Erika Pontoldio criou ‘treinamento’ para dar autonomia ao filho
Com estímulo e dedicação, pessoas com Trissomia 21 podem ser ainda mais independentes
Foi durante a gravidez que Erika Pontoldio Silveira descobriu que seu filho Davi, hoje com 7 anos, era uma criança T21. É a sigla da Trissomia 21 – mais conhecida como Sindrome de Down. “Eu perdi o chão, a gente não considera todas as possibilidades e senti medo de tudo”. Ao receber o diagnóstico, Erika e seu marido Renato Del Santo começaram a questionar como seu filho enfrentaria a vida, tendo em vista que seu desenvolvimento intelectual seria diferente de outras pessoas.
Em uma viagem aos Estados Unidos para fazer o enxoval do Davi e organizar os preparativos para sua chegada, um simples fato do cotidiano mexeu com Erika. “Era só um grupo de adolescentes conversando, mas aquilo me pegou. Questionei o que teríamos que fazer pra ele ter autonomia na vida, mas principalmente na adolescência, que é uma fase complicada”, revela.
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O casal vivenciou outras situações que o fizeram decidir que começariam um treinamento desde a infância para que Davi tivesse independência quando se tornasse um adulto. Com terapia ocupacional e auxílio de outros profissionais, Erika fazia estimulações a fim de desenvolver seu filho para ser livre no mundo. A mãe do menino explicou que a série de exercícios foi carinhosamente apelidada de “Treinamento de um Rei”.
Para ela, o segredo para o desenvolvimento de um T21, além de uma equipe de profissionais e uma rotina de cuidados, é comemorar cada pequena conquista da criança. Segundo Erika, é fundamental para que a criança se sinta segura para caminhar sozinha e confiante. “Cada conquista é uma vitória para os pais. Tudo é muito tardio quando se é um T21. Davi andou com um ano e nove meses, então essa foi a principal grande conquista, sempre que ele aprende algo, fazemos festa”, contou emocionada.
Com um ambiente familiar pra lá de encorajador, Davi só foi perceber certas limitações em relação às outras crianças na escola. Certa vez, ele não conseguia pular corda, por exemplo. Em momentos como esse, o acompanhamento escolar foi fundamental, segundo Erika.
Compartilhar cada evolução do filho acabou criando um elo entre Erika e outras famílias com realidades parecidas. Por isso, ela criou o canal Muleke Muleka, que já ultrapassa os 20 mil seguidores no Instagram. Os momentos publicados e vividos pela mãe também renderam a ideia de criar um projeto para ajudar familiares de crianças e jovens T21.
O sonho que nasceu há 7 anos ganhará forma no dia 9 de novembro, em São Paulo. O T21: autonomia na vida adulta tem como objetivo compartilhar experiências e ajudar outras mães. “A falta de informação tem impedido que muitos pais possam ajudar de forma eficaz que seus filhos T21 tenham uma vida autônoma. Isso só reforçou a ideia do evento”, explica Erika.
Em parceria com o CETI SD (Centro de Estimulação Terapêutica Interdisciplinar em Síndrome de Down), ela reunirá a visão e os cuidados dos pais com a experiência das profissionais: Miriam Freitas Terapeuta Ocupacional e Gisele Itria, fonoaudióloga que acompanha o pequeno Davi desde o seu primeiro mês de vida. A ideia é que todos possam entender os processos e cuidados com uma criança que possui necessidades específicas, provando que com estímulos e dedicação, eles podem ter ainda mais autonomia.
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