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Grupos de família são principais propagadores de ‘fake news’ no WhatsApp

Dados coletados pela USP apontam que metade dos boatos sobre a vereadora Marielle Franco foram disseminados nessa mídia

Por Danielly Fernandes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
20 abr 2018, 18h44

Uma pesquisa feita pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP mostrou que os grupos de família costumam ser o principal propagador de notícias falsas no Whatsapp. Através de um questionário online os pesquisadores recolheram dados de cerca de 2.500 pessoas e foram analisadas 1.145 respostas de usuários que disseram ter recebido boatos sobre Marielle Franco, vereadora assassinada em março. 

O boato mais divulgado afirmava que Marielle era ex-namorada do traficante Marcinho VP e que havia engravidado dele aos 16. Essas notícias  começaram a ser espalhadas na mesma noite em que ela foi assassinada. O estudo identificou padrões de distribuição, mas não a origem do conteúdo falso.

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De acordo com a pesquisa, o boato ligando Marielle ao Marcinho VP foi recebido por 916 pessoas que responderam ao questionário. Dessas, 51% responderam ter recebido o texto em grupos de família; 32%, em grupos de amigos; 9% em grupos de colegas de trabalho e 9% em grupos ou mensagens diretas.

Pela popularidade do aplicativo no Brasil, ele é visto como uma das ferramentas mais propícias para a difusão de notícias falsas e por ser um app de mensagens privadas é difícil rastrear o que é compartilhado.

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Para um dos autores da pesquisa, Paulo Ortellado, os dados podem ter sido influenciados por não se saber se exitem mais grupos de família do que grupos de amigos ou de colegas de trabalho.

“Agora, caso, de fato, os boatos tenham circulado mais nos grupos de família do que nos outros grupos, temos um dado interessante. Pode ser que grupos de família sejam ambientes mais ‘íntimos’ que permitam compartilhar seguramente conteúdos mais especulativos sem que quem compartilhe seja alvo de julgamento”, explica Paulo.

Outra descoberta do estudo foi que a maioria dos boatos é compartilhado em forma de texto, e não vídeo, fotos ou áudios.

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Boatos sobre sequestro

O estudo realizado pelos pesquisadores da USP foi inspirado na metodologia usada por um israelense que analisou os boatos espalhados após o sequestro de três adolescentes  na Cisjordânia, em 2014. As investigações do caso não foram abordadas pela imprensa, então, começaram a circular rumores no WhatsApp. 

O pesquisador publicou em suas redes “Quem recebeu boatos por WhatsApp?” e a partir daí iniciou um estudo em tempo real. Para cada pessoa que havia recebido uma mensagem, perguntava quem havia enviado, com o objetivo de chegar à origem. Para solucionar o problema das fake news, o pesquisador israelense sugere campanhas para que o público leia as informações de forma crítica.

Boatos sobre o zika

O jornalista Marcelo Garcia pesquisou, em seu mestrado, sobre a circulação de notícias falsas relacionadas à epidemia de zika em 2015 e 2016. Ele relatou à BBC que os boatos sobre zika se proliferaram em um contexto em que ninguém tinha informações concretas sobre a ligação entre zika e microcefalia, nem pesquisadores nem imprensa. Já no caso de Marielle a realidade é outra.

No entanto, Marcelo traça paralelos entre as duas situações, como a tendência de usuários compartilharem notícias com as quais concordam ou que validam suas crenças. “Colocamos as crenças antes dos fatos. É algo que pode acontecer nas eleições”, explica.

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