O fósforo e a pólvora
Não ando bem, incendeio dentro de casa, mas, a cada labareda, finjo que renasço das cinzas
Basta um estopim. Vai pegar fogo. Sinto que nos dias atuais, nesta maturidade pandêmica, isolada em casa, vou explodir. Penso tanta merda. Boletos, testamento, venda do apartamento da minha mãe, dívidas. O mundo vai acabar? Minha filha mais jovem com suspeita de Corona. Ah! então estamos todos contaminados em casa? Rescue. Tomava quatro gotas por noite, agora bebo o vidro em grandes goles. Não ando bem.
Esse negócio de “pico de contágio” que nunca cessa e sempre a semana seguinte é a mais perigosa. No Rio a mureta da Urca parecia Réveillon bem como o Posto 9 ao calçadão da Barra. Então o Bolso estava certo? É para achar que é apenas uma gripezinha? Nem sei mais o que pensar e como pensar.
Ando burra, em círculos, comendo o próprio rabo. Esse isolamento me trouxe insensatez e quando acho que vou entrar nos eixos, vem racismo, pedofilia, morte de um vizinho. Tá puxado “mermão”. Mas é tanta LIVE de mindfulness, ioga, respiração, autocontrole que ando confundindo tudo. Zapeio pra lá e pra cá e invento meu modus operandi do autocontrole. Não está dando muito certo. Minto pra mim que está tudo ok (talkey), mas só um idiota para achar que o novo normal vai ser melhor. Vamos renascer como nação e seremos seres mais evoluídos. Tudo balela. Peço desculpas pelo desânimo, mas incendeio dentro de casa e, a cada labareda, finjo que renasço das cinzas. Tolinha.