Camila Coutinho: “Não tenho tesão de fazer coisas só por dinheiro”
A influenciadora é a nova convidada do videocast Eu, CEO, criado por CLAUDIA para destacar mulheres em cargos de liderança e gestão. Confira o papo completo!

Camila Coutinho é uma das pioneiras do universo digital no Brasil. Ela começou sua trajetória em 2006, quando criou o blog Garotas Estúpidas como um hobby para compartilhar referências de moda, beleza e comportamento. O sucesso foi rápido: ela se tornou conhecida, abrindo portas para uma nova geração de criadoras de conteúdo.
Com o amadurecimento da sua carreira, passou a buscar projetos que unissem sua experiência com o público à criação de produtos que refletissem seu olhar sobre beleza real e acessível. Foi assim que nasceu a GE Beauty, uma marca de cuidados capilares com um foco voltado para autonomia e personalização. A proposta é oferecer um sistema de produtos que podem ser combinados entre si para atender às diferentes necessidades dos fios.
A executiva é a nova convidada do videocast Eu, CEO, criado por CLAUDIA para destacar mulheres em cargos de liderança e gestão. Conosco, ela compartilha os desafios e realizações de sua trajetória.
Para conferir o episódio na íntegra, assista ao canal Veja+, disponível gratuitamente no Samsung TV Plus (canal 2075), hoje às 19h, ou acesse nosso canal do YouTube.
Abaixo, confira a entrevista completa:
Voltando lá para o começo da história do Garotas Estúpidas, quando você percebeu que podia virar profissão e não só um hobby?
Quando reflito sobre o lugar em que cheguei hoje, penso na maneira como fui criada. E como isso contribui para que a gente se sinta capaz. Na minha casa, a educação que recebemos é vinda tanto da minha mãe quanto do meu pai. Essa relação entre a figura do pai e da filha é delicada porque a gente sabe que o mundo não é feito para nós – quando essa relação não é forte, a mulher vai mais vulnerável para um mundo que já não é fácil.
Então, em nenhum momento dessa jornada, nem no início, eu me sentia incapaz ou diminuída pelo assunto que eu estava falando. Sempre tive bom humor para lidar com isso porque até o nome Garotas Estúpidas foi dado justamente por essa brincadeira do que é futilidade para nós.

Quando foi que você, nesse momento de crescimento, teve contato com o preconceito?
Eu sou blindada contra isso porque a minha profissão é muito feminina. Mas eu tenho amigas engenheiras, médicas, advogadas que me contam várias coisas. Mas eu, Camila, tive esse grande privilégio de construir a profissão dos meus sonhos. Fui moldando as regras – até construindo junto com a profissionalização do que é ser blogueira. E fui fazendo e sendo bem-sucedida. As regras são um pouco minhas também.
Mas sinto isso muito na vida pessoal. Por exemplo: tive um relacionamento super longo. Na época em que me separei, as pessoas colocaram a culpa no meu trabalho, disseram que eu viajava demais – e não tinha nada a ver. O mundo não é necessariamente como a gente quer que ele seja. Então, a gente chega mais longe quando navega considerando essas pedras e esses pulinhos que a gente tem que dar.
Você tem uma postura muito profissional. Como você lida com isso? O que é ser profissional para você?
Comecei muito nova e entendo as semióticas, tá?! Elas são necessárias no mundo porque é sobre acúmulo de referências para a gente fazer a leitura e a gente nasce lendo alguns símbolos – alguns deles a gente vai desfazendo, mas não tem como resetar tudo de uma vez.
Imagina, comecei com 18 anos, então ia para as reuniões de short jeans. Era uma pirralha. Só que aí fui entendendo que ali era um ambiente em que não podia me vestir assim. Também fui entendendo o quanto as coisas estavam crescendo e eu precisava me adaptar de alguma maneira. Não dá para você querer quebrar todas as regras. Precisa se adaptar e depois vai implantando as suas regras. Quando comecei, minha profissão era moldável ainda. Fui ajudando a criar o que eram as linhas do profissional e às vezes tendo que ser chata também. Ninguém cobrava como influenciadora o direito de imagem digital e aí eu fui a chata que falou que precisava.

Você comentou que, quando lançou a marca GE Beauty, começou a falar mais sobre carreira. Mas seu trabalho como influenciadora já era de alta liderança. Quando você começou a se enxergar como executiva?
Depois que concebi um produto físico, as pessoas começaram a me colocar mais nessa posição, comecei a ser vista de uma maneira diferente. Só que eu já fazia há 15 anos meu trabalho de influenciadora e nunca tive uma empresária que me dissesse o que fazer.
Sempre fui a minha gestora de carreira – não só da parte financeira, mas da parte de branding, de posicionamento e dessa criação da imagem como um produto. É um ativo intangível, sensível e que você tem que ir construindo aos pouquinhos para que ele crie valor para as marcas. Hoje, trabalho com varejo e com mídia: são produtos diferentes, mas um retroalimenta o outro.
Como você se blindou, ao longo desse processo, de desconfortos sobre decisões difíceis?
Minha maior dificuldade nunca foram os outros porque sempre tomei decisões firmes. Eu poderia ter ganhado mais dinheiro do que ganhei até hoje tomando decisões diferentes, mas não tenho tesão de fazer coisas só por dinheiro. O criativo e o projeto sempre vem primeiro para mim – mas eu amo, claro, quando ganho dinheiro junto.
Quando você vai se conhecendo e amadurecendo, vai fazendo suas escolhas com mais consciência. Percebi como raiz e rotina eram importantes para mim, para a minha felicidade e até foi um dos grandes pontapés para eu criar a GE Beauty.
Você está sempre um passo na frente do que vai virar a tendência. Isso é uma estratégia de posicionamento?
Minha estratégia começou desde que comecei o blog de forma pioneira. Meu entendimento sobre estruturar aquele negócio foi rápido, eu não fiquei na informalidade. Assim que comecei a ganhar algum dinheiro, passei a pagar imposto, contratei um contador e um financeiro. No fim, você vai vendo os assuntos que está utilizando ali para se reinventar e trabalhando com isso. Existe uma nova figura aspiracional para as mulheres que constroem carreiras, então isso já leva a beleza para um outro lugar. Estou gostando de brincar com esses assuntos de well aging.

Falando de futuro, vamos falar sobre o Formando Líderes. Quando você sentiu a necessidade de criar esse projeto e como ele atua?
Foi na pandemia, no Black Lives Matter. Foi um movimento essencial e que bom que todo mundo prestou atenção. Eu via movimentos superficiais que a gente já fazia, mas decidi canalizar a energia para esse assunto que é mais natural para nós: o empoderamento feminino através do empreendedorismo. No começo, o programa era 100% digital. A gente abriu um edital para selecionar 35 projetos, monitoramos essas mulheres durante três meses e ensinamos como elas poderiam liderar com finanças.
E qual era a lacuna que mais precisava ser preenchida?
O significado de independência para as mulheres é diferente do que significa para os homens, principalmente quando envolve independência financeira. A gente vê mulheres independentes financeiramente dependendo emocionalmente. Senti que esse foi um primeiro suporte para que as mulheres pudessem fazer suas escolhas.
Meninas querendo muito, mas ainda precisando de suporte – de que também precisei.
Você falou que cada um tem seu desenho de sucesso e você é bem-sucedida, uma inspiração para outras mulheres. Como você nomeia esse sucesso e o que é mais significativo nele?
Dinheiro, para mim, significa a independência e o poder de escolha na minha vida. A gente pode tomar diversas decisões. Para mim, ser bem-sucedida significa ter poder sobre as minhas decisões para que eu possa ser feliz. Acho que meus dois objetivos na vida são evoluir como pessoa e ser feliz. Tudo que faço na vida é tentando resolver essas duas pontas.
Assine a newsletter de CLAUDIA
Receba seleções especiais de receitas, além das melhores dicas de amor & sexo. E o melhor: sem pagar nada. Inscreva-se abaixo para receber as nossas newsletters:
Acompanhe o nosso WhatsApp
Quer receber as últimas notícias, receitas e matérias incríveis de CLAUDIA direto no seu celular? É só se inscrever aqui, no nosso canal no WhatsApp.
Acesse as notícias através de nosso app
Com o aplicativo de CLAUDIA, disponível para iOS e Android, você confere as edições impressas na íntegra, e ainda ganha acesso ilimitado ao conteúdo dos apps de todos os títulos Abril, como Veja e Superinteressante.