Vício em apostas fez dona de casa dever para 46 agiotas; conheça a história de Sheila
Sheilla não imaginava que sua vida fosse se transformar de forma tão drástica quando resolveu jogar pelo celular
No início, parecia algo inofensivo. Sheilla estava atrás de um dinheiro extra, como muitos brasileiros que lidam com a dificuldade de fazer o salário durar até o final do mês, e decidiu fazer a sua primeira aposta. Ganhou R$ 200 logo de cara, e o sentimento de vitória, acompanhado do dinheiro rápido, trouxe a sensação de que aquilo poderia se tornar uma nova fonte de renda. Seu salário de R$ 800 não era suficiente para os planos que tinha, e aquela oportunidade parecia cair como uma luva.
Infelizmente, o que começou como uma brincadeira despretensiosa, logo se transformou em um pesadelo. A expectativa de uma vida melhor a envolveram de tal forma que Sheilla perdeu a capacidade de enxergar o vício se instalando. As redes sociais estavam repletas de anúncios de sites de apostas, e influenciadores famosos compartilhavam suas experiências ganhando somas impressionantes. Isso só reforçava a crença de Sheilla de que ela poderia fazer o mesmo.
Os primeiros ganhos aumentaram a expectativa. Eram R$ 2.000, depois R$ 3.000, mas logo em seguida ela perdia tudo e mais um pouco. Chegou um ponto em que já não dormia, passava as noites em claro jogando, e isso afetou tudo na sua vida — o trabalho, os amigos, a relação com a família.
Sheilla já não conseguia pensar em outra coisa além de apostar. Com o tempo, começou a pegar dinheiro emprestado para alimentar o vício. Foi nesse momento que a situação se agravou. Ao todo, chegou a dever cerca de R$ 400 mil para 46 agiotas. Era uma situação insustentável.
Logo sua saúde física também foi afetada. Perdeu 15 quilos, não comia, não dormia, só pensava no próximo jogo. O dinheiro que ela pegava dos agiotas e também de pessoas próximas ia todo para as apostas online. Como não conseguia pagar as dívidas, Sheilla começou a sofrer ameaças. Recebia ligações e mensagens de cobrança o tempo todo, alguns agiotas chegaram a ir até a sua casa e ameaçaram seus pais.
Foi nesse momento que sua irmã percebeu que algo estava errado e ofereceu ajuda. Ela tinha uma amiga que era psicóloga e se ofereceu para marcar uma sessão.
Ao todo, Sheilla chegou a dever cerca de R$ 400 mil para 46 agiotas. Era uma situação insustentável.
No início, Sheilla relutou, achava que conseguia sair daquela situação sozinha, mas depois aceitou. Sua irmã contou para os pais sobre a dívida e toda a situação em que Sheilla estava. Eles se uniram e fizeram uma vaquinha para ajudá-la a sair daquele buraco. Seu pai teve que vender três casas e o carro, além de pegar vários empréstimos. Apesar dos esforços, o montante não foi suficiente para quitar tudo. A família conseguiu negociar com alguns agiotas e parcelar parte da dívida.
Mas Sheilla não conseguia mais viver, estava completamente isolada, deprimida e com síndrome do pânico. Foi quando sua mãe a levou para o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) para começar um tratamento contra seu vício. O processo de recuperação foi longo e até hoje Sheilla continua em tratamento.
A experiência a marcou profundamente, mas também a transformou. Ela aprendeu da pior forma possível que não existe dinheiro fácil. A promessa de uma vida melhor por meio das apostas é uma mentira que destrói vidas. O vício em apostas online, como o que Sheilla enfrentou, é um problema crescente no Brasil, onde o mercado de apostas movimenta mais de R$ 100 bilhões por ano, superando até mesmo o consumo de segmentos tradicionais do varejo.
A facilidade de acesso a essas plataformas e a promoção constante nas redes sociais, muitas vezes feita por influenciadores, criam uma ilusão de que é possível mudar de vida com um simples clique.
Mas essa falsa promessa arrasta muitas pessoas para o endividamento, levando-as a situações extremas, como o que Sheilla enfrentou. Ela agora dedica parte de sua vida a conscientizar outras pessoas sobre os perigos do vício em jogos de azar. Que sua história sirva de alerta.
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