Esclareça 6 dúvidas sobre febre amarela
De acordo com o Ministério da Saúde, todos devem ser vacinados
O Brasil está enfrentando um surto de febre amarela, segundo o Ministério da Saúde. Somente no estado de São Paulo, já foram registradas 21 mortes decorrentes da variação silvestre da doença, conforme apontou a Secretaria Estadual de Saúde. Além disso, a OMS (Organização Mundial da Saúde) incluiu São Paulo como área de risco.
Mireille Spera, infectologista do Instituto de Neurologia de Curitiba, esclarece as principais dúvidas:
Nós estamos enfrentando um surto de febre amarela?
Sim. Algumas cidades dos estados do Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo estão enfrentando um surto de febre amarela.
Qual é a diferença entre a febre amarela urbana e a silvestre? A que está afetando as pessoas, hoje, no Brasil, é de qual tipo?
Na febre amarela silvestre, os hospedeiros são os primatas não-humanos, ou seja, macacos. Além disso, o vírus é transmitido através da picada dos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Quando o homem que não está imunizado contra o vírus entra na mata para trabalhar ou por motivo de turismo e é picado pelo mosquito infectado, pode retornar à área urbana iniciando o ciclo urbano da febre amarela. O ciclo urbano, por sua vez, é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Atualmente, somente a febre amarela silvestre está ocorrendo no Brasil.
De que forma a doença pode ser transmitida e quais são os sintomas que devemos ficar atentos?
A principal forma de transmissão é através da picada do mosquito infectado pelo vírus. Os sintomas da sua forma mais leve são: febre, dor de cabeça e no corpo (intensa nas articulações), cansaço, náuseas e vômitos. Já a forma mais grave se manifesta através da febre alta, olhos e pele de coloração amarelada (icterícia), inflamação dos rins e do fígado e hemorragias.
O Ministério da Saúde emitiu um comunicado oficial dizendo que está fracionando a vacina. Como funciona esse fracionamento? Isso significa que as doses ficarão mais fracas?
O fracionamento de dose é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) quando há necessidade de realizar a vacinação em larga escala. Utiliza-se um quinto da dose habitual, segundo estudos conferindo imunidade por um tempo inferior à vacina habitual, que garante a imunidade para toda vida. Este esquema de vacinação foi implantado em 2016 na República Democrática do Congo para lidar com surtos de doenças com sucesso.
De que forma podemos prevenir o aparecimento da febre amarela? Por que se vacinar é importante?
A principal forma de prevenir a doença é através da vacinação. No caso de pessoas que vão viajar para áreas de risco, é importante que a vacina seja tomada pelo menos 10 dias antes da viagem. Aqueles que residem em áreas de risco e que não apresentem contraindicações também devem ser vacinados.
Segundo o Núcleo de Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, não podem tomar a vacina contra a febre amarela:
- Crianças menores de 6 meses de idade;
- Pessoas que possuam deficiência no sistema imunológico;
- Pessoas portadoras de HIV;
- Pessoas que estejam submetidas a tratamentos com medicamentos corticosteróides, quimioterápicos, radioterápicos e imunomoduladores;
- Pessoas que foram submetidas a transplante de órgãos;
- Pessoas com histórico de choque anafilático a substâncias que estão presentes na vacina como ovo, gelatina bovina etc.
O uso de repelentes também é importante como medida adicional e o combate aos focos de mosquitos nas áreas urbanas.
Como funciona o tratamento? A febre amarela pode matar? Há cura?
Não existe tratamento específico para o vírus da febre amarela, somente o controle dos sintomas. As formas leves e moderadas evoluem para cura e as formas graves apresentam uma mortalidade que pode variar de 20 a 50%.