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Wicca: conheça esta bruxaria moderna, inspirada em nos antigos cultos pré-cristãos

De onde veio e como funciona o culto à Deusa Mãe, que dissemina o resgate do sagrado feminino

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 15 jan 2020, 11h17 - Publicado em 1 dez 2013, 21h00
Redação Bons Fluidos - Edição: MdeMulher (/)
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Foto: Getty Images


Os fundamentos filosóficos e religiosos da wicca resgatam crenças e rituais praticados pelos celtas, que eram habitantes da Inglaterra, da Irlanda e do País de Gales. Aquela civilização enxergava a vida sob uma ótica mágica. Os homens se dedicavam à caça e à pesca enquanto as mulheres, além de gerenciar a vida doméstica, eram grandes sacerdotisas e xamãs, detentoras do poder religioso. O respeito ao feminino estava diretamente ligado aos mistérios da procriação, uma vez que os varões ainda não tinham associado o ato sexual à concepção e, portanto, entendiam a chegada dos bebês como uma encomenda divina.


Com o advento do patriarcado e a tomada de consciência do poder reprodutor masculino, o culto à Deusa Wicca e aos valores femininos passou a ser severamente reprimido – basta lembrar a caça às bruxas na Idade Média. Seguidores e estudiosos da wicca creditam a perda de prestígio e de validação social e espiritual da mulher à ascensão do cristianismo e sua crença num Deus masculino e soberano. Para se ter ideia, na Inglaterra e em outros países europeus, as últimas leis contra a bruxaria foram revogadas somente em 1951. No entanto, a censura oficial não impediu que adeptos se organizassem secretamente, mantendo o paganismo ativo por séculos.

 

Foi assim que a tradição chegou aos dias de hoje, mais valorizada que nunca, sobretudo pelos jovens. O número de convertidos vem crescendo nos últimos 15 anos, sendo o Brasil uma das principais vozes do movimento pagão mundial. Tal interesse se explica, segundo Prieto, pelo fato de que o planeta atravessa um período de enaltecimento da ampliação não só das consciências ética e espiritual como também do autoconhecimento, o que resulta em maior respeito à diversidade, à igualdade, à cidadania e ao meio ambiente – todas essas diretrizes preconizadas pela wicca. “As minorias se identificam com essa religião porque se sentem acolhidas. Aqui não há preconceito de espécie nenhuma”, ele destaca, e enfatiza: “Nosso único dogma é: `Faça o que quiser, desde que não faça mal a nada nem a ninguém’”.

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É por isso que o cerimonial wiccaniano reverencia, por exemplo, a passagem das estações do ano ao longo de oito celebrações, os sabbats solares, bem como a entrada de cada lua cheia nas festividades chamadas esbats lunares, além de plantios e colheitas. Os adeptos também se valem de formulações à base de óleos e ervas destinadas à cura do corpo e às demandas do espírito, rotina denominada magia natural, cujo objetivo é purificar o ser e os ambientes, assim como direcionar o foco interior para a realização de propósitos dos mais diversos, por meio da emanação de energia, sentimento e intenção.

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No dia a dia, os pagãos se mantêm sintonizados com o divino e com as forças da natureza em tempo integral. Isto é, quem cultua a Mãe Terra vislumbra sua presença e sabedoria em tudo: nas lunações, nas árvores, em rios, mares, pedras, animais e também dentro de nós, crias dessa potência geradora da vida. Em termos práticos, o poder do feminino – presente nos homens também, é bom lembrar – se traduz pela capacidade de criar, intuir, nutrir, transformar, moldar e acolher, mas, ao mesmo tempo, desafiar, ensinar e se posicionar, como expõe a educadora Jussania Peres, sacerdotisa da Tradição Diânica Nemorensis – ramo da bruxaria que admite sacerdotes de ambos os sexos – e facilitadora do grupo Encontros com a Mãe Terra, ao lado da estudante de psicologia Jennifer Santos e da assistente social Julia Gouveia, também sacerdotisas da mesma linhagem, de São Paulo.

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No entanto, apesar de pulsar em cada mulher, a força da Deusa pode estar adormecida, alerta Jussania. “A maioria ainda se encontra ferida, reprimida, contida, alheia ao próprio poder, uma vez que ele foi embotado ao longo da história pelo domínio masculino”, diagnostica. Outro desajuste muito comum, aponta Jennifer, diz respeito ao enrijecimento frente às cobranças do mundo corporativo e também devido à disputa de poder dentro dos relacionamentos conjugais. Polarização esta que afasta a mulher do seu potencial criativo, agregador e intuitivo, mas que é perfeitamente reajustável. “Como sacerdotisas, somos as guias, aquelas que mostram o caminho para que a mulher possa se apoderar da sua essência e, com isso, desabrochar, libertando-se da tendência a depender da validação de referências externas”, sublinha Jussania. O despertar pode se iniciar por meio da leitura de obras relacionadas ao tema, da visita a rituais públicos ou por meio da adesão a círculos de mulheres, como o promovido pelo trio. “Nos Encontros com a Mãe Terra, acessamos o poder da Deusa de formas lúdicas, meditativas e reflexivas”, afirma Julia. As iniciadas garantem: a exemplo da Mãe primordial, sempre é tempo de semear e renascer.

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