Enxaqueca: por que mulheres são mais propensas e como aliviar os sintomas?
Mulheres apresentam três vezes mais risco de ter crises de enxaqueca do que os homens.
Quase todas as pessoas têm dores de cabeça de vez em quando – são raríssimas as sortudas que nunca tiveram uma –, mas se essa sensação ruim vem acompanhada de dores nos olhos e no pescoço, sensibilidade à luz, náuseas e vômitos e uma pressão na cabeça, é muito provável que se trate de um caso de enxaqueca. Médicos e médicas especialistas em neurologia, em clínica geral ou em dor podem fazer esse diagnóstico e encaminhar o tratamento adequado.
Agora vamos a um dado chato, mas importante sabermos para ficarmos atentas aos sintomas: nós, mulheres, somos três vezes mais propensas a ter enxaqueca do que os homens. Isso é comprovado pela experiência clínica de médicos e também por um estudo realizado pelo Centro de Nutrição Clínica da Universidade de Newcastle, no Reino Unido. A causa está nos hormônios.
Myrna Campagnoli, endocrinologista do Salomão Zoppi Diagnósticos, esclarece que existem quatro tipos de enxaqueca: alimentar, motivada por privação do sono, por estresse e hormonal. Nas três primeiras, a incidência é igual em homens e em mulheres; é na última, hormonal, que a diferença é gritante e causa esse desequilíbrio que aponta termos o triplo de risco de sofrer crises da doença.
“O responsável por isso é o estrogênio, o hormônio feminino. A queda dele no organismo é um gatilho fortíssimo para a enxaqueca”, explica a médica. “Ao longo do ciclo menstrual, a presença de estrogênio oscila no organismo. Quando a mulher está chegando perto da menstruação, a tendência é essa queda e, se houver uma predisposição, poderá ocorrer uma crise de enxaqueca.”
Há, ainda, o agravante de a queda de estrogênio aumentar a vontade de comer doces – aquele chocolate redentor na TPM, sabe? –, e adivinha só? O excesso de açúcar no sangue também aumenta o risco de enxaqueca.
O estudo feito pela universidade do Reino Unido também verificou o aumento de incidência de enxaqueca nas mulheres na menopausa, justamente por causa da queda na produção de estrogênio.
Como identificar a enxaqueca antes de ir ao médico?
Além dos sintomas que mencionamos no começo da matéria, a enxaqueca uma característica que a torna inconfundível, como explica André Mansano, especialista em medicina da dor: “Os pacientes podem apresentar o fenômeno de aura, que usualmente antecede o quadro de dor de cabeça. Ele causa alterações visuais como o surgimento de pontos brilhantes ou escuros na visão.”
No que diz respeito ao funcionamento do corpo, ele afirma que “acredita-se que as crises ocorram em razão da dilatação dos vasos sanguíneos cerebrais.”
Como tratar a enxaqueca?
O tratamento para enxaqueca deve ser encaminhado por um médico especialista, mas, para aliviar os sintomas, Myrna recomenda o uso de ativos naturais, como o óleo de prímula, e muita ingestão de água. “A desidratação piora as dores de cabeça”, justifica.
Ela diz, ainda, que muitos casos de enxaqueca hormonal podem ser resolvidos com o uso de pílulas e implantes hormonais, mas o tipo e a dosagem devem ser determinados caso a caso. “Há quem piore com pílulas que contenham estrogênio e precise partir para as versões que tenham apenas progesterona. Só com um exame individualizado é possível determinar qual é a melhor para cada mulher”, finaliza a endocrinologista.