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Kika Gama Lobo

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Focada na maturidade como plataforma pessoal, a jornalista Kika Gama Lobo escreve sobre as sensações e barreiras que as mulheres 50+ vivenciam
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Avós siliconadas

Elas estão investindo em si mesmas

Por Kika Gama Lobo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 Maio 2019, 10h00 - Publicado em 22 Maio 2019, 10h00
 (David Pereiras / EyeEm/Getty Images)
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Aqui na Barra da Tijuca tem um personagem fictício, as tanajuras gostosonas, com derrière abundante, quase um cartão postal carioca, zanzando pelo bairro concebido, há exatos 50 anos, pelo arquiteto Lúcio Costa.

Madura como a extensa faixa de terra que compõe o território que engloba Joá, Curicica, Itanhangá, Recreio, Jacarepaguá – a Barra – repleta de modismos copiados dos States, também produz uma nova categoria. As avós siliconadas. Não sei se Bolsonaro acha que é Trump e a Avenida das Américas tem certeza que fica em Miami, mas agora, ter bunda grande está perdendo em preferência nacional para o retoque das buzinas frontais.

Euzinha fui levar uma amiga para uma consulta em um hospital barrense, o Barra Life, espécie de shopping com day clinic- nesta onda de vulgarizar o ofício do médico como se fosse padaria, e dei de cara – na sala de espera – com uma fila de mulheres 50+, todas de jeans apertados, sandálias de verniz, cabelão tratado, muitas argolas e bijoux. Encafifei. Faziam o que ali? Teste para figurante de novela? Emprego de vendedoras de shopping? Nananinanão. Estavam esperando sua hora de colocar – naquele mesmo dia – seu silicone de 300 e tantos mililitros.

Colei logo em duas para uma prosa. A primeira coisa que perguntei, com crianças ao redor – quantos anos tinham seus filhos. Caí dura ao saber que eram netos, e aqueles os mais novos pois as mães não tinham com quem deixá-los e elas, mesmo no hospital, traziam os bacuris. A cirurgia – barata para os padrões normais – custava em torno de 7 mil reais (prótese, anestesista, centro cirúrgico e 6 horas de hospital). Plano nenhum paga o procedimento e elas – arrimo de família – juntam seus trocados de muita labuta para uma nova peitchola.

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Com 57, 59, 62 e 63 anos – com cara de mais velhas e corpo de sereias – as avós siliconadas estão por todo o Rio de Janeiro. Reparem nos ônibus, metrôs, comunidades, zona de periferia. Elas estão investindo em si mesmas. Pergunte ao porquê de, nesta idade, darem um up no look. Na lata respondem: “É status. Cansei de levantar laje pra filho morar de graça comigo. Quero meu dinheiro no meu corpo!”, bradou a mais over. Me senti uma velha coroca. Quis correr pra academia e fazer 7 mil abdominais e quem sabe ganhar o viço das vóriguetes. Ser carioca madura e morar na Barra é para quem tem peito!

Leia mais: Toco bem dado

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