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Pesquisa mostra dificuldade da inclusão feminina no mercado de trabalho

31 milhões de homens acham que é justo que mulheres assumam menos cargos de chefia, já que podem engravidar e sair de licença-maternidade

Por Lia Rizzo
Atualizado em 12 jun 2018, 23h04 - Publicado em 12 jun 2018, 20h35
W20 (Reprodução/Reprodução)
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Se o trabalho doméstico fosse remunerado considerando a média de salários do mercado de trabalho, as mulheres poderiam ganhar mais de R$ 1 trilhão por ano. Este foi um dos dados apresentados pelo  Instituto Locomotiva em um encontro promovido pelo Women 20 Argentina (W20), em São Paulo. Em dois dias de atividades, o grupo que discute a situação das mulheres nos países que formam o G-20, debateu a  necessidade de políticas públicas de empoderamento feminino em várias esferas da sociedade.

Na segunda-feira (11), Renato Meirelles, presidente do Locomotiva,  apresentou um panorama da inclusão das mulheres brasileiras no mercado de trabalho, considerando renda, participação em empregos formais e dedicação a tarefas domésticas e cuidados com filhos. Para ele, “Um trilhão é um montante impressionante, considerando que é superior ao que a maioria dos estados brasileiros consomem e que a maioria das empresas faturam no Brasil”, enfatizou Renato.

Somos hoje cerca de 107 milhões de mulheres no Brasil, número que equivale a duas vezes a população da Espanha. Não à toa, impulsionamos as principais transformações dos últimos tempos e já chefiamos mais de 29 milhões de lares brasileiros, além de ter ampliado significativamente a participação no mercado formal de trabalho nas últimas duas décadas. O cenário, porém, está longe de ser animador.

Em uma das análises –  considerando sua própria condição como homem branco, com curso superior e mais de 40 anos de idade – Renato Meirelles mostrou que uma mulher com o mesmo perfil ganharia 24% a menos que ele. Considerando uma mulher negra com as mesmas características, a defasagem é ainda maior: sua remuneração seria 63% menor que a de um homem como Renato.

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Não bastasse ganhar menos, precisamos nos dividir mais entre a vida profissional e pessoal. Enquanto os homens dedicam em média apenas 21% do seu tempo à família, o percentual entre mulheres é de 47%. As horas dedicadas a tarefas domésticas ou cuidados com terceiros (filhos, por exemplo) também são bastante díspares. Mulheres gastam pelo menos 92 horas em afazeres desta natureza, quando para homens a média é de 47 horas.

Maternidade X trabalho

A maternidade ainda se constitui em uma barreira para a mulher que quer voltar ao mercado de trabalho. Aproximadamente 18% delas assumem que não ter com quem deixar o filho é o principal motivo para não estarem trabalhando. Entre os homens que não estão trabalhando, esta preocupação inexiste.

Dos entrevistados, 31 milhões de homens acham que é justo que mulheres assumam menos cargos de chefia, já que podem engravidar e sair de licença-maternidade.

Os resultados apresentados pelo Locomotiva evidenciam mais do que uma enorme discrepância entre gêneros. A desigualdade tem causado prejuízo. E este cenário, comum aos demais países latino-americanos que compoem o grupo Women 20 Argentina, norteou o workshop realizado nesta terça-feira, 12.

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Durante uma manhã, foram apresentadas e debatidas problemáticas sobre a condição feminina em eixos de inclusão considerados centrais pelo grupo: financeiro, digital e profissional, considerando obstáculos regionais e experiências que possam ser replicadas.

Além de Juliana Bonetto, diretora de conteúdo do W-20, que conduziu a mesa, participaram do debate Luiza Carvalho, diretora regional da ONU mulheres para Américas e Caribe, Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora e a executiva Carmela Borst,  do movimento Engage For Good, entre outros representantes brasileiros.

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