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Traição pode ser vício? Entenda a questão do BBB

Polêmica viralizou após conversa no BBB 24 entre Yasmin Brunet e Vanessa Lopes

Por Da Redação
Atualizado em 26 jan 2024, 12h23 - Publicado em 26 jan 2024, 12h11
Trair pode ser um vício? Desvendamos a polêmica
Trair pode ser um vício? Desvendamos a polêmica (RDNE Stock projec/Pexels)
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Assistindo ou não o BBB 24, é difícil se alienar das diversas polêmicas que são discutidas na casa mais vigiada do Brasil. Dentre elas, uma conversa recente entre os participantes  Yasmin Brunet, Vanessa Lopes e MC Bin Laden despertou interesse (e raiva) ao abordarem o tópico: traição e infidelidade. Na conversa, a cantora afirmou acreditar que alguns homens traem suas parceiras por vício ou compulsão, chegando a comparar os casos a uma possível doença. 

“Mas você sabia que eu não consigo julgar eles [homens que traem] também? É válvula de escape, é vício, é doença. Gente, traição é doença. Tem uns que eu acho que é vício”, afirmou a influenciadora digital.

A conversa deu muito o que falar para além da casa e, inclusive, deixou em aberto o questionamento: Trair pode ser um vício ou é mais uma desculpa para perdoar os erros dos homens? 

Trair é vício?

“Não dá para dizer que traição é uma doença. Esse comportamento tem a ver com a personalidade do indivíduo, isto é, com a dificuldade de lidar com os relacionamentos e com os problemas emocionais, além da falta de diálogo com o parceiro”, comenta Marina Vasconcellos, psicóloga e terapeuta familiar e de casais.

Contudo, a especialista destaca que o ato somente pode ser considerado uma doença quando o indivíduo é diagnosticado com ninfomania (mulheres) e satiríase (homens), ou seja, a hispersexualização do indivíduo – na qual há uma compulsão por relações sexuais.

Marina especifica que, nesses casos, a pessoa sente um desejo sexual mais intenso e precisa ter várias relações sexuais no dia ou, então, se ele não conseguir ter diversas relações, se masturba diversas vezes durante o decorrer do seu dia. E mesmo depois de ter transado, a pessoa não se sente satisfeita. Mas, antes de cogitar na possibilidade dos nossos parceiros terem a doença, é importante lembrar que a condição deve ser diagnosticada por um profissional de saúde.

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A especialista ainda frisa que acredita que a traição é um ato impassível de justificativa, tendo a ver com uma falta de empatia e uma necessidade – que ela aponta como egocêntrica – de se autoafirmar, seja por problemas de insegurança ou para se sentir potente e valorizada.

“Não é passivo de defesa. A defesa, em uma terapia de casal, acontece quando ambas as partes na relação expõem como a relação estava e o que levou até esse momento, desde desencontros até alguma falta de atenção”, reflete sobre a traição como vício ser usada como justificativa para alguns homens.

No Brasil, inclusive, diversos argumentam que trair é algo cultural e, para alguns, inevitável – como apontado por Lopes dentro do reality. Segundo uma pesquisa realizada pelo Gleeden, aplicativo de encontros para mulheres, 62% dos brasileiros consideram a infidelidade algo natural, além de descobrir que oito em cada dez brasileiros consideram que é possível amar e ser infiel. 

A normalização da traição está ligada a construção machista e patriarcal inserida na sociedade. “Eu acho que a gente ainda carrega essa coisa do masculino poder e a mulher não. O homem sempre pode muito mais. Ele tem o direito de trair. Ele saía, ia trabalhar, trazia o sustento e a mulher ficava em casa”, coloca.

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O que leva à traição?

Seja por insegurança ou traumas, a traição tem diversas origens, sendo impossível que identifiquemos um único agente causador dos casos de adultério, sendo uma série de fatores determinantes na vida pessoal.

“A pessoa provavelmente teve na sua criação pais que não deram afeto o suficiente, amor o suficiente, que deve ter tido algum apego inseguro na infância, e você teve exemplos de traição em casa, conviveu com pessoas que te maltrataram, então tem muitas possibilidades, muitas variáveis que levam uma pessoa a não se comprometer com o relacionamento”, reflete a terapeuta de casais. 

A traição geralmente está associada com traços narcisistas que indicam uma falta de tato com relacionamentos. Com isso, a pessoa que trai não consegue conversar ou expor sua insatisfação com a relação e acaba traindo porque acha mais fácil resolver com outra pessoa do que com o seu parceiro – o que, de qualquer forma, continua sendo responsabilidade única do traidor. A consequência, na maioria das vezes, é um dano irreparável em uma relação que poderia ser trabalhada por conversas e terapia.

Nesses casos, é importante que, caso o casal determine que ainda há vida no relacionamento, as traições sejam conversadas pelo casal, não como uma forma de desculpas, mas para compreender de onde veio essa motivação de ferir o relacionamento.

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“Essa pessoa que trai constantemente os parceiros, muitas vezes, está querendo chamar atenção para si, pedir alguma coisa. ‘Olha pra mim, eu estou aqui traindo e você não vê que você está me perdendo?!’”, entende Vasconcellos.

Por que continuamos a justificar?

Apesar da afirmação de Lopes ter gerado polêmica nas redes sociais, a verdade é que tratar a traição como um vício incontrolável é um cenário comum entre as mulheres brasileiras e acaba por retirar – mesmo que de forma inconsciente – a culpa dos homens diante de suas próprias ações. “O que leva mulheres a acreditar que traição é vício é a falta de informação de saber o que é a doença e o que não é”, completou Marina.

A mulher justificar esses abusos também está ligado com a construção machista da sociedade. Uma vez que, muitas vezes motivadas pelo medo, preferem perdoar traições, temendo que o homem possa machucá-la ou prejudicá-lá financeiramente, dando margem para ainda mais problemas na relação, perpetuando um ciclo de violência e abuso contra a mulher.   

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