhada, sempre com uma boa dose de Sinatra para dar certo brilho a vida.

Obrigada pela companhia, Frank.

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