Quando ela ainda estava se formando em medicina, no final dos anos 1980, o mundo foi surpreendido por um novo (na época absolutamente letal) vírus: HIV. Para piorar o cenário, ao dar luz à sua primeira filha, Deborah Birx precisou de transfusão de sangue. Em 1983, não havia ainda noção da existência do HIV, portanto nenhum dos cuidados hoje tão triviais eram realidade. Ao ouvir que precisaria de transfusão, Birx conseguiu dizer apenas uma coisa antes de perder a consciência: “não deixem que façam a transfusão”, ela gritou para o marido. Contra a orientação dos médicos, ele ouviu sua mulher, impedindo o procedimento. Birx já tinha lido sobre o estranho vírus e que a transmissão acontecia pelo sangue. Seu grito salvou sua vida. Após acordar – viva e mãe de uma menina -, o sangue que ia receber foi testado. O resultado para HIV foi positivo.
Deborah Birx já confrontou enigmas da saúde que a ciência conseguiu controlar, mas não ainda erradicar. Por isso, ela é considerada um dos fortes nomes para conseguir frear a pandemia que está unindo o mundo no pior dos sentimentos: o pânico.
Quando AIDS surgiu matando tantas pessoas, Birx colocou sua tristeza como o motivador para mudar o cenário de desolação. “Quando você estuda medicina e está nos anos 1980 e tem toda essa tecnologia e habilidade para diagnosticar tudo, quando você não apenas não conseguia fazer o diagnóstico mas tampouco sabia qual era o problema e como tratá-lo, era devastador”, ela disse em uma entrevista no ano passado.
No meio acadêmico e médico, Birx ganhou respeito e passou a ser referência. Pode-se dizer que sua dedicação de parar o HIV e a AIDS salvou milhões de vidas. Por isso é tão importante que ela tenha comprado a briga contra o Covid-19. Birx foi destacada pelo Governo Americano para ser uma das 3 pessoas para encontrar uma resposta rápida para a pandemia do coronavírus.
Quando se trata de escolher, a médica e militar, que fez parte da equipe de Saúde do Governo Obama, não tem partido. Ela quer salvar vidas e é o que importa. Na administração de Barack Obama ela estava à frente do programa contra a AIDS e, segundo dados do Governo americano, conseguiu salvar algo em torno de 17 milhões de vidas. Como o ex-vice secretário de estado dos Estados Unidos, John Kerry disse uma vez: “ao saber da existência do vírus a fez pensar não apenas nos perigos da nova doença, mas sobre a responsabilidade que ela tinha de lutar contra ela”, ele disse.
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A luta não veio sem sacrifícios
“Eles morreram com tanta coragem e tanta vontade de tentar coisas novas, sabendo que não os salvaria mas que poderia ajudar ao próximo. Eu nunca vi o mesmo grau de altruísmo no meio de tantas mortes e desespero, vindo dos próprios pacientes”, ela disse em entrevista.
Foram 20 anos na pesquisa e contribuição para reduzir a mortalidade do HIV. Mesmo que isso significasse enfrentar o governo do seu país, ir contra decisões de superiores ou políticos. Para Birx, a luta era pela vida. Ponto. Birx é uma líder reconhecida por sua coragem. Saber que ela que comprou a luta contra o coronavírus foi celebrado nos Estados Unidos porque acreditam que ela possa fazer a diferença. O mundo espera a mesma coisa.