O que Celina, de Vale Tudo, me ensinou sobre dinheiro e vulnerabilidade
Mesmo mulheres bem-sucedidas enfrentam inseguranças com o dinheiro; por isso, ter alguém de confiança para conversar pode fazer toda a diferença

Me rendi à novela sensação Vale Tudo. Me compadeci com a milionária tia Celina. Ela é elegante, transforma arranjos florais em arte, conduz uma mansão, a criação de dois sobrinhos, mas tem uma fragilidade: a autonomia financeira. Viúva, ela gastou o dinheiro de fazendas e hoje, ao sentar diante de planilhas, não entende o buraco que cavou.
Todo mundo, quando a vê com a pastinha preta, pensa logo em problemas. A irmã, a temida Odete Roitman, sabe cada transação em sua conta bancária. Celina é interrogada diante de cada movimentação, e nunca tem o domínio das respostas.
Em um episódio, apoiada pela amiga, ela toma uma decisão complexa: investir em um negócio, se tornando sócia. Tudo bem, entre tantas oportunidades, ela escolheu a de uma espécie de rival da família, a Raquel, ex do atual da sobrinha, mãe da atual do sobrinho — uma mulher que começou vendendo sanduíche na praia, abriu uma lanchonete, depois um restaurante, e agora dedica-se a uma recém-comprada empresa do setor de alimentação. Confuso? Uma novela, sabemos.
Em meio a todos os conflitos do enredo, me chamou a atenção o fato de ela confidenciar a uma amiga um assunto que ainda é tabu nas mesas de jantares e nas rodas de conversa: o dinheiro. E este é o ponto! Toda mulher precisa de uma confidente financeira (ou um confidente), alguém para falar abertamente, sem medo de julgamentos, sobre carreira, formação de patrimônio, herança, investimentos, despesas… Aquela amiga, irmã, terapeuta, mentora — ou assessora profissional.
“Assessores de investimentos ajudam a montar estratégias, claro. E os melhores não vêm com jargões — vêm com repertório especializado e escuta. Mais do que apoio técnico, podem oferecer acolhimento”
Assessores de investimentos ajudam a montar estratégias, claro. E os melhores não vêm com jargão — vêm com repertório especializado e escuta. Com isso, estão atentos às melhores oportunidades do mercado para cada história pessoal. Mais do que apoio técnico, podem oferecer acolhimento, uma vez que o objetivo não é a aprovação do outro, porém a liberdade de ser vulnerável com um tema que cobra sempre acerto.
Em um universo onde a mulher bem-sucedida é admirada, entretanto também constantemente testada, sobra pouco lugar para admitir inseguranças financeiras. A gente aprende cedo que riqueza deve vir acompanhada de competência absoluta; que ter dinheiro é sinônimo de ter todas as respostas. Mas será?
Uma mulher rica que ousa dizer “não entendi esse produto” ou “me sinto sozinha nessa decisão” ainda é vista com surpresa. E, por isso, muitas se calam. Assentem com a cabeça diante de jargões do mercado. Dão entrevistas sobre empoderamento financeiro — contudo, na vida privada, têm dúvidas que nunca verbalizam. Ou memórias difíceis que nunca elaboraram: heranças que vieram com disputas, fortunas que se tornaram peso, relacionamentos em que o dinheiro virou ferramenta de controle.
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