Obesidade mata mais do que terrorismo e acidentes de carro
A estimativa é que o sobrepeso tenha contribuído para 4 milhões de mortes em 2015, de acordo com levantamento global publicado neste mês
A obesidade atinge cerca de 10% da população mundial, totalizando 107,7 milhões de crianças e 603,7 adultos. Entre 1980 e 2015, a prevalência de obesos dobrou em mais de 70 países. Esses números são do mais recente e abrangente levantamento sobre a doença, realizado por pesquisadores da Fundação Bill e Melinda Gates, nos Estados Unidos, e publicado neste mês no periódico científico New England Journal of Medicine. A partir da análise de dados de 195 países, foram encontradas pistas importantes sobre a doença.
A obesidade é fator de risco para diversas doenças crônicas, como diabetes e doenças cardiovascular e renal. A estimativa é que o sobrepeso tenha contribuído para 4 milhões de mortes em 2015 — o que representa 7% do total mundial de mortes naquele ano. O número é maior do que a soma das mortes causadas por acidentes de trânsito, terrorismo e Alzheimer.
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Nos Estados Unidos, as mortes ligadas à obesidade caíram nos últimos 20 anos por conta de avanços médicos. No entanto, muitos dos países com elevados índices de crescimento da obesidade, como Mali, Burkina Faso e Guinea-Bissau, contam com sistemas de saúde falhos, incapazes de oferecer tratamentos eficientes e controlar doenças decorrentes.
As mulheres são maioria com obesidade, observada, principalmente, na faixa dos 60 aos 64 anos. Entre os homens, ela é mais comum entre 50 e 54 anos. Embora o número de adultos obesos seja superior, a obesidade infantil têm crescido em ritmo maior. O maior nível de obesidade adulta é encontrado no Egito, representando 35% da população dessa faixa; os Estados Unidos lideram em obesidade infantil, com 13% de crianças e adolescentes obesos.
De acordo com os pesquisadores, mudanças nos hábitos alimentares foram predominantes para o aumento da obesidade no mundo, mais do que o sedentarismo. Isso por que os níveis de atividades físicas começaram a cair bem antes do crescimento da doença, não tendo tanto impacto quanto a transformação da alimentação. “O implemento da disponibilidade, do acesso e da popularização de alimentos altamente calóricos, bem como o intenso marketing dessas comidas, poderia explicar o excesso de energia ingerida e o consequente ganho de peso”, dizem os pesquisadores no estudo. Alimentos de fast-food e industrializados são as principais referência nesse aspecto.
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