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Star Wars: em “Os Últimos Jedi”, o protagonismo é feminino

Novo episódio da franquia chega aos cinemas. CLAUDIA foi até o México e aos EUA conversar com a heroína e a vilã da trama

Por Isabella Marinelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Marianne Morisawa
Atualizado em 14 dez 2017, 11h41 - Publicado em 14 dez 2017, 09h30

Em uma galáxia muito distante se passa uma história que já dura 40 anos. Guerra nas Estrelas chegou aos cinemas em 1977 com um universo revolucionário de planetas e seres desconhecidos em que o bem vence o mal. Seus protagonistas foram eternizados e, desde então, fãs lotam as salas de cinema a cada lançamento. Este mês, sai o oitavo filme, Os Últimos Jedi. A grande promessa é que Rey, interpretada pela atriz britânica Daisy Ridley, 25 anos, finalmente comece seu treinamento para se tornar cavaleira – ela apareceu em O Despertar da Força, em 2015. Quem pode instruí-la é Luke Skywalker, papel de Mark Hamill desde o primeiro episódio da série. Ele também teve que descobrir a “força” e lutar contra o “lado negro” quando jovem.

Apesar das semelhanças, seria injusto definir Rey apenas como a versão feminina de Luke em uma nova geração de filmes. Ela tem atributos próprios e vem para aplacar a carência de mulheres no universo nerd – que até agora tinha como maior figura a Princesa Leia (Carrie Fisher). Daisy não toma tanta responsabilidade para si. Quando questionada sobre ser um ícone para as meninas, a atriz disfarça cheia de humor. “Não carrego a galáxia nos ombros, mas admito que é incrível vê-las vestidas como Rey”, completa.

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a magia dos efeitos especiais quase torna real a galáxia fantástica da saga. (Reprodução/Reprodução)

Longe do biquíni dourado que sexualizou Leia em O Retorno de Jedi (1983), os novos longas não fazem do corpo o atributo mais exaltado delas. Rey, por exemplo, usa ataduras funcionais e nada reveladoras. Por sua vez, a vilã, a capitã Phasma, interpretada por Gwendoline Christie, aparece coberta da cabeça aos pés por uma armadura cromada. A inglesa de 39 anos, que também vive Brienne de Tarth na série Game of Thrones, repete o papel de líder dos stormtroopers (os soldados vestidos de branco). “Ela demonstra violência pura, sem filtros – algo raro de ver em uma personagem feminina”, explica Gwen, como gosta de ser chamada.

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O filme comprova que ter mais mulheres envolvidas com cinema traz resultado. A equipe da poderosa Kathleen Kennedy, presidente da produtora Lucasfilm, tem mais da metade das vagas preenchida por executivas. E elas não querem apenas vender sabres de luz ou aumentar o faturamento da bilheteria com as meninas, mas deixar a marca da diversidade na história dessa arte.

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Duas membros dessa poderosa equipe conversaram com CLAUDIA: Daisy Ridley e Gwendoline Christie.

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Daisy Ridley

CLAUDIA: Rey é uma heroína de magnitude em geral atribuída aos papéis masculinos, especialmente na ficção científica. Como isso aquece o debate da representatividade no cinema?

Daisy Ridley: A Princesa Leia foi a primeira feminista de Guerra nas Estrelas. Eu sigo um caminho aberto por Carrie Fisher há muitos anos e com muito custo. Quanto à cena cinematográfica geral, sem dúvida é animador observar que velhas histórias estão sendo remodeladas para garantir o destaque merecido às mulheres.

Além de Carrie, você teve outras referências femininas?

Passei minha infância e juventude cercada por amigas da minha mãe e da minha avó. Elas me mostraram que eu podia me dedicar totalmente à carreira, à família ou ter os dois. As possibilidades eram naturais para mim. Dentro do cinema, entretanto, foi algo que demorou a ocorrer. Lembro de uma das minhas irmãs reclamar bem cedo das personagens femininas. Ela as achava chatas, entediantes. A mocinha sempre era a namorada ou melhor amiga. Não havia profundidade ou independência do papel masculino. Isso com certeza mudou. Na composição da Rey e em Guerra nas Estrelas como um todo, acredito que transcendemos essa questão. Não há características que definem os papéis por gênero. Então todos podem ser fontes de inspiração ou referência.

A indústria cinematográfica ainda é muito machista. Recentemente, uma onda de denúncias de crimes sexuais contra atores, diretores e produtores expôs o sexismo nos bastidores. Como uma atriz em início de carreira encara esse cenário?

É assustador. E o que me deixa ainda mais triste é pensar nas milhares de mulheres não famosas que passam por isso e ainda não têm voz para denunciar. Elas são assediadas todos os dias no trabalho, mas não estão em filmes, não dão entrevistas às revistas nem podem fazer grandes discursos e aparecer nos jornais. Ficam caladas, em sofrimento. Quando aquelas que estão sob os holofotes levantam suas vozes, elas dão força para todas as outras fazer o mesmo. E é assim que teremos progresso.

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Você se considera uma feminista?

Nunca passou pela minha cabeça um mundo em que não houvesse equidade entre homens e mulheres. É o patamar que devemos lutar para alcançar.

Abandonada pela família, Rey (Daisy Ridley) irá atrás de suas origens. (Reprodução/Reprodução)

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Gwendoline Christie

CLAUDIA: Você topou interpretar uma personagem que tem o corpo e o rosto, ferramentas importantes para o ator, cobertos. Por quê?

Gwendoline Christie: Achei incrível o fato de colocarem uma mulher coberta. Na sociedade patriarcal em que vivemos, as personagens femininas usam o corpo como fator de atração para ganhar status. Não precisa disso. Phasma tem força mesmo de armadura. É um conceito muito moderno e combina com a franquia. Eu me lembro de pensar por que gostava da Princesa Leia. Ela era inteligente, engraçada, não caía na mesmice de todas as outras personagens femininas do cinema. Isso ficou na minha cabeça desde criança e me fez questionar o que era importante.

Sua personagem em Game of Thrones também é uma guerreira de armadura. Ela não é exaltada pela aparência. Busca papéis desse tipo?

Tenho tido sorte com meus papéis. Mas também acho que com a internet, as mulheres são mais ouvidas e elas pedem as tramas que lhes interessam. Querem se ver representadas, e nosso mundo é repleto de diversidade.

Não é segredo que as mulheres são julgadas de acordo com um padrão de beleza. Como lidou com isso?

Sempre fui diferente. Quando criança, regras e estereótipos não faziam sentido para mim, eu não me encaixava. Sofri muito bullying na escola porque não aceitava me comportar como uma menina submissa. Meus pais foram ótimos. Eles me diziam que eu era forte e única. Ofereceram apoio quando fui procurar uma turma que tinha mais a ver comigo. Assim cheguei aos escritores, músicos, artistas em geral. Encontrei quem me exaltasse como eu era.

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Acredita que consegue por meio do seu trabalho e da exposição dos seus valores impulsionar a discussão do espaço feminino no cinema?

Infelizmente, este é um assunto de que ainda vamos falar muito. Mas fico feliz em fazer parte, ter certeza de que não vai morrer o debate. Quando me formei na escola de artes dramáticas, há 12 anos, não achei que fosse participar disso, porque nem sabia se ia conseguir entrar em um projeto que chamasse a atenção. Meu desejo é chegarmos a um ponto de evolução que não fará mais sentido ter essa conversa.

 

“Gosto de saber que a importância desta personagem não tem a ver com o quão atraente ela é”, diz Gwen Christie, a capitã Phasma (Reprodução/Reprodução)

 

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