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8 dicas para lidar com o luto durante as festas de fim de ano

As festas de Natal e Réveillon, apesar de divertidas, podem ser um grande gatilho para aqueles que perderam amigos e entes queridos

Por Kalel Adolfo
23 dez 2023, 08h09
Época de fim de ano pode agravar sintomas de luto.  (Mikhail Seleznev (Getty)/Reprodução)
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Por mais que as festas de fim de ano sejam sinônimo de diversão e alegria, muitos têm o sentimento oposto nestas datas — especialmente aqueles estão em luto por alguém especial e, pela primeira vez ou não, estão passando as comemorações sem a presença de quem tanto almejavam a companhia. “É um misto de sensações”, afirma Ana Paula Torres, psicóloga clínica cognitiva comportamental especializada em relacionamentos.

Entre essas sensações, está a tristeza, a angústia e a ansiedade para cumprir metas e expectativas. “O final do ano é comumente visto como um período de reflexão sobre o que foi ou não alcançado. Além disso, a ênfase nas celebrações pode intensificar a sensação de solidão para aqueles que estão distantes de amigos ou familiares”, explica.

Ela pontua que as redes sociais também têm um papel importante neste turbilhão de sentimentos: “A romantização das festividades contribuem para nos compararmos à vida alheia, gerando frustração e decepção”, diz.

Para além de tudo isso, a própria virada do ano é marcada por despedidas e recomeços, o que naturalmente evoca reflexões mais profundas sobre o tempo que passou e o que está por vir: “Todos esses fatores criam essa atmosfera melancólica do NatalRéveillon”, declara.

Dicas para lidar com o luto no fim do ano

1. Convivendo com a saudade

Ana reconhece que lidar com a saudade pode ser algo bastante desafiador, porém, existem estratégias para não permitir que ela domine as nossas vidas, nos paralisando ou impedindo de realizar as mais diversas atividades (como, por exemplo, aproveitar as festividades).

“Emoções e sentimentos fazem parte de quem somos, e o primeiro passo é aceitar o que estamos sentindo e entender que é possível fazer algo a respeito de maneira funcional”, afirma.

Sendo assim, a especialista recomenda que reflitamos sobre o que pode ser feito para amenizar a dor (e que esteja dentro de nossos limites e possibilidades). “Se conectar com novas pessoas e desenvolver laços significativos pode ser uma ótima opção.”

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Além disso, a psicóloga recomenda que, especialmente nestas datas, nos envolvamos em atividades que gerem alegria, bem-estar e novas memórias positivas.

2. Ressignificando as festividades sem a presença de quem amamos

Aqui, Ana sinaliza que não há uma estratégia única (a famosa “receita de bolo”). Contudo, é possível sim utilizar algumas dicas para analisar o que faz mais sentido para as nossas realidades.

O primeiro passo, segundo a psicóloga, é acolher o nosso sentimento: “Esteja atento às suas necessidades emocionais e físicas, permitindo momentos de descanso e relaxamento”.

Em seguida, tente pensar em tudo aquilo que já conquistou, em suas potencialidades e todas as barreiras que já superou em vida, um dia de cada vez.

“O terceiro passo é criar as suas próprias tradições, ainda que seja só. O que você gostaria de fazer e que está ao seu alcance? Pode ser algo simples, mas que seja possível de realizar e te traga motivação e ânimo”, indica.

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A aceitação de que a vida é feita de ciclos também é essencial. “Da mesma maneira que você viveu bons momentos no passado, é possível construir boas lembranças no futuro, ainda que sejam diferentes.”

3. É saudável não comemorar o Natal e Ano-novo?

Para a psicóloga, não há uma recomendação única: “Sei que essa não é a resposta que as pessoas estão procurando, mas, neste ponto, alguns fatores devem ser considerados. Será que a pessoa tem o costume de usar o isolamento como mecanismo de defesa? Sente que não tem habilidade para lidar com situações que despertem algum nível de ansiedade (ainda que saudável)? Está buscando alívio em se esquivar?”, provoca.

Torres explica que, por outro lado, optar por não comemorar o final do ano pode ser apenas uma forma funcional de evitar lidar com possíveis conflitos e desgastes emocionais desnecessários.

“Muitas vezes, nos submetemos ao desagradável apenas para agradar aos outros. É imprescindível refletir sobre suas motivações e necessidades, pois em alguns momentos, precisamos nos priorizar”, aconselha.

Aliás, a especialista afirma que a reflexão central é: qual a probabilidade de você sair dessa comemoração específica pior do que entrou?

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“Se você se sente limitado em obter resposta frente a esse questionamento, o ideal seria realizar essa reflexão com o apoio de um psicólogo.”

4. Se permita sentir e desenvolva planos viáveis

A psicóloga recomenda uma investigação pessoal para compreendermos o que está nos impactando emocionalmente. Depois, é hora de refletir sobre como agir, identificando o que está (ou não) ao nosso alcance.

“Quando algo não está sob nosso controle, o ideal é desenvolvermos a nossa capacidade de aceitação.”

5. Não tenha medo de desabafar

O importante é compartilhar: seja momentos, memórias, tradições, pensamentos ou emoções. “Existem pessoas de sua rede de apoio que te querem bem e estariam dispostas a ouvir o que você tem a dizer sobre seus sentimentos”, relembra a profissional.

Caso não se sinta confortável em falar com alguém próximo, Ana indica buscar grupos de apoio: “Existem muitas pessoas passando por situações similares, e compartilhar isso pode ser uma experiência positiva rumo a ressignificação do luto, principalmente neste momento em que isso se torna mais sensível.”

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6. Não esqueça do autocuidado

Dedicar um tempinho na rotina para realizar algo que nos proporcione relaxamento e bem-estar também é bastante útil: “Pode ser uma série leve que você goste de assistir, um livro, um chá ou um banho quentinho, fazer uma playlist com suas músicas favoritas de conforto, dedicar tempo a algo novo que sempre quis fazer antes… Se sentir necessidade, busque apoio profissional”, reforça.

7. Espaço de homenagem

Para quem perdeu um ente querido recentemente, criar um espaço de homenagem para essa pessoa, mesmo que seja simples e singelo, com uma foto, pode ser extremamente terapêutico: “Escreva uma carta, conte momentos felizes que compartilharam, faço algo que seja compatível com seu estado emocional atual e que você acredite que possa te fazer bem ao relembrar dessa pessoa.”

8. Se desconecte um pouco das redes sociais

Por fim, Ana nos aconselha a preservar o nosso espaço e dar uma desconectada das redes sociais a fim de evitar comparações: “Entenda os seus sentimentos e tenta manejar suas emoções da melhor forma possível, sem pressão.”

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