Brasileiro: povo feliz ou povo triste?
Os dois ao mesmo tempo! É o que aponta o "Tá quente, Brasil", estudo da Timelens que mapeia as tendências de comportamento
Definir uma identidade brasileira para além do futebol e do samba não é simples. Como encontrar, então, o que é tendência de verdade para uma nação tão diversa? A Timelens, consultoria de negócios baseada em dados, parte do ecossistema FutureBrand, mergulhou fundo na questão para descobrir o que está em alta (e faz sentido) para o consumidor brasileiro.
Foram analisados mais de 380 milhões de buscas no Google e 6,7 milhões de perfis nas redes sociais entre janeiro e agosto de 2023 para chegar ao estudo “Tá quente, Brasil”, apresentado na última segunda-feira (23/10).
As contradições deram o tom em todos os setores analisados. Faz sentido. O Brasil é um país de riqueza (10% dos mais ricos detêm quase 59% da renda nacional) e pobreza (que atinge mais da metade da população em nove estados); de orgulho (67% afirmam sentir “orgulho” de ser brasileiro) e de rejeição (76% dos jovens dizem querer deixar o país); de diversidade (57% da população não se considera branca) e de racismo (negros têm 2,6 vezes mais chances de ser assassinados aqui), para mencionar algumas das polarizações.
Os opostos dão o tom das tendências em quatro principais contradições. Afinal, estamos mais para “Brasileiro, povo feliz” ou “Brasileiro, povo triste?” Um pouco dos dois. O micro-movimento batizado de Triste com te(n)são aponta como trend a saúde mental, seja na abordagem bem-humorada de Pedro Vinicio e suas ilustrações de estética peculiar, ou na busca pela dissociação. Rir e aceitar o caos estão on.
Na polaridade “Brasil, país de todos” e “Brasil, país de poucos”, a junção dos extremos se traduz na tendência Invisibilizados (re)vistos. Na prática, isso significa passar do afrofuturismo para o afrocentralismo. Imersões na cultura e na música negra viram celebrações da negritude. Exemplos da tendência que veio para ficar (ainda bem) são a chegada do festival Afropunk na Bahia e o próprio Batekoo, que surge aqui como espaço de valorização da comunidade negra, periférica, urbana e LGBTIA+.
Entre o “Brasil que reforça tradições” e “Brasil que rompe tradições” surge a tendência O tradicional desconstruído, trazendo novos sentidos para a fé, com o avanço da religião evangélica para além dos estereótipos, como mostrou o sucesso da novela Vai na Fé ou o impacto nas redes da jovem Vitoria Souza.
O estudo completo da Timelens, cujo propósito é “decodificar o Brasil para impulsionar negócios à prova de futuro” está disponível aqui.