Cartão de crédito: Nath Finanças conta como usar sem apertos
A especialista falou sobre o crédito rotativo e deu dicas de como usar melhor essa opção de pagamento
Compreender o funcionamento de taxas e opções de pagamento oferecidas por emissores de cartões de crédito é essencial para tomar boas decisões financeiras. Com a aprovação da Câmara de um projeto que propõe teto para juros rotativos do cartão de crédito, conversamos com a Nathália Rodrigues, a querida Nath Finanças, para entender mais sobre o assunto e te ajudar a não cair em ciladas. Esse tipo de crédito é o mais caro do Brasil, seguido pelo cheque especial, com taxas que ultrapassam 200% ao ano.
Consumidores que estão cientes das implicações financeiras do crédito rotativo estão em uma posição melhor para tomar decisões responsáveis em relação ao uso de seus cartões de crédito, evitando dívidas excessivas e trabalhando para manter sua saúde financeira a longo prazo. Portanto, a educação sobre esse tema desempenha um papel crucial na gestão financeira pessoal e no bem-estar financeiro.
Como funciona o crédito rotativo?
Nessa opção de pagamento, os juros são calculados sobre o saldo remanescente não pago, e essa taxa costuma ser consideravelmente mais alta do que a padrão para compras feitas com o cartão de crédito. Os titulares de cartões podem continuar usando o crédito rotativo mês após mês, desde que façam pelo menos o pagamento mínimo da fatura. No entanto, é importante notar que o crédito rotativo pode se tornar caro rapidamente devido aos juros acumulados.
“Os bancos até poderiam emprestar dinheiro para uma pessoa, só que a forma como é feita no Brasil é completamente absurda. A pessoa não consegue arcar com aquele custo quando ela deixa de pagar”, explica Nathália. O crédito rotativo oferecido pelos emissores de cartões muitas vezes acarreta em taxas de juros significativamente elevadas. Saber como esses juros são calculados permite que os titulares de cartões avaliem o impacto financeiro de manter um saldo não pago e busquem alternativas mais econômicas, como o pagamento integral da fatura.
Ela conta também sobre outro problema ligado a isso: uma movimentação, vinda dos comerciantes, em buscar o fim do parcelamento sem juros. “É engraçado porque as pessoas pobres só conseguem ter acesso às coisas se forem parceladas. Para comprar uma geladeira que custa mais que o salário mínimo ou um fogão, como é que a pessoa faz? Pobre não tem que ter só coisas usadas ou mais baratas, é desse poder de compra que estamos falando.”
Eliminar o parcelamento sem juros é uma forma de exclusão das pessoas de baixa renda, que frequentemente compõem a base econômica do país. A questão central não reside em oferecer acesso ao crédito, mas sim em garantir que as opções de pagamento sejam acessíveis a todos.
“Com 18 anos, eu recebi um cartão de crédito com um limite maior do que o meu salário e este banco não me ensinou educação financeira, simplesmente me deu um limite e você acha que aquilo é o seu dinheiro. Você pensa: ‘ah, é meu dinheiro eu trabalho por isso e vai passando no crédito’ e criando mais desculpas. Isso vira uma bola de neve”, ressalta a consultora financeira.
O cartão de crédito não é vilão!
Nath frisa a relevância de uma alfabetização financeira. “É importante sim falar sobre o crédito rotativo e como é cobrado. Mas cancelar esse parcelamento sem juros eu não acho justo, não concordo. E além disso, dar acesso ao crédito para as pessoas é muito importante, mas com consciência e ensinando-as como usar. Educação financeira vem para isso, para você não pagar taxas e juros abusivos, você pode ter sua independência e conseguir respirar. Não é só anotar os gastos, sabe? Vai muito além disso”, diz.
Em 2020, o Banco Central limitou o juros do cheque especial, que batia 300% ao ano junto com o cartão. Hoje, gira em torno de 180. “Então eu vejo que o Banco Central poderia sim limitas o juros, porque os bancos fazem a festa. Vamos lá, você esqueceu de pagar a fatura em um mês, passam alguns meses e esse valor aumenta absurdamente. E aí, como você vai pagar? Do que adianta a instituição ser linda, te responder com meme e na hora de pagar a fatura cobrar 15% ao mês?“, pontua a especialista.
Como usar o cartão de crédito de forma saudável?
O cartão de crédito pode ser utilizado de uma forma mais saudável, é importante estabelecer um orçamento, monitorar gastos e evitar gastos impulsivos. Manter um limite de crédito baixo e não depender excessivamente do cartão também são medidas prudentes para garantir que o uso do cartão de crédito não comprometa a saúde financeira pessoal.
“A primeira coisa que é preciso observar quando você faz um cartão de crédito é o juros. Geralmente, cada banco cobra de 12 a 15% ao mês com o atraso na fatura. ‘Ah, Nati, mas eu nunca vou atrasar’. Pode acontecer de um dia você perder o emprego, e aí? Você precisa saber quanto que custa o juro rotativo”, explica.
“Cerca de 70% da população está endividada, então é importante começar a entender sobre educação financeira, pegar um cartão de crédito que não paga anuidade, hoje em dia você não precisa pagar isso, olhar os juros do seu cartão, quanto que custa o parcelamento mínimo da fatura e quais são as formas de parcelamento que existem naquele cartão. Existem vários tipos de juros, o de mora, a multa de atraso e mais, dessa forma, quando acontecer algum problema, você poderá arcar com aquele custo”, pontua. “Ah, outra coisa, não empreste cartão, essa é uma dica de milhões“, completa.
Emprestar o cartão de crédito pode resultar em dívidas não pagas e, consequentemente, no comprometimento do seu histórico de crédito, o que pode levar anos para ser resolvido. Portanto, é importante evitar essa prática para proteger suas finanças pessoais.
Outros mecanismos que Nath comenta é diminuir o limite do cartão, não deixar triplicar o valor do seu salário e esperar um parcelamento acabar antes de começar outro. “Uma das coisas que eu percebo é que as pessoas parcelam uma blusinha, um celular e mais um monte de coisas. Assim, não tem problema nenhum em parcelar, mas essa fatura não será barata. Você ficará meses pagando a mesma coisa. Então, espere terminar o parcelamento ou pelo menos estar faltando um mês para parcela acabar, aí você faz outra compra. É assim, de pouquinho em pouquinho. Querer fazer tudo ao mesmo tempo pode gerar uma bola de neve e você não vai conseguir arcar com aquele custos”, alerta.
Ter um cartão de crédito é uma ferramenta financeira boa quando ele é usado com sabedoria. A educação financeira desempenha um papel fundamental em garantir que o cartão de crédito seja uma vantagem, não uma armadilha. Com conhecimento adequado sobre como funciona o crédito, juros e orçamento, é possível tomar decisões saudáveis e evitar dívidas excessivas.