Parei de tomar café durante uma semana. E não vou tomar nunca mais
É mais difícil do que parece
Certas pessoas são extremamente sensíveis ao café, e sempre achei que fosse uma delas.
Estava na faculdade quando experimentei pela primeira vez, e na sequência liguei para minha mãe achando que estava tendo um ataque de ansiedade. Não suspeitei da cafeína. Só achei que estava tendo um piripaque. Claramente, era pura inexperiência.
Acabei me acostumando com o efeito estimulante do café e passei a curtir uma xícara diária, sem falar na ajuda na digestão e na leve redução do apetite que ele proporciona.
Somem-se a isso as pilhas e pilhas e pilhas de pesquisas sobre os benefícios do líquido negro e pode-se dizer que eu queria que o café funcionasse para mim.
Comecei tomando uma xícara bem pequena de café preparado na prensa francesa. Depois, evoluí para um copo de 600 ml no Starbucks, a caminho do trabalho. Mais ou menos nessa época, percebi que não estava me sentindo muito normal.
Não dormia bem e estava sempre cansado, o que pode acontecer com amantes do café, mas em geral está associado a tomar café no fim do dia.
Tomava o meu cedo, mas suspeitava que minha sensibilidade extrema à cafeína fosse a responsável. Também estava mais estressado e ansioso, o que pode estar associadoao café para um pequeno número de pessoas, embora as pesquisas não sejam conclusivas a este respeito.
Nunca me considerei um viciado em café, mas estava começando a achar que meu café matinal era demais para mim. Então decidi parar por uma semana para ver se me sentia melhor. No fim das contas, descobri que o café afeta meu corpo e minha cabeça mais do que eu imaginava.
REGRAS
Sem café durante uma semana, só uma xícara no fim de semana – e em um ambiente relaxado.
PREVISÃO
Sabia que sentiria falta do ritual, do cheiro, do sabor e do fato de que conseguia trabalhar horas seguidas no começo do dia sem sentir fome. Também achei que meu intestino não funcionaria tão bem seu meu café de todas as manhãs.
Achei que teria dor de cabeça alguns dias, enquanto meu corpo se ajustava, mas o preço é pequeno diante de noites de sono melhores e refeições em horários mais regrados. E, apesar de esperar me sentir mais lento no primeiro dia do desafio, esperava que minhas decisões se tornassem mais firmes, pois estaria mais descansado e equilibrado.
DIÁRIO
Primeiro dia
Não foi superdivertido, mas também não houve efeitos colaterais mentais, emocionais ou físicos – apesar de me sentir um pouco letárgico.
Segundo dia
Passei batido pelo Starbucks. Não foi fácil.
Terceiro dia
Oficialmente desconfortável. O intestino parou de funcionar ou funcionou mal nos dois últimos dias. Muita dor de cabeça.
Quarto dia
Me sinto melhor. O intestino funcionou de manhã. Também começo a me sentir hidratado com o chá descafeinado. Suspeito que os fluidos estejam segurando a onda do meu apetite.
Quinto dia
Continua tudo bem. Começo a ver os efeitos da hidratação na pele, nos olhos e nos lábios. Me sinto mais esbelto com os fluidos. A dor de cabeça e a névoa mental se foram.
Dormi bem ontem à noite. Me sinto com energia, mas não ansioso, o que parece ajudar no trabalho – produtivo, mas calmo.
Sexto dia
Me sinto super relaxado e centrado. Me acostumei a não ter picos de energia da cafeína, o que também significa que não há vales. O cérebro funciona bem por causa das ótimas noites de sono. Percebo uma capacidade impressionante de pensar nos emails e nas tarefas que tenho de terminar. O corpo está voltando ao estado natural que ele claramente prefere.
Sétimo dia
Sábado. Primeiro café desde que parei. Talvez não devesse ter pedido um grande. Não dormi bem naquela noite, mas me senti OK no dia seguinte.
CONCLUSÕES
Minha conclusão não-científica é que não preciso de café.
Acho que é estímulo demais para mim. Causa ansiedade por causa do pico de energia seguido de uma queda. Acho que desequilibra meu humor e confunde meu apetite de maneira que sinto menos controle sobre o quanto como durante o dia.
Ainda gosto da ajuda digestiva do café, mas acho que condicionei meu corpo a depender dela. Meu corpo pareceu se adaptar de novo depois que parei com o café.
Me sinto menos pilhado no trabalho e prefiro esse jeito que meu cérebro funciona.
E AGORA?
Acho que deveria parar de tomar café, pelo menos todos os dias. Talvez deva curti-lo como as sobremesas – de vez em quando.
Acho que essa é a melhor solução para mim. Mas cada um cada um, claro. Todo mundo funciona de um jeito diferente.
Essa matéria foi originalmente publicada no HufPost Brasil.