Mães com zika dão à luz bebês sem microcefalia em SP
Não há consenso, entretanto, sobre quais razões levam grávidas a terem filhos saudáveis enquanto outros bebês nascem com microcefalia
No interior de São Paulo, um grupo de 55 gestantes que foram infectadas com o vírus da zika deu à luz bebês sem microcefalia. Entre as crianças, 28% nasceram com alguma alteração neurológica, mas os sintomas são muito mais leves do que os detectados em recém-nascidos no Nordeste ou no Rio de Janeiro cujas mães também foram infectadas.
“Não tivemos nenhuma daquelas manifestações gravíssimas que haviam sido vistas antes”, disse à Folha de S. Paulo o virologista Maurício Lacerda Nogueira, da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto), que coordenou o estudo.
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Estudos conduzidos logo no início da epidemia de zika no Nordeste acompanharam 125 grávidas que tinham o vírus no organismo. Cerca de 40% dos bebês nasceram com problemas sérios no sistema nervoso, 7,2% das gestações não chegaram ao fim e quatro crianças nasceram com microcefalia.
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Se por um lado praticamente não há dúvidas sobre a capacidade de interferência do zika na formação do cérebro humano durante a gestação, ainda não há consenso sobre quais razões levam grávidas a terem bebês saudáveis enquanto outros bebês nascem com microcefalia.
Os pesquisadores não acreditam que exista uma diferença genética que explique a maior suscetibilidade das mães e dos bebês nordestinos a zika.
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Uma possibilidade é a presença maior, entre as gestantes nordestinas, de outros fatores que podem levar à malformação fetal, como sífilis ou toxoplasmose. Os pesquisadores também não descartam que fatores como alimentação e estado de saúde das mães possam agravar o problema.