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Eu já fui capa de CLAUDIA: A história de 4 estrelas de décadas passadas

Quatro mulheres que fizeram parte da história da revista contam como se reinventaram na carreira e na vida – e compartilham o que aprenderam até aqui

Por Texto: Roberta Tinti | Concepção Visual: Beatriz Chimelli | Styling: Maria Antonia Valladares
Atualizado em 10 abr 2018, 18h32 - Publicado em 10 abr 2018, 18h25

Ao longo de 57 anos de história, CLAUDIA teve diversas mulheres estrelando as suas capas. Bruna Lombardi, Adriana Zselinsky, Sâmia Maluf e Vanessa de Oliveira são alguns dos rostos que fazem parte da nossa história. Em comum, as quatro são mulheres fortes que brilharam na carreira de modelo durante a juventude. Abaixo, elas relatam como a vida delas mudou daquela época para cá.

Bruna Lombardi, 65 anos

(Paschoal Rodriguez/CLAUDIA)

”Recentemente, soube que sou uma das recordistas de capa de CLAUDIA (fez nove no período pesquisado para esta reportagem, de 1970 a 2000; veja abaixo).

Foi uma surpresa e tanto. Aos 14 anos, fiz minha primeira foto para a Editora Abril, nem lembro qual. O interessante é que, ao olhar o resultado, me deparava com uma mulher sofisticada. E eu ainda era uma menina! Chegava ao estúdio de uniforme do colégio.

Decidi modelar para ganhar uns trocados, mas a carreira artística me pareceu natural, pois venho de uma família que trabalhava com cinema. No entanto, minha paixão mesmo era escrever.  Fiz duas faculdades, uma de jornalismo, outra de propaganda e marketing. Comecei a publicar aos 20 e poucos anos. São dez livros hoje, de romances a poesias, e falam de assuntos que me atraem, como felicidade e sexo.

Na mesma época, estreei nas novelas. As pessoas costumam dizer que quebrei paradigmas, sobretudo por conquistar prestígio intelectual ainda jovem. Não tinha consciência disso, só fazia o que queria. Não acredito em barreiras. Acho que são inventadas. Fui destinada a ser a heroína, rica e romântica, a mocinha da história. Mas disse não ao rótulo. O importante é ser honesta comigo mesma.

Minhas escolhas respeitaram meus valores e, até hoje, são feitas para me manter perto de quem amo. Isso não quer dizer que só tomei boas decisões. Porém, sempre assumi riscos, porque acredito que não há arrependimento quando se faz o que quer. Prefiro aprender do que me arrepender.”

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Adriana Zselinsky, 55 anos

(Paschoal Rodriguez/CLAUDIA)

“Desde criança, quando ainda morava em Porto Alegre, olhava CLAUDIA e outras revistas e tinha o sonho de ser capa. Com 16 anos, me inscrevi em um concurso para aparecer na da antiga NOVA (hoje COSMOPOLITAN) e fui escolhida. Mas meus paisnão me deixaram fazer a foto. A profissão de modelo não era bem vista. Só pude me mudar para São Paulo depois de me formar e casar, aos 19 anos.

Queria muito trabalhar na indústria da moda e faria o que precisasse para conseguir. Apesar de haver menos agências, os cachês serem menores e existir o medo do desconhecido, não via as dificuldades como barreiras. Nem quando tive o primeiro filho, Brian, aos 25, deixei a profissão. Morava na Alemanha e trabalhava bastante por lá, mas queria Brian sempre perto de mim.

No início, dizia ao pessoal do estúdio que fazia questão de estar ali com minha família . As pessoas achavam que isso tiraria meu foco. Não concordava, simplesmente ficava feliz em ter minha família a meu lado. Decidi, então, levá-los escondidos em várias das minhas viagens. Era uma aventura. Dava um jeito de fugir depois das sessões de fotos para ficar com os dois – e voltava cedinho no outro dia para o hotel onde estava hospedada toda a equipe.

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Quando o Oliver nasceu, eu tinha 29 e já retornara ao Brasil. Então, foi um pouco menos complicado manter todos juntos. Não posso dizer que é simples conciliar os papéis de mãe, esposa e profissional, mas sempre dei um jeitinho. Eu me apaixonei tanto por esse universo que continuo inserida nele. Hoje sou diretora executiva de moda e, apesar de ter diminuído o ritmo, ainda não parei de fazer fotos.

É difícil parar quando gostamos muito do que fazemos. Mulheres de 30 anos se acham velhas para atuar como modelo. Será que são? Olhando para trás, continuei trabalhando bastante até quando já tinha filhos. Acredito ser mais uma questão de se sentir bem consigo mesma. Aí, sim, você passará sua beleza com verdade.”

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Sâmia Maluf, 60 anos

(Paschoal Rodriguez/CLAUDIA)

”Nem me lembrava da capa de 1977! Analisando agora, só consigo pensar em como eu tinha cara de mais velha, ainda que fosse uma garota, bem jovem. Acho que já nasci meio adulta, pois sempre tive muita responsabilidade. Minha vida demandou isso. Virei modelo ainda bebê, quando minha mãe me colocou para fazer comerciais, e continuei até os 12 anos.

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Parei porque queria trabalhar em banco. Aos 14, já tinha emprego quando posei para uma foto e recebi dois meses de salário em um dia. Foi aí que resolvi voltar a ser modelo, para ganhar mais. Por ser filha única, ajudava meus pais em casa.

Isso se intensificou quando meu pai faleceu, no mesmo ano da mencionada capa. Assumi de vez que precisava ser alguém, ter uma profissão, independentemente de qual fosse. Continuei como modelo e fiz faculdade de psicologia. Com 19 anos, conheci meu marido. Em apenas cinco dias, fui morar com ele. Não casamos. A proposta era ficarmos juntos enquanto houvesse amor – e estamos até hoje.

Parei de fotografar aos 26 e muita coisa aconteceu. Enfrentei uma depressão pós-parto, abri uma loja de roupas e trabalhei como psicóloga na área de dependência de drogas. Agora tenho três filhos, cinco netos e uma empresa de aromaterapia. Conciliar quem você é como pessoa, incluindo a mãe que se tornou, e como profissional, que tem as suas ambições, é algo desafiador.

Eu me cobrei muito e hoje, com o amadurecimento, acho que poderia ter sido mais leve. O.k. Tenho clareza de que viver é só um caminho ligando o nascer e o morrer e sempre quis fazer o melhor possível no percurso.”

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Vanessa de Oliveira, 48 anos

(Paschoal Rodriguez/CLAUDIA)

”Fui morar no Rio de Janeiro quando (o empresário da área de moda) Humberto Saade (morto no ano passado) me chamou para substituir a Luiza Brunet na publicidade da sua marca, a Dijon.

Foi um choque porque, na época, eu morava em Pelotas, no interior do Rio Grande do Sul, onde nasci, tinha só 16 anos e me preparava para fazer faculdade de arquitetura. Lembro que tudo aconteceu bem rápido e, em outubro de 1986, já comecei a fazer fotos. A capa de CLAUDIA foi marcante para mim, pois, por ser uma das primeiras da minha carreira, ajudou a alavancar meu nome no mercado.

Trabalhei como modelo até os 40 anos e tive uma carreira estável e tranquila, diferentemente de muitas colegas de profissão. Talvez tenha sido assim por ter tido muita sorte e proteção em toda a minha vida. Quando saí da minha cidade natal, não precisei correr atrás de agências com um book debaixo do braço. Já vim designada para trabalhar com o Saade, que tinha uma estrutura ótima.

Para ter uma ideia, eu dispunha de motorista, e até as compras de supermercado eram feitas para mim. Em 1992, me casei com (o executivo do mercado editorial) George Fauci. Não quis filhos. Apesar de ser canceriana, um signo supermaternal, nunca me imaginei no papel de mãe. Acho que, já na primeira febre do bebê, eu teria um treco.

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Dizem que vou lamentar um dia, mas não senti isso até agora. Nem foi pela carreira, pois conseguiria conciliar tudo. Talvez eu tenha um medinho de assumir um compromisso desse tamanho. Afinal, ser mãe é para a vida toda. Uma das minhas certezas hoje é que fiz as escolhas corretas. Até agora não me arrependi de nada e, assim, me sinto privilegiada.

Não posso negar que ser modelo me abriu portas. Fiz um filme com os Trapalhões originais, participei de novelas na Globo e na Record, até ingressei no mundo do empreendedorismo. Tive o Spa Vanessa de Oliveira, em Belo Horizonte, que funcionou durante sete anos e lançou linhas de produtos, como óculos e sapatos.

Agora, não sinto mais vontade de ser atriz nem de abrir um negócio só meu. Estou em uma fase em que quero relaxar, deixar a vida me levar. Não tenho problemas em envelhecer. Claro que sempre cuidei da minha saúde. Nunca fumei e não gosto de beber. Minha grande luta é com a comida, que amo muito, mas sei que só preciso de atividade física para equilibrar.

Com relação a procedimentos, faço o mínimo, mantendo meus traços. Não quero transfigurar meu rosto. Para mim, a beleza está em todas as fases da vida. Hoje, penso que essa é uma das mensagens mais bonitas que nós, modelos de gerações passadas, devemos passar.

Os padrões, apesar de ainda existirem, mudaram. Isso é incrível. O universo da moda se diversificou. Quem quer ser modelo precisa aliar vontade e esforço com uma pitada de sorte. Eu mesma, beirando os 50, penso em voltar. Quem sabe?”

Janeiro de 1987 

(CLAUDIA/Dedoc)

Veja algumas outras mulheres que fizeram parte da nossa história:

Cristiane Torloni na edição de setembro de 1984 (CLAUDIA/Dedoc)
Carolina Ferraz na edição de setembro de 1992 (CLAUDIA/Dedoc)
Rita Lobo na edição de janeiro de 1990 (CLAUDIA/Dedoc)
Malu Madder na edição de junho de 1988 (CLAUDIA/Dedoc)
Xuxa Meneghel na edição de 1986 (CLAUDIA/Dedoc)
Luiza Brunet na edição de janeiro de 1985 (CLAUDIA/Dedoc)
Ana Hickmann na edição de outubro de 1998 (CLAUDIA/Dedoc)
Ana Paula Arósio na edição de novembro de 1986 (CLAUDIA/Dedoc)
Claudia Leitte ena edição de novembro de 2010 (CLAUDIA/Dedoc)
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