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Celesty Suruí: conheça a primeira barista indígena do Brasil

Natural da aldeia Lapetanha, em Rondônia, a jovem de 22 tem mudado a realidade de seu povo através do café

Por Marina Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
26 abr 2024, 09h00
Celesty Suruí é a primeira barista indígena do Brasil
Celesty Suruí é inspiração para jovens da etnia Paiter Suruí, grupo indígena que vive nos estados de Rondônia e Mato Grosso (Pi Suruí/Divulgação)
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O café sempre esteve presente na vida de Celesty Suruí, mas ela nunca imaginou que ele pudesse transformar tanto a sua vida.

Natural da aldeia Lapetanha, próxima ao município de Cacoal (RO), a jovem de 22 anos viu sua comunidade crescer em torno da plantação do fruto. A região faz parte das muitas aldeias da terra indígena Sete de Setembro, que pertence ao povo Paiter Suruí.

Trazido pelos colonos em 1969, o café apareceu por lá junto ao primeiro contato da etnia com pessoas não indígenas. Foi com a demarcação do território e a retirada dos colonos, em 1983, que os cafezais herdados dos antigos invasores foram reflorestados e se tornaram a primeira experiência mercantil do povo dessa etnia.

A complexidade do café faz dele um fruto desafiador. Por esse motivo, a aldeia se limitava às etapas iniciais do processo: colheita, secagem e consumo próprio.

Esse cenário mudou há três anos, quando a COFFEA Trips, empresa de experiências de café no meio urbano e rural, convidou algumas meninas da aldeia para um curso de barista: “Eu achava que mulher não trabalhava com café, mas fomos surpreendidas”.

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Celesty Suruí é a primeira barista indígena do Brasil
Celesty enxergou no café a oportunidade de honrar e representar seu povo (Reprodução/Instagram)

Apesar da beleza dos métodos de extração, o que encantou Celesty foi a oportunidade de honrar seu povo.

“Faltava uma pessoa representando os produtores indígenas. Ali decidi trabalhar como barista.”

Celesty Suruí

Ela seguiu estudando e se aperfeiçoou na teoria e técnicas de preparo, buscou apoio para estágios, até chegar ao título de barista — a primeira indígena em todo o país.

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O resultado foi um crescimento do acesso para seu povo. “Depois que fiz o curso, falei para meus irmãos, que trabalham comigo, que estávamos fazendo o processo de forma errada, precisávamos ajustar, e assim os incentivei”, conta sobre a fase em que pensaram em desistir do plantio do café, pela falta de lucro, e trocar pela produção de banana.

Logo os frutos vieram: no ano passado, a amostra produzida pelo seu povo conquistou o 3ª lugar da premiação Florada Premiada, realizada por uma indústria de café em parceria com a Associação Brasileira de Cafés Especiais.

“No começo foi bem difícil, não tive apoio de ninguém. Até hoje as críticas não pararam, mas sigo persistindo.”

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