Essa foi mesmo a gota d’água
Nosso bem mais precioso está acabando e estamos todos de mão atadas!
Cara leitora, me perdoe, mas hoje eu não estou para falar de flores. Estou desconfortável no planeta em que habito, no país onde nasci e nunca senti meu corpo como o sinto hoje. Uma cadeia onde fui condenada a viver por muitos anos! Caríssima leitora, não é amargura, juro! É cansaço. O terrível cansaço da velhice lúcida e de já ter visto quase tudo. É só dirigir o olhar para saber do que se trata.
As coisas que ainda não vi estão chegando devagar e estão me apavorando e deprimindo. Exemplo: água. A dádiva maior que a natureza nos deu. Nós somos água. Fomos gerados numa bolsa d’água. Sinto em meu corpo a água secando e sumindo. E, cara leitora, não creio que as autoridades consigam reverter a situação. São homens de visão estreita do sagrado e visão larga da trapaça.
Eu me sinto tão abandonada por aqueles que deveriam cuidar da sociedade humana… Sem água, a consequência é a seguinte: ficamos até sem energia, sem luz. Para isso os homens guerrearam tanto, se mataram, cada qual querendo o que pertencia ao outro. Cobriram a terra de sangue com suas armas cada vez mais mortíferas. Toda vez que abro uma torneira, aperta o meu peito. Muito maltratamos a natureza, achando que ela jamais se manifestaria. Pois é, ela está se manifestando. Eu só preciso saber se a humanidade está ouvindo!