Endometriose: tudo o que você precisa saber sobre a doença
Cerca de 175 milhões de mulheres ao redor do mundo possuem o problema
Infertilidade, dores durante a relação sexual, cólicas menstruais intensas e fluxo irregular são alguns dos sinais da endometriose, doença que atinge mais de 176 milhões de mulheres no mundo. Apesar de afetar tantas pessoas em idade reprodutiva, seu diagnóstico costuma demorar cerca de 7 anos, por conta da falta de informação, de falhas na detecção da doença ou até por procurar o problema somente quando está tentando engravidar. Neste Março Amarelo, mês da conscientização sobre a doença, te explicamos mais sobre os sintomas, diagnósticos e tratamentos.
O que é endometriose?
A endometriose é uma doença inflamatória que acontece quando o endométrio, tecido que reveste o útero por dentro, fica fora do útero, como nos ovários, no intestino ou até mesmo na bexiga, de acordo com o médico especialista em reprodução humana Rodrigo Rosa. “O endométrio, vale lembrar, é o espaço para o embrião se desenvolver, para a gravidez acontecer.” Quando não há fecundação, ele é eliminado pelo organismo através da menstruação.
A presença de células do endométrio fora do útero chama atenção do sistema imunológico, que se mobiliza e, então, causa o processo inflamatório, explica. “Assim, quanto mais a mulher menstrua, mais células do endométrio caem na cavidade pélvica e mais o sistema imunológico faz o processo inflamatório. É uma doença benigna, mas com caráter progressivo.” Mulheres com histórico familiar de endometriose têm mais chances de ter o problema.
Classificação
A endometriose pode ser classificada como superficial, também chamada de peritoneal, ou profunda, segundo Fernando Prado, que é ginecologista obstetra e membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). “No primeiro caso, ela atinge os órgãos mais superficialmente, com focos pequenos, que formam nódulos. Já a profunda, atinge os órgãos mais expressivamente.”
Sintomas da endometriose
Os sintomas podem ser diferentes de acordo com a paciente, mas os mais comuns são cólicas durante a menstruação, sangramentos anormais, dispareunia, que é a dor durante ou depois da relação sexual, e infertilidade, aponta o profissional.
“A cólica acontece por fatores inflamatórios. Como o endométrio está fora do lugar, ele pode gerar aderências na pelve e liberar substâncias que provocam dor”, esclarece a médica. A infertilidade também é resultado dessas substâncias, pois elas podem atrapalhar o transporte de gametas dentro do sistema reprodutor feminino, piorar a qualidade do óvulo, matar os espermatozoides, atrapalhar a implantação do embrião, entre outros, continua Fernando.
Endometriose e reprodução
Mulheres com endometriose têm mais dificuldade para engravidar, pois a doença interfere nas diversas etapas do processo de fecundação, afetando a qualidade de óvulos, espermatozoides e embriões, e podendo atrapalhar a captação do óvulo pelas tubas uterinas, além de alterar hormônios durante a ovulação que impactam no resultado final, lembra o ginecologista.
A paciente que possui endometriose e deseja engravidar no curto prazo deve fazer exames ginecológicos. Caso esteja tentando há muito tempo, precisa buscar as melhores possibilidades para o seu caso a partir das recomendações de seu médico. Se houver o desejo pela gravidez somente no futuro, considerar congelar óvulos pode ser importante, pois as mulheres com endometriose possuem uma reserva ovariana menor, pontua Rodrigo.
Diagnóstico da endometriose
Imagina passar grande parte da sua vida com uma doença sem saber que você a tem. Isso é bem comum quando falamos em endometriose. “O diagnóstico dela é difícil, pois existe um senso comum de que é sempre normal as mulheres terem cólicas no período menstrual, sendo que esse é um dos principais sintomas”, afirma Fernando. O problema é que é superimportante ser diagnosticada precocemente, a fim de prevenir dores, infertilidade e prejuízos à vida sexual da pessoa.
A descoberta é feita a partir do exame físico, depois dos exames laboratoriais e de imagem. Por meio de uma cirurgia, uma parte do tecido da endometriose é retirado como biópsia. Por fim, o médico classifica o grau da doença com base no sistema da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva.
Tratamento de endometriose
Por se tratar de uma doença crônica, não há cura. Mas há a opção de realizar uma cirurgia que remove as lesões causadas pela doença, normalmente indicada para casos classificados como profundos, diz Fernando. Também é possível prescrever medicamentos, que inibem alguns hormônios produzidos durante o ciclo menstrual. “Dessa forma, a mulher entra em uma menopausa química, não podendo engravidar, além de ter diversos sintomas adversos, como secura vaginal, calor e insônia”, comenta.
Outra opção é o uso de analgésicos ou anti-inflamatórios, além de tratamentos clínicos, estes últimos normalmente são reservados a casos mais leves. Alimentação balanceada e prática regular de exercícios físicos também ajudam, pois liberam endorfina.
Existe prevenção?
Não existe prevenção para a parte genética, mas as mulheres podem controlar fatores ambientais e hábitos de vida, comendo adequadamente e fazendo atividades físicas. O diagnóstico precoce também é visto como forma de prevenção.