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Você sente culpa? Saiba como se livrar dela

Entenda a origem desse sentimento angustiante e evite-o

Por Bruna Carolina Carvalho
Atualizado em 17 fev 2020, 14h03 - Publicado em 29 ago 2019, 08h00

Quantas vezes você se sentiu culpada hoje? Seja por não ter dado atenção suficiente às demandas dos filhos, por ter dormido demais e se atrasado para uma reunião importante, seja por ter escapado da dieta. A culpa é uma certeza. Isso porque, em prol da vida em sociedade, abrimos mão de alguns desejos individuais e estabelecemos regras e leis.

“O sentimento surge quando transgredimos esses limites sociais, rompendo esses acordos. Em outras palavras, vem da possibilidade de devermos ao outro”, explica a psicanalista Sandra Niskier Flanzer, do Rio de Janeiro.

É claro que a culpa atinge a todos. A diferença é que as mulheres costumam expressar mais aquilo que sentem. E, em uma cultura que cobra delas que sejam boas mães e esposas, que se mantenham belas e jovens e que conciliem tudo isso com sucesso profissional, não surpreende que seja impossível o cumprimento de todos esses quesitos com perfeição.

Daí surge a sensação de que estão falhando. A crítica repetitiva é extenuante. Portanto, para a vida ser mais leve, procure refletir e entender mais sobre a sua culpa. Especialistas indicam o caminho. Confira:

1. Diferencie culpa de responsabilidade

Antes de sair por aí se considerando culpada por algo, avalie qual a sua real responsabilidade sobre aquilo. O desfecho da situação seria diferente se você tivesse agido de outra forma? “Às vezes, a culpabilização impede que a pessoa tire aprendizados dos próprios atos”, afirma a psicanalista Sandra Niskier Flanzer.

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Analise suas atitudes evitando encará-las com olhar crítico excessivo ou até mesmo inocente. Não é questão de certo e errado, mas de avaliação do seu comportamento para que ele não se repita caso seja negativo.

2. Aprenda a dizer não

Criadas para cuidar dos outros, as mulheres acabam assumindo a responsabilidade pelo bem-estar e pela felicidade dos que estão à sua volta: pais, filhos, marido, amigos, colegas de trabalho. Responder a um pedido ou a um convite com um honesto e conciso não, sem justificativas, costuma levar a uma imensa sensação de culpa.

Entretanto, segundo a antropóloga Mirian Goldenberg, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, essa prática precisa ser exercitada para que estabeleçamos limites para nós mesmas e para os outros. “Aprender a falar não com coragem talvez seja o mais difícil para a mulher, porque as cobranças são grandes e vêm da família e de si própria. Só que, ao aceitar tudo, ela nega seu tempo pessoal.”

Comprometa-se a topar compromissos e encontros que realmente lhe interessam. E observe suas atitudes para não ficar fazendo malabarismos na agenda na tentativa de agradar a todos.

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3. Reduza expectativas

O perfeccionismo é um grande disparador de culpa. A boa notícia é que ninguém consegue realizar todas as tarefas com 100% de aproveitamento. “O perfeito não existe, mas, sim, o possível, o necessário dentro de certas condições”, pontua Rogéria Taragano, psicóloga clínica e colaboradora do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo.

Aceite que, em alguns momentos, você vai priorizar o aspecto profissional da sua vida e, em outros, o familiar. “A culpa é consequência de acharmos que deveríamos ser completas, mas não somos. Se pudermos admitir que sempre fazemos escolhas e que ficamos divididas com nossos desejos, que nem sempre somos coerentes, pacificamos um pouco mais a rotina”, acrescenta a psicanalista Sandra.

Café derramado
(Getty Images/Reprodução)

4. Busque se conhecer

Uma saída para atenuar a sensação de culpa é entender que muitos de nossos sofrimentos são culturais, não vêm de desejos pessoais, mas da educação que recebemos e das pressões impostas pela sociedade. “Acabamos internalizando esses pensamentos”, destaca Mirian.

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Fazer terapia e cursos e ler livros que levem ao autoconhecimento ajuda a distinguir nossas expectativas das dos outros. A psicóloga Rogéria sublinha a importância de, nesse processo, desenvolver autocompaixão para aceitar limitações, porém sem se deixar cair no conformismo. “É cuidar para não buscar padrões irrealistas que nem sequer são nossos.

5. Respeite seu corpo

Há dias em que a culpa é por não ter ido à academia ou por ter comido um brigadeiro no meio da dieta. Vamos com calma. Caso a preocupação seja com a saúde, admita que não é um único dia que fará um estrago e compense depois.

Se for por motivos estéticos, reflita se o corpo idealizado pela sociedade é realmente um desejo seu. “Muitas pessoas têm uma preocupação grande em relação ao olhar do outro. Quando a autoestima é baixa, o foco fica centrado na aprovação externa”, afirma Rogéria. “Trazer o olhar para si mesma, para os próprios objetivos e sonhos, é muito importante.”

A partir daí, encare a figura refletida no espelho com uma dose de bondade e de permissividade.

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6. Não se compare com os outros

A securitária Tatiana Rosa Pinheiro Kusaba, 37 anos, mãe de Rubens, 5 anos, e Rebeca, 8, fala da culpa como velha companheira. Uma das razões é a comparação constante com a própria mãe.

“Ela é do lar, sempre cuidou de tudo. Lavava os uniformes, passava as camisas do meu pai, fazia o jantar”, recorda. Comandando mais de 40 funcionários, Tatiana precisa se lembrar diariamente de que é impossível dar conta do cuidado da família com o mesmo zelo. “Ainda assim, às vezes vejo que o uniforme da minha filha está descosturado e penso: ‘Meu Deus, que tipo de mãe sou eu? O que as outras vão achar de mim?’.”

A psicóloga Rogéria sugere interromper esse tipo de julgamento e, em vez de focar no outro, usar critérios pessoais para avaliar seu desempenho. Entenda quais são seus objetivos e como você está se aproximando deles, de que maneira você está trilhando o caminho em direção à pessoa que quer se tornar.

“Qualquer tentativa de equiparação com o próximo é injusta. Ele tem diferentes condições, metas e características”, conclui Rogéria.

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7. Pare de se importar

Em seu mais recente livro, ‘Liberdade, Felicidade e Foda-se (Planeta)’, Mirian Goldenberg defende um exercício interno e lúdico para se libertar das amarras dos preconceitos e julgamentos que fornecem combustível para a culpa: “Apertar o botão do foda-se”.

Ela garante que não é uma prática agressiva ou violenta. “É um comportamento desenvolvido pelas mulheres que ouvi em minha pesquisa – especialmente aquelas com mais de 60 anos – para sentirem que a vontade delas é mais determinante para a felicidade do que o que os outros vão pensar”, afirma. Isso inclui dar menos importância às opiniões alheias, que vêm carregadas de projeções do outro.

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