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Festa Literária Internacional de Paraty começa nesta quarta (10)

Homenageando o carioca Euclides da Cunha, autor de Os Sertões, a 17ª edição da FLIP vai até domingo (14)

Por Gabriela Teixeira (colaboradora), Maria Clara Serpa
Atualizado em 10 dez 2020, 11h47 - Publicado em 10 jul 2019, 15h53

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte.” Célebre, a frase de Euclides da Cunha sintetizou a resistência dos moradores de Arraial de Canudos aos ataques militares do governo no século 19, durante a batalha que serviria de inspiração para seu livro, Os Sertões.

O carioca foi enviado ao interior da Bahia para fazer uma cobertura jornalística e voltou pouco menos de um mês depois com um registro inestimável de um período histórico tão turbulento. Passados 122 anos, ele é o homenageado da Festa Literária Internacional de Paraty.

Festa Literária Internacional de Paraty.
Festa Literária Internacional de Paraty. (Horacio Moreira/VEJA/CLAUDIA)

Entre os dias 10 e 14, a cidade costeira relembrará o autor e celebrará destaques da literatura nacional e estrangeira, além de promover apresentações artísticas diversas, como danças e torneio de slam. Ao todo, o evento conta com 21 mesas principais, com 33 escritores – 18 mulheres e 15 homens.

“Queremos que a não ficção ganhe relevância nas conversas, pois nos permitirá discutir temas da atualidade, como gênero e política”, diz Fernanda Diamant, jornalista e curadora do evento pela primeira vez.

CLAUDIA conversou com algumas das convidadas sobre o impacto de suas obras na sociedade – em comum, possuem a mesma fibra do sertanejo descrito por Euclides. Confira: 

Ampliando horizontes

Fernanda Diamant
(Karime Xavier/divulgação/CLAUDIA)

Na sua estreia como curadora do evento, Fernanda Diamant prossegue com o comprometimento de aumentar o número de mulheres e negros entre os autores da Flip. Mas também quer investir na diversidade em outros aspectos.

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“Resolvi incluir mais gêneros literários e reforçar a presença da não ficção nas mesas principais”, explica. Isso refletiu diretamente na escolha de Euclides da Cunha como homenageado da edição, já que o autor faz um relato jornalístico sem deixar de lado a alta literatura.

“Além da qualidade da escrita, ele tem uma relação muito forte com o Brasil. Na atual situação do país, é perfeito destacar alguém que fale da pátria, que produza cultura sobre ela.”

Novas realidades

Ayobami Adebayo
(Divulgação/CLAUDIA)

Entre as autoras estrangeiras mais esperadas desta edição está a nigeriana Ayobámi Adébáyo, cujo romance Fique Comigo (Harper Collins) foi lançado em 2018. Na trama, aborda o papel da mulher e da família em seu país. E propõe uma reflexão.

“Além de mostrar a realidade da minha terra natal, quero que os leitores pensem e avaliem quais são seus deveres e responsabilidades uns com os outros como seres humanos”.

Registro de impacto

Cristina Serra
(Luís Paulo Ferraz/divulgação/CLAUDIA)

Tal qual Euclides da Cunha, a paraense Cristina Serra enfrentou o desafio de cobrir um episódio marcante para o país. Da experiência, nasceu Tragédia em Mariana: A História do Maior Desastre Ambiental do Brasil (Record).

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Considera seu triunfo poder contribuir com registros históricos do país. “Meu legado será deixar um relato bem documentado sobre esse desastre não só pelos aspectos técnicos mas também do ponto de vista humano.”

De onde vêm insights

Jarid Arraes
(Divulgação/CLAUDIA)

Transitando entre diversos gêneros, a cearense Jarid Arraes tira do cotidiano a inspiração para suas obras e procura escrever sobre o que nunca leu. Lançou seus primeiros títulos sem editora e, assim, conquistou seu lugar no mercado. Acaba de publicar Redemoinho em Dia Quente (Alfaguara).

“Quando escrevo, desejo ser, para quem me acompanha, aquilo que eu demorei muito para encontrar ou não achei enquanto descobria a literatura.”

Ventos de mudança

Mariana Enriquez
(Louis oligny/divulgação/CLAUDIA)

A argentina Mariana Enriquez costuma escrever histórias góticas – a exemplo de uma coletânea de crônicas sobre cemitérios – e de ficção científica, sempre com um toque de terror. Porém, em seu último lançamento, Este é o Mar (Intrínseca), quis tentar algo diferente.

“Cansei de tanta escuridão. Em vez disso, falei sobre o estilo de vida de groupies que seguem bandas de rock.”

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Laços construídos

Aparecida Vilaça
(Carlos Fausto/divulgação/CLAUDIA)

Depois de mais de 30 anos de estudos sobre os Wari’ – povo indígena de Rondônia –, a antropóloga Aparecida Vilaça publicou Com Paletó e Eu (Todavia). No relato, além de dar mais visibilidade à tribo, expõe a relação desenvolvida entre sua família e os indígenas.

“Levei meus filhos comigo várias vezes, desde pequenos. A convivência os levou a serem pessoas abertas ao diferente. Isso é o mais gratificante para mim”, conta.

Dilema

Maternidade
(Divulgação/CLAUDIA)

Em Maternidade, a canadense Sheila Heti reflete sobre os ganhos e as perdas para uma mulher que decide ser mãe. A narradora da história se aproxima dos 40 anos e começa a se questionar se quer ter filhos. Com franqueza, originalidade e humor, o romance mostra a busca dessa resposta durante anos.

Intolerável

Grada Kilomba
(Divulgação/CLAUDIA)

A portuguesa Grada Kilomba utiliza livros, performances e filmes para levantar questionamentos sobre a normalização do preconceito. Memórias da Plantação, de 2008, é uma compilação de pequenas histórias sobre episódios cotidianos de racismo. Será lançado no Brasil pela Cobogó durante a Flip.

Em fuga

Noite em Caracas
(Divulgação/CLAUDIA)

Noite em Caracas, de Karina Sainz Borgo, caraquenha, conta a história de uma mulher que perde a mãe na atual crise venezuelana. Abalada, tenta roubar o passaporte da vizinha para escapar da capital violenta. Apesar da vontade de ir embora, ela precisa lidar com a culpa de deixar o país à beira de um colapso.

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