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Por que o culto à magreza é lucrativo?

Odiar o próprio corpo é rentável para a indústria de moda e beleza. Entenda

Por Lorraine Moreira
8 jan 2024, 10h47

Esta história começa em 1960. A britânica Twiggy ganha os holofotes como uma das primeiras top models magérrimas a estampar capas de revista, revolucionando o imaginário feminino e marcando o início do culto à magreza.

O novo padrão de beleza transformaria a relação das mulheres com a saúde física e mental nos anos seguintes, serviria para maximizar o lucro na indústria da moda e beleza e, 64 anos depois, ainda seria mais forte que qualquer movimento que tentasse detê-lo.

O heroin chic, uma glamourização da estética de quem usa heroína, ganha popularização na década de 1990, valorizando modelos ainda mais magras.

Nos anos 2000, o desejo pelo manequim 36 permanece, e as tendências de pele à mostra – cintura baixa, top, croppeds – torna mais fácil averiguar a quantidade de quilos das mulheres.

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Depois de anos de adoração ao magro, as redes sociais transformaram o body positive em um movimento global, estimulando a aceitação do próprio corpo, seja ele qual for.

Modelos de tamanhos maiores conquistam presença, embora limitada, em campanhas e desfiles, como resposta aos pedidos por mais inclusão de figuras reais na moda. A chegada nesses espaços parecia, enfim, uma evolução na indústria, mas não foi bem assim.

Kim Kardashian trocou suas curvas para vestir um traje à la Marilyn Monroe, as calças de cintura baixa ressurgiram nas passarelas e nos closets dos influenciadores com a hashtag #Y2K, uma homenagem aos anos 2000, enquanto um medicamento, o Ozempic, ganhou fama como uma fórmula mágica para emagrecimento.

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Estava claro: a tendência do momento é a magreza. Sem esquecer do impacto negativo das mídias digitais: “a era das redes sociais trouxe o compartilhamento de imagens e padrões irreais de corpos, cuidadosamente retocados e escolhidos”, explica a psicóloga Raissa Salomon.

As consequências das décadas de devoção ao corpo magro foram assistidas amplamente, indo de transtornos alimentares até mortes de quem tentasse caber nas medidas.

Quem ganharia com a volta desse ideal? “Com a magreza, a indústria precisa de menos tecido, tem mais facilidade no processo de modelagem da roupa e, portanto, menor custo de produção, além de uma procura maior por procedimentos estéticos e tratamentos para emagrecimento”, explica a consultora de moda e beleza Maria Paula.

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Não à toa, as ações da farmacêutica dinamarquesa que produz Ozempic, a Novo Nordisk, subiram 40% em setembro de 2023, tornando-se a empresa mais valiosa da Europa.

Em segundo lugar ficou a LVMH, grupo de bens de luxo de Bernard Arnault que detém marcas como Dior, Givenchy e Louis Vuitton. O valor de mercado da LVMH era de cerca de US$ 416 bilhões, o equivalente a R$ 2,05 trilhões, enquanto a da Novo Nordisk foi de US$ 428 bilhões ou R$ 2,11 trilhões.

O desejo pelo corpo magro faz as pessoas pagarem mais e por mais procedimentos estéticos, de acordo com a consultora. O aumento da procura por lipoaspiração, por exemplo, eleva os preços no mercado, aumentando a lucratividade desses negócios.

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Para além disso, outras empresas têm a ganhar: academias conseguem mais assinaturas, mesmo sem oferecer instruções e a quantidade de profissionais adequadas, dietas de emagrecimento são vendidas mais rapidamente, principalmente quando prometem resultados rápidos e por aí vai, pontua ela.

Mulher sentada no chao
O culto à magreza causa problemas de autoestima nas mulheres (SHVETS production/Pexels)

Como o culto à magreza afeta a nossa autoestima?

“O ideal da magreza nos faz buscar incessantemente por um padrão de corpo magro estabelecido pela sociedade”, explica Raissa. Essa procura faz com que as mulheres constantemente se cobrem para alcançar a perfeição e também se comparem intensamente, o que mina a autoestima desse grupo. 

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“A exposição constante a imagens do ‘corpo perfeito‘ pode levar a mulher para um ciclo de insatisfação corporal, direcionando-a a dietas restritivas, exercícios excessivos, padrões alimentares prejudiciais e a busca por soluções rápidas e invasivas” pontua a psicóloga.

Além disso, esse ideal impacta também na saúde mental, provocando ansiedade e depressão, de acordo com ela.

Como se libertar dessa ideia?

Desconstruir um ideal criado por anos e estimulado nas diversas frentes não é das tarefas mais simples, mas sempre é tempo de trabalhar o problema para ficar menos vulnerável às publicidades e campanhas. 

A dica da especialista é analisar e filtrar as pessoas que segue nas redes sociais. “Também é importante entender que cada corpo é único e que o nosso corpo é a nossa casa, devemos cuidar dele com carinho. Além disso, se perceber que esse culto à magreza está afetando a sua saúde mental, não deixe de buscar terapia, pois ela será uma ferramenta essencial nesse processo “, acrescenta ela.

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