De tapetes à jeans: 10 marcas que reaproveitam resíduos
De olho nos marcadores de sustentabilidade e no bem-estar do planeta, grandes corporações e pequenos artesãos buscam soluções criativas e belas
Grandes produções geram toneladas de resíduos que acabam, com sorte, nos aterros sanitários. Em casos mais complexos, eles param no fundo dos oceanos e ameaçam a vida marinha. Mas muitas marcas já buscam soluções criativas e belas para reaproveitar sobras de tecidos, cerâmicas, alumínio e até de pisos vinílicos.
Da decoração à moda, conheça 10 marcas que dão vida nova aos seus resíduos.
Do décor à moda
A Galeria Hathi, loja carioca de tapetes, reaproveita os recortes de seus tapetes provenientes da Índia, Turquia e Paquistão, sendo a maioria kilims tradicionais de lã com algodão, e os transforma em bolsas! Batizada de Kilim Bags, a coleção que está em sua segunda edição conta com 50 peças únicas desenvolvidas pela estilista e artista plástica Celeste Loio. As bolsas têm o mesmo nome de seus tapetes de origem: Khalis, Ankara, Maio, Amal, Selene, Canga, Dheli, Xadrez etc.
De volta à fábrica
É impossível comprar revestimentos e após a instalação no ambiente não haver sobras. Nem o melhor calculista consegue tal proeza. No caso das réguas vinílicas da Tarkett, essas sobras e recortes podem ganhar uma nova vida. Em parceria com revendedores e instaladores, o material é coletado e volta para a fábrica, onde é reciclado para voltar às lojas novinho. Por enquanto, o processo só pode ser realizado nas peças que não foram “contaminadas” com colas e adesivos, mas a marca já busca ampliar a tecnologia. Implementado em 2018, até o final do ano passado, a Tarkett já reciclou mais de 120 toneladas de pisos a partir do programa.
Lona fashion
A Galeria das Lonas, empresa de decoração para áreas externas, produz ombrelones, toldos e estofados. As sobras dos tecidos provenientes da produção destes itens ganham vida nova no mundo fashion e tornam-se ecobags personalizadas. As bolsas são coloridas e podem ganhar as iniciais do nome do cliente. Pensando em expandir a linha, já estuda a possibilidade de transformar estes tecidos em outros acessórios e, dessa forma, reduzir ainda mais a produção de resíduos.
Jeans circular
Atuando de forma colaborativa, a C&A combina sobras de resíduos jeans provenientes de seus fornecedores e peças de pós-uso que os consumidores da marca descartam em urnas espalhadas por suas lojas. O material coletado é transformado em um novo tecido e, consequentemente, em novos produtos.
Vale ressaltar que os consumidores podem descartar peças de qualquer marca nas urnas espalhadas pelas lojas C&A. A marca separa os produtos que ainda estão em boas condições de uso e doa para instituições de caridade. O programa faz parte do Movimento ReCiclo.
Rebobinando
Os resíduos do processo fabril da Cerâmica Atlas que ainda não foram queimados, assim como os que já passaram pelo processo de queima, mas estão fora dos padrões de qualidade, são destinados ao processo de moagem. Lá, são moídos novamente e se tornam parte da composição dos produtos da linha REC, que consistem em revestimentos cerâmicos, em diversas cores, no formato 10 x 10 cm.
Bottega renascentista
Em um espaço onde convivem artesãos experientes e aprendizes, é onde vive a by Kamy Verde – unidade criativa da by Kamy que produz tapetes e tapeçarias a partir dos fragmentos de produção de outros tapetes. O trabalho é totalmente artesanal e exclusivo, já que depende do material remanescente. A linha verde conta também com assinaturas de peso, como Paulo Alves, Kiko Maldonado, Kátia Canton e Attom Design.
O céu é o limite
A Maiori Casa, marcas de soluções têxteis (tapetes e tecidos) para a decoração, reaproveita as sobras das produções tanto para o desenvolvimento de tapeçarias quanto obras de arte, pufes e tapetes. A coleção pufes Amara, por exemplo, é desenvolvida e vestida com retalhos de tapetes da marca.
Fez-se a luz
A Lumini realiza o reaproveitamento do alumínio em todas as etapas de seu processo produtivo. Até mesmo a rebarba, resultante do corte das chapas do material para a realização das cúpulas das luminárias, volta à linha de reprodução evitando qualquer desperdício da matéria-prima. Na linha Easy, por exemplo, as cúpulas das luminárias são feitas de alumínio. A coleção assinada por Fernando Prado conta com quatro modelos diferentes.
Brindes do bem
Além de madeira, a Ornare trabalha com outros revestimentos como couro, vidro e metal. Um dos projetos sociais adotados pela empresa foi o de doar os retalhos dos materiais usados na produção de móveis para o Comitê de Solidariedade pela Vida, uma ONG sem fins lucrativos que oferece assistência a mais de duas mil famílias no município de Itapevi (SP). A entidade produz brindes sustentáveis e exclusivos, como bolsas e carteiras, que são comprados pela Ornare para presentear clientes e parceiros da marca, gerando renda para a ONG e trabalho para comunidades carentes.
Refazenda
Quando a pernambucana Magna Coeli criou a Refazenda, o objetivo era resgatar as memórias da infância, quando criava roupas para suas bonecas a partir dos retalhos do ateliê do pai que era alfaiate, e da mãe, costureira. A marca já tem 32 anos e é conhecida por sua confecção autoral sem criar resíduos. Os retalhos aparecem fortemente nas peças masculinas, que ganham nas golas um tecido diferente do resto da camisa. Também fazem sucesso as roupas dupla face, que possibilitam variar o look com a mesma peça, e as roupas adaptáveis, como os macacões que viram calças e camisas individualmente. Já os acessórios mesclam retalhos e o papelão usado nos rolos de tecidos. A marca está à venda na Nordestesse.