O dia que fui num “Centro Espírita Alienígena” em São Paulo
Aquantarium, localizado em São Paulo, cultua extraterrestres (aqueles verdinhos dos filmes) e propõe a cura emocional através das energias do espaço sideral

Sou uma pessoa bastante espiritualizada desde que me conheço por gente. Já frequentei de tudo – igreja católica, centros kardecistas, barracões de candomblé e templos budistas. Atualmente, pratico a minha espiritualidade num terreiro de umbanda universalista. Mas, este ano, me deparei com algo diferente de tudo o que já havia visto: um centro espírita que canaliza a energia de alienígenas (sim, aqueles seres verdinhos) para trazer cura física e emocional às pessoas.
O lugar em questão se chama “Aquantarium” — e relaxem, que trarei informações sobre como visitá-lo ao final do relato. Bom, eu ouvi falar sobre o local através do meu namorado. Um dia desses, ele me contou que havia conhecido um “espaço muito louco”, semelhante a um centro kardecista, mas dedicado ao culto de extraterrestres. Eu fiquei tão curioso que precisei ver com meus próprios olhos.
Pesquisei o endereço, pegamos o carro e fomos numa quinta-feira à noite. Chegando lá, a fachada aparentava ser comum: os muros eram amarelos, haviam algumas espadas de São-Jorge espalhadas pelo quintal e uma pequena estátua de um leão dourado enfeitava a entrada. Nada demais! Mas ao entrar lá, o negócio ficou bem diferente…
Logo de cara, fomos recepcionados por uma funcionária que nos perguntou se era a primeira vez que estávamos indo lá. Respondemos que sim, e ela começou a explicar um pouco sobre o funcionamento: “Aqui, nos conectamos com seres que habitam dimensões superiores às nossas. Como é a primeira vez de vocês, primeiro vou dar uma fichinha de desobsessão. Precisamos limpar algumas vibrações terrestres pesadas. E depois que frequentarem aqui por cinco semanas seguidas, consigo liberar passes alienígenas para a saúde e sucesso profissional.” Fiquei ainda mais curioso.
Ouvimos uma galera recitando uma língua esquisitíssima, provavelmente pertencente a algum outro planeta bem distante de nós. Até ficaria com medo, se não estivesse tão impressionado
Então, pegamos as fichas de atendimento e fomos para o salão principal, onde falaríamos com alguns especialistas para receber mais instruções. No meio do caminho, ouvimos uma galera recitando uma língua esquisitíssima, provavelmente pertencente a algum outro planeta bem distante de nós. Até ficaria com medo, se não estivesse tão impressionado.
Passamos por uma lojinha com artigos do espaço sideral, e quando finalmente entramos na ala central, fiquei chocado com o que vi: quadros enormes de alienígenas espalhados por todos os cantos, telões passando palestras com temáticas espaciais e pinturas intergalácticas que iam até o teto. Em uma delas, havia um tabuleiro de xadrez quilométrico flutuando em uma realidade alternativa. Já em outra, um ser enigmático passeava em cima de um arco-íris que cruzava buracos negros. A decoração era o equivalente a uma boa viagem de alucinógenos (daqueles bem pesados).
https://giphy.com/gifs/alien-mask-flirt-GGgVfLet1yJos
Enquanto esperávamos para ser atendidos numa cadeira branca de plástico (uma das poucas coisas ‘comuns’ deste lugar), reparávamos nos frequentadores. Todos pareciam sérios, concentrados e conectados com a vibe cósmica de lá. Ninguém abria a boca, e tudo o que conseguíamos ouvir era um coro recitando aqueles termos incompreensíveis lá no fundo do centro.
Depois de uns dez minutos, uma outra funcionária chegou para explicar como funcionava a desobsessão: segundo ela, antes de entrar na sala para receber um passe de nossos amigos extraterrestres, precisávamos anotar um pedido num pedaço de papel e colocá-lo numa urna de vidro. No final do dia, eles iriam “transmutar” todos aqueles desejos e enviá-los para outras dimensões.
Até aí, já estávamos deslumbrados com a esquisitice charmosa do “Aquantarium”. Contudo, as coisas ficaram ainda mais exóticas ao chegar a hora de fazer a aguardada desobsessão — para quem não conhece, este é um processo espiritual em que almas ou energias negativas presas à você são distanciadas com o auxílio dos bons espíritos.
https://giphy.com/gifs/studiosoriginals-Eqw0CSSDecDqssE882
Após andar por um corredor estreito e um pouco escuro, entramos numa outra sala onde dezenas de médiuns formavam uma roda. Fomos orientados a ir para o meio do círculo e não fechar os olhos de jeito nenhum. Logo em seguida, todos os membros do ambiente alienígena estenderam suas mãos para nós e começaram a repetir as frases mais estranhas que já ouvi na vida: “Magnetismo do canguru. Magnetismo da tesoura eletrônica. Magnetismo do furacão. Magnetismo do computador cibernético”. Até aí, tudo já estava bem inusitado. Porém, o pessoal começou a falar aquela língua estranha que eu ouvi lá no começo: “Sibilin esmirim. Raxismin, Raxismin.” E o restante, eu realmente não consigo nem ao menos mimetizar.
Assim que acabou, os funcionários perguntaram se alguém havia passado mal com a irradiação intergaláctica. Para o alívio geral, todos estavam vivos. Ufa! Na saída, a moça que nos recepcionou disse que haveria um ritual de conexão alienígena no final de julho. Se quiséssemos participar, deveríamos trazer alguns cristais e nos preparar para um dia intenso de contato com os seres lá de cima.
Acabei não indo, mas o mais interessante de tudo: não é que eu fiquei mais tranquilo e relaxado depois de passar pela desobsessão que usou o magnetismo do canguru?
Aquantarium: como visitar?
Para os curiosos, o “Aquantarium” está localizado na Região Sul de São Paulo. O centro possui duas unidades na cidade:
- Rua Juréia, 720 – Saúde
- Rua Vergueiro, 6651
Os tratamentos alienígenas acontecem toda quinta-feira, a partir das 19h30. Para mais informações, acesse o site oficial.