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Vício em apostas fez dona de casa dever para 46 agiotas; conheça a história de Sheila

Sheilla não imaginava que sua vida fosse se transformar de forma tão drástica quando resolveu jogar pelo celular

Por Alexandre Simone e Lucas Galdino
15 nov 2024, 08h30
Sites de apostas e a história de Sheilla
A hsitória de Sheilla com sites de apostas  (Getty Images/Reprodução)
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No início, parecia algo inofensivo. Sheilla estava atrás de um dinheiro extra, como muitos brasileiros que lidam com a dificuldade de fazer o salário durar até o final do mês, e decidiu fazer a sua primeira aposta. Ganhou R$ 200 logo de cara, e o sentimento de vitória, acompanhado do dinheiro rápido, trouxe a sensação de que aquilo poderia se tornar uma nova fonte de renda. Seu salário de R$ 800 não era suficiente para os planos que tinha, e aquela oportunidade parecia cair como uma luva.

Infelizmente, o que começou como uma brincadeira despretensiosa, logo se transformou em um pesadelo. A expectativa de uma vida melhor a envolveram de tal forma que Sheilla perdeu a capacidade de enxergar o vício se instalando. As redes sociais estavam repletas de anúncios de sites de apostas, e influenciadores famosos compartilhavam suas experiências ganhando somas impressionantes. Isso só reforçava a crença de Sheilla de que ela poderia fazer o mesmo.

Os primeiros ganhos aumentaram a expectativa. Eram R$ 2.000, depois R$ 3.000, mas logo em seguida ela perdia tudo e mais um pouco. Chegou um ponto em que já não dormia, passava as noites em claro jogando, e isso afetou tudo na sua vida — o trabalho, os amigos, a relação com a família.

Sheilla já não conseguia pensar em outra coisa além de apostar. Com o tempo, começou a pegar dinheiro emprestado para alimentar o vício. Foi nesse momento que a situação se agravou. Ao todo, chegou a dever cerca de R$ 400 mil para 46 agiotas. Era uma situação insustentável.

Logo sua saúde física também foi afetada. Perdeu 15 quilos, não comia, não dormia, só pensava no próximo jogo. O dinheiro que ela pegava dos agiotas e também de pessoas próximas ia todo para as apostas online. Como não conseguia pagar as dívidas, Sheilla começou a sofrer ameaças. Recebia ligações e mensagens de cobrança o tempo todo, alguns agiotas chegaram a ir até a sua casa e ameaçaram seus pais.

Foi nesse momento que sua irmã percebeu que algo estava errado e ofereceu ajuda. Ela tinha uma amiga que era psicóloga e se ofereceu para marcar uma sessão.

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Ao todo, Sheilla chegou a dever cerca de R$ 400 mil para 46 agiotas. Era uma situação insustentável.

No início, Sheilla relutou, achava que conseguia sair daquela situação sozinha, mas depois aceitou. Sua irmã contou para os pais sobre a dívida e toda a situação em que Sheilla estava. Eles se uniram e fizeram uma vaquinha para ajudá-la a sair daquele buraco. Seu pai teve que vender três casas e o carro, além de pegar vários empréstimos. Apesar dos esforços, o montante não foi suficiente para quitar tudo. A família conseguiu negociar com alguns agiotas e parcelar parte da dívida.

Mas Sheilla não conseguia mais viver, estava completamente isolada, deprimida e com síndrome do pânico. Foi quando sua mãe a levou para o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) para começar um tratamento contra seu vício. O processo de recuperação foi longo e até hoje Sheilla continua em tratamento.

A experiência a marcou profundamente, mas também a transformou. Ela aprendeu da pior forma possível que não existe dinheiro fácil. A promessa de uma vida melhor por meio das apostas é uma mentira que destrói vidas. O vício em apostas online, como o que Sheilla enfrentou, é um problema crescente no Brasil, onde o mercado de apostas movimenta mais de R$ 100 bilhões por ano, superando até mesmo o consumo de segmentos tradicionais do varejo.

A facilidade de acesso a essas plataformas e a promoção constante nas redes sociais, muitas vezes feita por influenciadores, criam uma ilusão de que é possível mudar de vida com um simples clique.

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Mas essa falsa promessa arrasta muitas pessoas para o endividamento, levando-as a situações extremas, como o que Sheilla enfrentou. Ela agora dedica parte de sua vida a conscientizar outras pessoas sobre os perigos do vício em jogos de azar. Que sua história sirva de alerta.

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