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Seu filho é hiperativo ou sapeca?

Nem toda criança arteira e distraída sofre do distúrbio conhecido como transtorno de déficit de atenção ou precisa de remédio para se concentrar nas atividades da escola! Saiba como diferenciar cada caso

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 16 jan 2020, 02h52 - Publicado em 27 mar 2013, 21h00
Reportagem: Beatriz Levischi - Edição: MdeMulher (/)
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Nem toda criança agitada demais é hiperativa
Foto: Reprodução

Quem não conhece um menino ou menina agitado demais, que vive correndo pela casa, pula nos móveis, come em pé e espalha os brinquedos que não está usando? Na sala de aula, eles esquecem de fazer a lição ou cometem erros nos exercícios, por pura distração. O rendimento escolar acaba prejudicado, assim como a concentração dos alunos ao redor. Esse comportamento costuma ser associado ao transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), doença que atinge crianças, mas pode continuar na vida adulta. E muitos pais acabam procurando o psiquiatra, sem perceber que, na maioria das vezes, essas crianças só estão sendo… crianças!
A psicóloga Flávia Lemos explica como diferenciar crianças hiperativas das espoletas. Ela é membro do Conselho Federal de Psicologia que, no ano passado, lançou a campanha Não à Medicalização da Vida, contra o uso indiscriminado de medicamentos para tratar a hiperatividade e outros males.

Os riscos de medicar a criança sem necessidade

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Como diferenciar criança arteira de criança hiperativa?

As definições sobre a hiperatividade são polêmicas e há visões diferentes entre os estudiosos. Isso significa que faltam mais pesquisas a respeito da doença, mas elas precisam ser feitas sem financiamento dos laboratórios, porque eles lucram com a venda de remédios. Para descobrir um quadro de hiperatividade, o médico deve levar em consideração vários aspectos da vida da criança: a situação escolar, como a criança lida com os amigos, a realidade financeira da família, como anda sua saúde, entre outros.

Quais as principais causas?

Não se sabe ainda ao certo. Mas vivemos em uma sociedade que produz dor e mal-estar aos cidadãos, com escolas inadequadas, famílias desestruturadas, competição desenfreada… Isso tudo pode estar por trás do surgimento dessa doença. Portanto, não adianta medicar as crianças sem antes investigar todas as possibilidades que podem fazê-las sofrer.

A que perigos a criança estará sujeita se tomar medicamentos à toa?

Remédios são drogas. E, apesar de permitidos, também causam danos e dependência. Os remédios para hiperatividade, especificamente, possuem uma anfetamina de tarja preta que pode provocar crises de ansiedade e surtos psicóticos, problemas nos rins, insônia, perda de apetite, dor abdominal, cefaleia, alteração da pressão arterial e da frequência cardíaca.

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Existe tratamento para a hiperatividade sem remédio?

Falar de tratamento é limitar o problema a apenas um aspecto da vida. Nós precisamos oferecer às crianças cuidados em diferentes campos, não apenas nos hospitais e consultórios. A criança precisa estar bem não só na saúde física em si, mas bem na escola, na vida familiar, na vida com os amigos… A criança precisa inclusive ter oportunidades de praticar um esporte, ir ao cinema, ao teatro…

É ruim ser espoleta?

Não! Meninos e meninas arteiros incomodam aqueles que querem que eles sejam quietos, que evitam aceitar que cada ser humano é diferente do outro. Para conquistar essas crianças, as escolas precisam aprender a lidar com as diferenças, oferecer aulas interessantes, contratar melhores professores e com boas condições de trabalho. Enfim, é preciso criar projetos pedagógicos que incluam não só professores, mas os pais.

Estímulos demais deixam a garotada a mil

Os riscos de medicar a criança sem necessidade Muitas crianças recebem o diagnóstico de TDAH quando são apenas levadas da breca, estudam numa escola onde as aulas são chatas à beça ou simplesmente porque recebem estímulos demais. Se você acha que seu filho anda agitado além da conta em casa, o primeiro passo é conversar com a professora dele e checar se o comportamento se repete na sala de aula. Em caso afirmativo, reflita sobre a rotina do garoto ou da garota. Muita TV, computador e videogame, às vezes tudo ao mesmo tempo e na hora da lição de casa, deixa qualquer criança a mil por hora (já reparou como os desenhos e joguinhos de hoje são agitadíssimos?). A inquietação também pode ser sinal de falta de limite ou uma maneira de chamar a atenção dos adultos. Será que não está faltando firmeza na hora de dizer “não”?

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